“Temo que tenha sido a última notícia do namoro do mercado com a Petrobras”, diz Paolo Di Sora, da RPS Capital, sobre megadividendo

Gestores debatem consequências dos resultados eleitorais para bolsa brasileira em episódio do podcast Stock Pickers

Rafaella Bertolini

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Além do resultado trimestral acima do projetado pelo mercado, a Petrobras (PETR3;PETR4) anunciou nesta quinta-feira (3) a aprovação pelo seu Conselho de Administração do pagamento de dividendos no valor de R$ 3,3489 por ação preferencial e ordinária em circulação, totalizando um pagamento de R$ 43,7 bilhões.

Mas, na visão de Paolo Di Sora, sócio-fundador e CIO da RPS Capital, esse foi, ao que parece, o último sinal verde da estatal, que deve ter um desempenho mais “amargo” daqui para frente. “Eu temo que hoje foi a última notícia do namoro do mercado com a Petrobras”, destacou, no episódio 170 do podcast Stock Pickers.

A leitura de Paolo Di Sora se dá após a definição do pleito eleitoral no Brasil, com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência da República. De acordo com o gestor, a tendência para o futuro é ter de um lado os ativos da petroleira baratos, e do outro, notícias “contra os investidores”.

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Em sua conta entram a visão desenvolvimentista de Jean Paul Prates, cotado para presidência da Petrobras, somada às recentes falas da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que discorda do atual valor dos dividendos da empresa e acredita que a companhia deva investir mais em suas refinarias.

Como a RPS Capital está posicionada em Brasil 

Assim, a RPS não tem mais posições nem em Petrobras nem em Banco do Brasil (BBAS3), que na leitura da gestora estão com ações baratas, mas devem permanecer assim durante a gestão Lula. “Eu ponho um peso razoável nas notícias do amanhã, se vão ajudar, ou prejudicar”, diz Di Sora.

Por lá, o momento é posicionar-se em ações que desempenharam bem durante os governos Lula e Dilma, sendo elas as companhias ligadas ao programa “Minha Casa, Minha Vida”, como MRV (MRVE3), CURY (CURY3) e Direcional (DIRR3).

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“Nesse caso o cenário é oposto, os resultados de curto prazo são ruins, porque refletem o cenário anterior, mas achamos que dá para olhar um pouco além do horizonte, pois falamos de programas que vão durar no mínimo mais 4 anos, com potencial de aceleração”, completa.

Além disso, com a mudança de cenário, o CIO da RPS vê a possibilidade de aventurar-se em papéis de consumo, açúcar e álcool e educação, mas de forma conservadora para proteger-se da volatilidade.

Visão mais otimista 

Luiz Paulo Aranha, sócio e gestor da Moat Capital, também entrevistado do Stock Pickers, diz que por lá a visão é mais otimista, visto que “tem o que o governo quer [fazer], e o que o governo pode”. Para o gestor, a maneira como o país está dividido, associado à formação do Congresso, cerceia o grau de liberdade do novo governo. Portanto, ainda que a agenda do novo presidente não seja amigável ao mercado, ela não deve ser inteiramente implementada.

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Além disso, o cenário global mostra-se favorável, pois além dos juros apertando mundo afora, o Brasil se destacou entre os emergentes e, com isso, pode “surfar a onda”.

Olho lá fora 

Por falar em cenário global, a decisão do Federal Reserve de elevar a taxa básica de juros americana em 0,75 ponto percentual, para a faixa de 3,75% a 4% não ficou de fora da conversa. Os gestores comentaram como estão lendo a tentativa de controle da inflação, além de terem comentado também sobre Sabesp (SBSP3), Lojas Renner (LREN3) e o peso das eleições no varejo.

Você encontra tudo isso no episódio 170 do Stock Pickers, disponível no vídeo acima.

Rafaella Bertolini

Editora de redes sociais do Stock Pickers e Do Zero ao Topo. Escreve reportagens sobre empreendedorismo, gestão, inovação e mercados para o InfoMoney.