No Senado, chanceler do governo Lula diz que Israel viola direito internacional

Na Comissão de Relações Exteriores do Senado, Mauro Vieira defendeu o presidente Lula e disse que comparação entre ação militar israelense e Holocausto foi tirada de contexto

Equipe InfoMoney

Antônio Cruz/Agência Brasil

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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta quinta-feira (14), no Senado Federal, que Israel viola o direito humanitário internacional ao não permitir a entrada de suprimentos e alimentos na Faixa de Gaza.

“Sem sombra de dúvida, o bloqueio à ajuda humanitária no contexto atual de fome e falta de insumos médicos em Gaza consiste em uma violação do direito internacional”, disse o chanceler brasileiro. Para Vieira, “o governo do primeiro-ministro de Israel [Benjamin Netanyahu] continua dificultando sistematicamente a entrada de caminhões com ajuda humanitária nas fronteiras com Gaza”.

Mauro Vieira foi ao Senado a convite do presidente da Comissão de Relações Exteriores, senador Renan Calheiros (MDB-AL), para falar sobre a relação entre Brasil e Israel, abalada após as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que o governo de Tel Aviv pratica um genocídio contra o povo palestino. As relações pioraram depois que Lula comparou às ações em Gaza àquelas praticadas por Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial.

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Em sua fala à comissão, o ministro disse que mais de 15 mil toneladas de suprimentos de ajuda humanitária internacional aguardam aprovação do governo de Israel para entrar em Gaza. “O que podemos fazer, e continuaremos a fazer na nossa linha atual, é denunciar a decisão unilateral israelense de bloquear recorrentemente a entrada de ajuda humanitária e seguir trabalhando com os países vizinhos e os organismos internacionais em favor da abertura de corredores humanitários”, afirmou o chanceler.

Vieira confirmou que parte da ajuda humanitária enviada pelo Brasil à Gaza, composta 30 por purificadores de água, foi retida pelas forças israelenses. Ele disse que não sabe o motivo da proibição da entrada desses purificadores. “Há indicações informais de que [o motivo] decorreria do fato de que os purificadores de água sejam movidos à energia solar e contarem com kits voltaicos”, afirmou.

Declarações de Lula

O ministro das Relações Exteriores também comentou a fala do presidente Lula, em viagem à Etiópia, na qual comparou a ação militar israelense em Gaza ao Holocausto contra os judeus praticado pela Alemanha nazista. Segundo Vieira, a declaração foi dada em um contexto de destruição de Gaza, com mais de 31 mil mortos, e violações do direito internacional.

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“É nesse contexto de profunda indignação que se inserem as declarações do presidente Lula. São palavras que expressam a sinceridade de quem busca preservar e valorizar o valor supremo que é a vida humana”, afirmou.

Mauro Vieira ainda lamentou que a diplomacia de Israel “tenha se dirigido de forma desrespeitosa a um chefe de Estado de um país amigo” e que as autoridades de Tel Aviv foram informados que o Brasil “reagirá com diplomacia sempre, mas com toda a firmeza a qualquer ataque que receber, agora e sempre”.

Vieira disse, ainda, que está “seguro de que as relações do Brasil com Israel e nossa amizade com o povo israelense sobreviverão ao comportamento do atual governo de Israel”.

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Mauro Vieira lembrou ainda que o Brasil condenou o ataque do grupo terrorista Hamas contra Israel. “Israel tem o direito de defender sua população, mas isso tem de ser feito dentro de regras do direito internacional. A cada dia que passa, no entanto, resta claro que a reação de Israel ao ataque sofrido tem sido extremamente desproporcional e não tem como alvo somente aqueles responsáveis pelo ataque, mas todo o povo palestino”, afirmou Vieira.

(Com Agência Brasil)