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O ciclo de alta de juros e os novos ventos para a renda fixa: entenda o impacto nos investimentos

Quais as melhores opções de investimento em momentos em que o Banco Central sobe as taxas de juros?
Por  Camilla Dolle -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Ao ouvir falar sobre renda fixa, não raro nosso cérebro traz a imagem de um “bancão” e suas alternativas tradicionais e conservadoras.

Produtos indexados aos juros básicos, que nem sempre são boas opções para quem está investindo. Está mais do que na hora de mudar esse pensamento e conhecer melhor essa classe de ativos.

Como sabemos, em uma economia de taxa básica de juros muito elevada, até os investimentos de risco mais baixo pagam boas rentabilidades. Ou seja, não há incentivo para sair da zona de conforto, buscar mais informação e procurar alternativas mais rentáveis.

Por conta desse nosso histórico recente de altas taxas, ficou então consolidado na “cultura” do investidor brasileiro que “renda fixa = CDI”.

Apesar de o contexto do passado ter influência no comportamento e nas crenças atuais dos investidores, é preciso se ajustar ao cenário atual e entender o que esperar para o futuro.

Só assim é possível buscar as melhores alternativas para o longo prazo (aquele horizonte que devemos focar ao pensarmos em investimentos) e impulsionar os rendimentos de forma sustentável.

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Após um período de quase seis anos de cortes consecutivos na taxa básica de juros, o Banco Central voltou a subir a Selic em março deste ano, com indicações de que novas elevações ocorrerão ao longo de 2021 e 2022, incluindo na próxima reunião do Copom, que acontece nesta semana

Com isso, o cenário para os investimentos em renda fixa já não é mais o mesmo de um ano atrás, quando as expectativas para o rumo da Selic eram justamente opostas.

Quais as melhores opções de investimento em momentos em que o Banco Central sobe as taxas de juros?

Em períodos como estes, os ativos que acompanham a Selic (ou seja, que tenham como rentabilidade um percentual da taxa) se beneficiam, quando pensamos em mantê-los durante todo o prazo até seu vencimento.

E é este o cenário em que estamos no momento – de volta da preferência pelos ativos pós-fixados.

Além dessa possibilidade de ganhos maiores com o passar do tempo pelo simples fato de a remuneração do ativo acompanhar a elevação da taxa de juros, já foi visto anteriormente um movimento interessante que pode se repetir: em períodos que precedem movimentos de alta na Selic, a curva de juros perde inclinação.

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Isso significa que diminui a diferença entre as expectativas do mercado para os juros de prazo mais longo em relação aos de curto prazo.

O efeito disso para os investidores de renda fixa é que seus investimentos prefixados ou atrelados à inflação se valorizam, como resultado de um mecanismo chamado “marcação a mercado”.

Ou seja, mesmo quem tem Tesouro Direto Prefixado ou IPCA+ pode ter ganhos muito relevantes em caso de resgate do título antes do vencimento por causa desse efeito.

Para citar um exemplo recente, o Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045 valorizou cerca de 21% entre o começo da pandemia no ano passado e hoje (ou seja, em pouco mais de um ano!), como reflexo da redução da inclinação na curva de juros.

Vale mencionar que isso não é uma garantia de que o mesmo resultado ocorrerá no futuro ou na mesma magnitude.

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Por outro lado, o inverso também pode ocorrer em determinados momentos: as expectativas de juros para o futuro se elevarem, devido à percepção de maiores riscos para o Brasil, levando os títulos a desvalorizarem.

Foi o que ocorreu entre o começo de 2020 e o final de março daquele ano: o mesmo Tesouro IPCA+ 2045 desvalorizou 22% em apenas três meses.

A trajetória dos investidores pode começar por poupança, CDBs, LCIs e LCAs dos bancos tradicionais, passar para o Tesouro Selic, CDBs de bancos menores, mas ainda com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e chegar aos títulos do crédito privado, as debêntures, os CRIs e os CRAs.

No entanto, como mostrei, ela pode ir além, com o acompanhamento das oscilações das curvas de juros, eventos que levam à valorização (ou desvalorização) dos títulos do Tesouro Direto no curto prazo, proporcionando ganhos (ou perdas) bem antes do vencimento do título.

Ou seja, mesmo títulos vistos normalmente como conservadores podem trazer boas emoções. E há ainda a possibilidade da utilização de instrumentos derivativos para aproveitar um ou outro cenário esperado para a economia.

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São diversas as possibilidades na renda fixa, que vão muito além do CDI – como eu costumo dizer, com o perdão do exagero, “a renda fixa é um universo”. E é isso que quero mostrar neste espaço a partir de agora. Espero que me acompanhem nessa jornada!

 

Camilla Dolle É responsável pelas análises de renda fixa do research da XP, onde começou a trabalhar em 2019. De 2012 a 2018, integrou a equipe de analistas de ratings da S&P Global Ratings, onde cobriu setores como os de infraestrutura, imóveis e utilities. Entre 2018 e 2019, fez parte do time de credit research do banco Santander, onde cobriu emissores de diversos setores, com foco em investidores institucionais. É formada em Economia pela FEA-USP

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