Com disparada do petróleo e da Petrobras, índice de ADRs Brazil Titans destoa de Bolsas americanas e sobe

Barril de petróleo Brent subia 6,66%, para US$ 104,49; já o WTI bateu US$ 101, no maior patamar em sete anos

Equipe InfoMoney

(Spencer Platt/Getty Images)

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Com a B3 novamente fechada por causa do Carnaval, os investidores olham nesta terça-feira (1) para o movimento dos ADRs (ações de empresas de fora dos Estados Unidos negociadas em Nova York) brasileiros. Os desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia continuam influenciando os preços ativos, enquanto os investidores tentam dimensionar o tamanho do problema.

Ontem, o índice Dow Jones Brazil Titans 20 ADR, que reúne os papéis mais negociados das empresas brasileiras no mercado de ações nova-iorquino, começou o dia em baixa, mas inverteu a tendência ao longo da sessão e subiu 0,32% no fim do pregão. Hoje, o indicador abriu em alta. Às 11h38 (de Brasília), avançava 1,65%, aos 19.327 pontos.

O índice de ADRs brasileiros ia na contramão dos principais indicadores americanos: tanto o S&P 500 quanto o Nadaq Composite e o Dow Jones começaram o dia com leves baixas.

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O desempenho era puxado pela disparada dos ativos da Petrobras. Os ADRs PRB da estatal subiam 3,71% às 11h40, cotados a US$ 14,82 cada um. O movimento acompanhava a disparada dos preços do petróleo no mercado internacional.

No mesmo horário, o barril de petróleo do tipo Brent, que é negociado em Londres, subia 6,66%, para US$ 104,49. Já o barril de petróleo do tipo WTI, negociado nos EUA, bateu US$ 101 nesta manhã, no maior patamar em sete anos.

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Alguns investidores em Wall Street apostam que a alta que levou a cotação do barril de petróleo a mais de US$ 105 nos últimos dias é apenas o começo de uma trajetória de elevação. Alguns consideram que a cotação pode se aproximar do recorde de 2008, quando encostou nos US$ 150, devido às limitações globais de oferta.

A Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo mundial, com 11% da oferta/comércio global. E os preços da commodity entraram em disparada desde que os países do Ocidente anunciaram sanções contra a Rússia após a invasão da Ucrânia.

Analistas ouvidos pelo InfoMoney disseram que, a princípio, as ações da Petrobras vão reagir positivamente à euforia dos preços do petróleo no mercado internacional, mas o avanço da commodity pode pressionar ainda mais a estatal em um cenário que já era altista para a commodity com a oferta mais limitada e recuperação da demanda. Com isso, eles têm dado preferência a outros papéis do setor.

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Além da Petrobras, outros ADRs brasileiros subiam nesta terça-feira e impulsionavam o Dow Jones Brazil Titans, como os papéis da Vale, que ganhavam 3,81% às 11h57, cotados a US$ 19,19 cada um. O setor financeiro contribuía para o avanço do índice: o Bradesco subia 1,29%, enquanto o Banco do Brasil tinha ganho de 1,72% no mesmo horário.

Rússia tenta frear investidores

Em mais um episódio da guerra, a Rússia hoje disse estar impondo restrições temporárias a estrangeiros que buscam sair de ativos russos, em uma tentativa de conter um êxodo acelerado de investidores impulsionado pelas sanções ocidentais estabelecidas após a invasão da Ucrânia.

Os ativos russos entraram em queda livre nesta terça-feira, com as ações listadas em Londres MSCI Russia ETF despencando 50% e o maior banco da Rússia, Sberbank, caindo 21% conforme os investidores buscavam uma rota de fuga do país.

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Os principais gestores de recursos, incluindo o fundo de hedge Man Group e o gestor de ativos britânico abrdn, vêm cortando suas posições na Rússia, mesmo depois de o rublo ter caído a um recorde de baixa.

Enquanto as negociações de paz entre Rússia e Ucrânia não parecem andar para frente, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que permitirá a entrada de ucranianos no Brasil através de vistos humanitários. O Brasil já adotou medidas semelhantes em outros casos, como no de imigrantes haitianos e de refugiados sírios e, mais recentemente, de afegãos.

Mundo com maior incerteza

A disparada das commodities e a queda das Bolsas é reflexo de um mundo com maior incerteza, na visão de Paulo Leme, presidente executivo de alocação da XP Private. Em entrevista ao Estadão, o executivo afirmou que a consequência econômica mais “nefasta” da invasão da Ucrânia pela Rússia não está na alta do preço do petróleo e do gás natural, mas na quebra de um contrato de ordem internacional que prevalecia desde o fim da URSS.

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Segundo ele, o prêmio de risco global aumentou e isso pode acabar reduzindo a cooperação internacional e o comércio global. O impacto no Brasil desse conflito pode ser minimizado, porém, se um bom presidente for eleito em outubro, disse o presidente executivo de alocação da XP Private.

“Não vou entrar na discussão política, mas, com um bom presidente, um bom programa econômico, que gere bom relacionamento com o mercado e investimentos, o potencial do País é espetacular.”

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em Nova York, em entrevista à TV Bloomberg, que uma das consequências da guerra pode ser pressões inflacionárias mundiais, em alimentos, grãos, fertilizantes e energia.

Ele afirmou que a economia mundial passa por uma desaceleração, que a guerra pode agravar, mas que o Brasil está “fora de sintonia”, pois está crescendo. “O Brasil está na outra direção”, disse o ministro, para quem o País está em transição de uma economia guiada pelo Estado para uma gerida pelo mercado.

“Até o fim do ano teremos US$ 200 bilhões em compromissos de investimento, em contratos já assinados de investimentos privados”, disse. Ele comparou a “dois Planos Marshall” (o que reconstruiu a Europa no pós-Segunda Guerra) os investimentos em portos, rodovias e setor elétrico.

(Com Reuters e Estadão Conteúdo)

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