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Reformas de Maia sob a batuta do PMDB

Na formação de uma nova base, além de ter que atender aos interesses de integrantes do antigo centrão, caso alçado à presidência da República, o deputado terá a difícil missão de acomodar dentro da lojinha um elefante chamado PMDB
Por  Erich Decat
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Nas discussões em Brasília sobre uma possível substituição de Michel Temer por Rodrigo Maia na presidência da República, muito se fala que, com a manutenção da atual equipe econômica, o novo governo conseguirá avançar na agenda para sanear as contas públicas e se manterá até o próximo ano, quando estão previstas novas eleições gerais.

Mantido esse entendimento e seguindo a promessa de tentar aprovar no Congresso as reformas (Previdenciária e Tributária), Maia até poderia ganhar, num primeiro momento, um respiro e respaldo de alguns investidores e representantes do mercado. O problema é que no campo da política a dinâmica não é tão simples e imediata, e é onde tudo pode travar.

O fato concreto é que um novo governo significa um novo grupo no comando, que virá com seus próprios interesses e sanha por mais cargos dentro da máquina pública. A roda gira e isso é do jogo. Cargos distribuídos em diversos ministérios com atuação na ponta podem ajudar muito no projeto eleitoral de 2018 daquele que foi contemplado, principalmente, com a previsão de redução do financiamento das campanhas.

Por isso, acomodar a nova base aliada e um novo grupo no comando não é algo que se faz da noite para o dia, pode levar semanas, meses. E até esse arranjo ser concretizado, nada anda no Congresso.

Na formação de uma nova base, além de ter que atender aos interesses de integrantes do antigo centrão (PP, PSD, PR, PTB), Maia terá a difícil missão de acomodar dentro da lojinha um elefante chamado PMDB.

Os peemedebistas da Câmara não vão se contentar com as pastas (Esporte, Turismo e Desenvolvimento Social), consideradas de segundo escalão na Esplanada. Até aqui, eles têm sido acalmados pela cúpula do governo com o discurso de que o partido, por estar na presidência da República, deve ceder espaços para os aliados. Essa lógica, contudo, não deverá se manter caso a legenda deixe o Palácio.

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É sempre bom lembrar que o PMDB ainda é o maior partido do Congresso. Somado a isso, caso Maia assuma interinamente a presidência da República, ele terá que conviver com um peemedebista na presidência do Senado (Eunicio Oliveira) e outro na da Câmara (o excêntrico Fábio Ramalho).

Ou seja, na prática, estará nas mãos do PMDB a batuta do Congresso. Caberá ao PMDB ditar o ritmo na votação dos projetos do governo Maia. Tendo em vista as dificuldades do próprio Temer com o PMDB, Maia terá que ter uma habilidade fora do comum para avançar nas promessas, num curto prazo. É possível? Na política, tudo pode ser. Mas uma coisa é certa, quando o calendário bater em outubro, os parlamentares só vão querer saber da eleição de 2018. 

* Erich Decat, há quase 10 anos, atua na cobertura do dia a dia da política em Brasília. Experiência que foi desempenhada em alguns dos principais veículos de imprensa do País. Entre eles: Blog do Noblat/OGlobo; Correio Brasiliense; Folha de S.Paulo. Desde 2013 trabalha na editoria de política do Jornal Estado de S.Paulo. Ao longo desse período realizou reportagens, bastidores, monitoramento e análises de temas que abrangem não apenas à Política como também à Economia e o Judiciário. É formado em jornalismo pelo IESB com curso de extensão em gestão de equipe pela Universidade de Rennes 1, França.

Erich Decat atua há 10 anos na cobertura política diária em Brasília, passando por veículos como Blog do Noblat/OGlobo, Correio Brasiliense, Folha de S.Paulo. De 2013 até 2017 trabalhou na editoria de política do Jornal Estado de S.Paulo. erich.decat@xpi.com.br

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