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Navegando pelas mudanças: 3 fatores para o posicionamento de investimento de longo prazo

Novo momento do mercado requer análise especializada, insights diferenciados e estratégias de investimento proativas para capitalizar as oportunidades
Por  Ali Dibadj -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

O mundo está mudando e, com ele, os mercados financeiros. O novo ambiente será muito diferente daquele dos últimos tempos, e a transição apresentará desafios para os investidores, principalmente para aqueles que não têm experiência com várias realidades de mercado. Mas a experiência nos diz que, apesar de a mudança trazer riscos, ela também traz oportunidades interessantes para gerar resultados financeiros superiores para aqueles que a abordam da maneira correta.

Navegar pelas mudanças requer análise especializada, insights diferenciados e estratégias de investimento proativas para capitalizar as oportunidades. Haverá tendências de curto prazo, mas igualmente importantes são as mudanças estruturais que deverão alterar o cenário de investimentos na próxima década ou além. Ao avaliar o posicionamento do portfólio, acreditamos que os investidores se beneficiarão ao considerar três fatores macroeconômicos de longo prazo, de certa forma imutáveis.

1. Realinhamento geopolítico

Havia muito tempo que as mudanças em nível geopolítico não eram tão dinâmicas. O equilíbrio de poder entre continentes e países está mudando, às vezes com consequências profundas. Esse realinhamento tem implicações significativas para a economia, o comércio global e as cadeias de suprimentos que o viabilizam.

Dados da Economist Intelligence Unit mostram um aumento acentuado da ameaça representada pelas tensões internacionais nos últimos 15 anos. Em 2009, cerca de 40% das regiões geográficas enfrentavam “nenhuma” ou “baixa” ameaça de disputas internacionais; atualmente, essa proporção está próxima de 20%.

Para os investidores, o impacto dessa mudança tem várias camadas, e será importante avaliar as oportunidades por meio de lentes macro e micro. Compreender o ambiente em que as empresas operam – e se o cenário geopolítico é favorável à empresa e ao setor – é mais importante do que nunca, quase tão importante quanto analisar a própria empresa. Por exemplo, à medida que as cadeias de suprimentos se movimentam, a demanda por energia também se movimenta, impactando os portos, os fornecedores domésticos de energia, as empresas de transmissão, as regulamentações governamentais e muito mais. A geopolítica afeta todas as classes de ativos e os investidores precisarão pensar de forma holística ao se posicionarem para a mudança, a fim de navegar pelos efeitos indiretos das disputas internacionais, da transferência de tecnologia, onshoring e dos ajustes na cadeia de suprimentos.

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2. Fatores demográficos

Embora a mudança esteja ocorrendo em nível global, também há mudanças na forma como as pessoas vivem, no que elas consideram importante e nos produtos e serviços que consomem. As respostas à pandemia da Covid-19 aceleraram essas mudanças, e o ritmo não está diminuindo.

Em um extremo da balança, cerca de 40% da população dos EUA são atualmente millennials (nascidos entre 1981 e 1996) ou geração Z (nascidos entre 1997 e 2012), sendo que esse grupo demográfico representa um número maior em outros países. Essas gerações estão impulsionando novas formas de pensar, operar e consumir, principalmente em nível digital e tecnológico. No outro extremo, as populações de todo o mundo estão envelhecendo, aumentando a demanda por assistência médica, e o setor está respondendo com inovação e avanços médicos, como vacinas mRNA e diagnósticos de ponto de atendimento, que oferecem oportunidades de investimento.

Paralelamente, após a Covid, as barreiras entre casa e trabalho se tornaram mais tênues, impulsionando tendências como cidades inteligentes moldadas pela inteligência artificial e criando demandas imobiliárias. A urgência em relação à mudança climática difere de acordo com a região, mas é especialmente evidente nos grupos demográficos mais jovens. A mudança resultante nas expectativas e preferências de consumo está levando muitas empresas a interessantes inovações.

Essas mudanças na vida cotidiana refletem no que os investidores consideram ser as oportunidades mais atraentes para os próximos anos. Uma recente pesquisa da Janus Henderson entre investidores dos Estados Unidos mostrou que eles estão focados no futuro com a tecnologia, a IA e a saúde sendo os principais focos de investimento.

Ao investir nesses temas e segmentos de mercado, é essencial diferenciar tendências exageradas com viabilidade questionável dos modelos de negócios e tecnologias inovadoras que podem levar ao poder de precificação, às barreiras de entrada e às vantagens competitivas necessárias para um potencial genuíno de retorno de longo prazo. Os investidores podem se beneficiar de abordagens baseadas em pesquisas aprofundadas e do trabalho com gestores de ativos experientes, com a capacidade de navegar por ciclos de exageros e criar portfólios para um mundo em transição.

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3. O retorno do “custo do capital”

Na última década, o fato de uma organização ter um modelo de negócios bom ou ruim era, mais ou menos, irrelevante; o capital barato estava imediatamente disponível para apoiar até mesmo os negócios mais inviáveis. O custo de capital mundial aumentou significativamente em um curto período. O retorno das taxas de empréstimo mais altas mudou drasticamente o cenário para as empresas, com o financiamento muito menos acessível e os investidores mais criteriosos quanto à escolha de onde alocar o capital.

Em nível corporativo, está expondo as empresas mais fracas, como se viu com as falências bancárias dos EUA no primeiro semestre de 2023, e levando a uma maior dispersão entre vencedores e perdedores. Também está criando volatilidade no mercado e oportunidades de precificação incorreta. Os mercados públicos e privados são um exemplo disso. Especialmente no setor imobiliário, os mercados públicos viram suas avaliações corrigidas, enquanto os mercados privados ainda não se ajustaram totalmente. Além disso, com taxas mais altas, surgem rendimentos mais atraentes, o que trouxe a renda fixa de volta ao primeiro plano.

Ao mesmo tempo, uma quantidade significativa de dinheiro está atualmente parada. Os ativos do mercado monetário nos EUA quase dobraram nos últimos cinco anos, pois os investidores optaram por reduzir o risco e/ou aproveitar as taxas mais altas disponíveis.

É provável que o custo do capital permaneça mais alto do que na história recente, mas as taxas agora devem estar próximas de seus picos e podem começar a cair. Isso reduzirá a atratividade de manter dinheiro em caixa e provavelmente vai gerar realocações para o potencial de geração de retorno de ativos de risco cuidadosamente selecionados.

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Essa combinação de maior dispersão entre os que “haves” e os “have nots“, juntamente com o potencial de realocações para ativos de risco, sugere que entramos em uma era adequada para estratégias de investimento ativamente gerenciadas. Durante grande parte da última década, os retornos foram impulsionados por dinheiro barato e os mercados acionários em geral subiram, o que se adequou a estratégias passivas, baseadas em índices e private equity sem discernimento.

No entanto, é provável que a mudança do cenário macroeconômico dê início a um ambiente mais adequado para os selecionadores de ações, pesquisas diferenciadas e uma abordagem seletiva para a alocação de ativos. Esse é um ambiente que exige investimentos na classe certa de ativos, nos títulos certos e operando no cenário certo.

Ali Dibadj Diretor Executivo da Janus Henderson Investors, onde também atua como membro do Conselho de Administração

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