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ETF de Bitcoin à vista!

Enquanto o vento da mudança sopra e as folhas das árvores da inovação se agitam, resta-nos olhar para o futuro com uma ponta de ironia e outra de expectativa
Por  Ingrid Barth -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros connoisseurs de inovações financeiras e ávidos espectadores da tragicomédia monetária, regozijem-se! Pois os alquimistas dos tempos modernos conseguiram finalmente transubstanciar o volátil e evanescente Bitcoin em um respeitável ETF à vista! A Securities and Exchange Commission (SEC), essa austera guardiã do mercado de capitais estadunidense, assentiu com um nobre aceno de cabeça, digno de uma rainha em sua delicadeza, aprovando ETFs que, fugidios como o próprio Bitcoin, tentaram conquistar seu coração por praticamente dez anos. Tal como Romeu ansiando por sua Julieta, os pleiteadores dos ETFs persistiram até que o amor fosse correspondido.

Quando o sino da Bolsa de Valores tocar neste auspicioso amanhecer de negociações, vivenciar-se-á um matrimônio há muito aguardado. A legitimidade outrora negada através de múltiplos bailes regulatórios agora foi concedida. E os ETFs surgirão, majestosamente, das cinzas da especulação para a realidade do mercado – uma fênix flamejante adornada com as penas de um investimento mais acessível.

Os impactos dessa benevolente autorização se estendem para além do reino da águia-de-cabeça-branca, planejando um pouso gracioso nas terras férteis do Brasil, onde os investidores conversam animadamente no cafezinho sobre como essa notícia pode adoçar a paixão tupiniquim pela criptomoeda. Os ETFs à vista, visíveis agora pelo telescópio do investidor comum, prometem democratizar o acesso ao ouro digital sem a necessidade de adentrar os esotéricos domínios das carteiras digitais e das chaves criptográficas – um pesadelo menos assustador do que o Mapinguari para os incautos.

Assim, os mercados globais se veem diante de uma incontável gama de possibilidades, um verdadeiro buffet de investimentos no qual o Bitcoin, outrora uma iguaria exótica e de gosto incerto, pode agora ser saboreado com a sofisticação de talheres de prata, em vez de ser pinçado com os dedos em dúvida e com desconfiança.

E quiçá, caros leitores, enquanto observamos esses ETFs desfilando pelo tapete vermelho de Wall Street, algumas almas mais cínicas poderiam suspirar e sussurrar: “oh, quão longínquos parecem os dias de anarcocapitalismo digital!”. Agora, até mesmo avós de cabelos prateados poderiam, entre um torneio de bridge e um chá das cinco, perguntar sobre o rendimento do Bitcoin no jantar de domingo.

Por fim, enquanto o vento da mudança sopra e as folhas das árvores da inovação se agitam, resta-nos olhar para o futuro com uma ponta de ironia e outra de expectativa: que novas façanhas os magos financeiros reservam para o nosso próximo ato? E, nesse grande teatro da economia, quem, afinal, terá a última risada? Algo nos diz que ela ressoará em um tom de Bitcoin.

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Ingrid Barth Primeira presidente mulher da Associação Brasileira de Startups (ABStartups) e membro do conselho deliberativo do Open Banking do Banco Central do Brasil. É cofundadora e COO do banco digital Linker.

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