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Traders sem fronteiras: compra e venda de ativos no mesmo dia se espalha pelo país

Traders de ações, dólar e índice não estão só mais nos grandes centros financeiros, mas também em cidades com 20 mil habitantes

Augusto Diniz Rodrigo Petry

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Cerca de 250 traders tiveram um dia de universitários. Reunidos no Mackenzie, em São Paulo, na primeira semana de abril, todos buscavam orientações, conselhos e dicas sobre como operar – e, principalmente, ganhar dinheiro – com day trade. Como estrela e chamariz do evento estava Al Brooks – experiente trader americano e autor de diversos livros sobre o tema. Como “bom professor”, ele foi duro e não passou a mão na cabeça de seus “alunos”:  “1ª meta do trader é parar de perder, depois ganhar consistência”. 

Entre as filas para tirar fotos e pegar autógrafos da “estrela internacional” do trade um fato chamava a atenção: a diversidade de origens e sotaques dos participantes, presencialmente em São Paulo, conforme o IM Trader acompanhou. De Catanduva (SP) a João Lisboa (MA), de Manhuaçu (MG) a fortaleza (CE), eles não mediram esforços – inclusive percorrer mais de 1,2 mil km de carro ou conexões de avião – para passar um “sabadão” de estudos, na classe de aula. 

Segundo dados da Bolsa, cerca de 1 milhão de investidores fizeram alguma operação de compra e venda de ativos no mesmo dia – o que caracteriza o day trade. Desse total, a maioria faz trading com ações, mas cerca de 300 mil opera com minicontratos, seja de dólar ou de índice (que tem como referência a Bolsa). “Vimos esse crescimento, sobretudo, durante a pandemia, e o Brasil está entre os três maiores mercados do mundo em negociação de futuros”, diz Felipe Paiva, diretor de relacionamento com clientes e pessoa física da B3.

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Não por acaso, áreas mais distantes de São Paulo ganham representatividade. Entre 2020 e 2023, a região Norte registrou aumento de 150% no número de pessoas que investem em renda variável, segundo levantamento da B3. Na segunda posição de crescimento está o Nordeste, que, no mesmo período, observou uma alta de 112%. 

Constata-se, portanto, que além dos grandes centros financeiros, o day trade vem atraindo, à distância, operadores nas mais remotas regiões do país.

Day trade: experiências

“Há um público diversificado, mas de pessoas mais maduras; com experiência, mas que já se ‘machucaram’, em algum momento, e querem melhorar a técnica”, conta Felippe Aranha, que organizou o Mestres do Trading, que trouxe também nomes nacionais, como Stormer, “Índio do Pregão”, “Ogro de Wall Street“, Leandro Ross e André Antunes.

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“Geralmente, esses eventos atraem traders que já operam, e buscam, em algum momento, ter a atividade como forma de renda principal”, completa Roberto Indech, chefe de relações institucionais de renda variável da XP.

Quem tem o trading como principal fonte de renda é Michele Alves, que viajou pouco mais de 400 km, de carro, para aprimorar suas estratégias. A entrada dela no day trade se deu por sugestão de seu contador em 2019, após vivenciar perda financeira numa pirâmide. 

Ela conta que trabalhava com propaganda e publicidade e tinha registro profissional de modelo e manequim, atividade que começou na adolescência. “Mergulhei nos estudos. Em 2019, passava horas e horas na tela do computador, olhando gráficos”, diz, lembrando que chegava a dormir em cima do computador. 

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“Passava também horas e horas no simulador para aprender a boletar, ver como o mercado funcionava. Foi um começo bem árduo”, recorda. Hoje, o mercado financeiro é sua única fonte de renda. 

“Viver bem mesmo, do mercado (financeiro), foi há pouco mais de dois anos. O primeiro e segundo ano foram de aprendizagem. Depois de bastante estudo, conhecimento, foco, disciplina e resiliência é que se vai conseguindo manter uma estabilidade”, reforça. 

Dedicação e gerenciamento de riscos são duas características que o trader precisa manter diariamente. “O trade tem que entender o que está dentro de sua capacidade financeira, psicológica, emocional, de tempo. O autoconhecimento é importante”, destaca.

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Al Brooks participa de evento com traders de todo o país. Foto: Divulgação

Do Maranhão, Ceará e Minas Gerais

Outro caso de “paixão” pelo mercado financeiro, como ele mesmo diz, é de Lucas de Souza Silva, que é de João Lisboa (MA), cidade de cerca de 20 mil habitantes e a menos de 15 km de Imperatriz do Maranhão. 

“A possibilidade de fazer o próprio salário, a princípio enche os olhos. Porém, não é uma tarefa fácil, visto que após três anos operando é que consegui a minha tão sonhada consistência”, conta.

Ele relata que no começo perdeu dinheiro, mas adquiriu bastante conhecimento. Até que, em determinado momento, conseguiu ganhar mais do que no emprego antigo. Agora, com 29 anos, diz que conseguiu densidade na operação de trade. 

Sua estratégia se apoia no Price Action com intervalo de tempo de 5 minutos. “O básico já funciona”, afirma. “O diferencial entre o trader perdedor e o vencedor é o money management (gestão do dinheiro)”, afirma.

Na pandemia

José Hernandes de Souza Amaro, de Fortaleza (CE), relata que sempre se interessou pelo mercado de ações, mas tinha dificuldade de acesso à informação, no início dos anos 2000. 

Funcionário de banco, onde chegou ao cargo de gerente, se interessou pelo day trade no início da pandemia, quando passou a trabalhar em home office. 

Com informação hoje bem mais acessível do que era quando despertou para o assunto, ele pôde se desenvolver na operação do mercado. “Minha estratégica é operar os padrões, ensinado na metodologia do Price Action, sempre operando o mínimo de contratos, como exatamente o Al Brooks ensina”, explica

Solidão

Já Lucas Antônio Emerick, é de Manhuaçu, na Zona da Mata mineira. “Decidi fazer trade por liberdade de tempo, de poder trabalhar de qualquer lugar que eu estiver”, justifica. A atuação no day trade lhe permite tirar um dinheiro extra no dia a dia, já que trabalha com peças de automóveis, além de compra e venda de veículos.

Após dois anos operando no mercado diz que tem como estratégia comprar e vender ações com análise técnica de suporte e resistência, e tempo gráfico de 60 minutos, especialmente de futuros do índice. 

Na sua cidade de menos de 100 mil habitantes, Emerick crê que ninguém entende o que faz ou sabe que existe a atividade. “Vivo uma solidão profunda como day trader nesse lugar”, desabafa.

Rede

“A vida do trader é solitária, já que quase não há pessoas, geralmente, no círculo familiar ou de amizade, que opere com mercado futuro”, reforça Indech. Segundo ele, a XP vem realizando ou apoiando eventos, que reúnam traders, em diversas cidades do Brasil, como Recife (PE), Salvador (BA), Goiânia (GO), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR).

Conforme Aranha, “às vezes, é um pequeno detalhe ou insight” que falta para o trader melhorar, por exemplo, o seu gerenciamento de risco; o que traz pessoas de lugares tão distantes a eventos, de imersão de conhecimento. “Aqui, não vendemos fórmula mágica ou ‘setup’ milagroso”, resume.

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