Leite vê “situação de guerra” com chuvas no Rio Grande do Sul; Lula promete recursos

Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela visita ao estado, castigado por fortíssimas chuvas nos últimos dias

Fábio Matos

Presidente Lula cumprimenta o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), em visita a regiões castigadas por inundações (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), se reuniu, nesta quinta-feira (2), com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministros do governo federal para discutir ações de apoio ao estado, que vem sendo duramente castigado pelas fortíssimas chuvas nos últimos dias.

De acordo com balanço parcial da Defesa Civil e autoridades locais, os temporais já causaram 24 mortes, e 21 pessoas estão desaparecidas. Segundo o próprio governador, trata-se do “maior desastre da história” do Rio Grande do Sul – com impacto ainda pior do que o registrado no ano passado, quando as inundações mataram mais de 50 pessoas.

Até o momento, 67,8 mil pessoas foram atingidas pela tragédia e 14,5 mil tiveram de deixar suas casas. São 4.599 as pessoas que foram deslocadas para abrigos, enquanto outras 9.993 estão desalojados (na casa de familiares ou amigos).

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“Já é e será o pior desastre climático do nosso estado. Precisamos evitar, ao máximo, perdas de vidas neste momento”, disse o governador gaúcho, em pronunciamento após a reunião com Lula. “Estamos enfrentando uma situação de guerra. Por isso, as Forças Armadas estão aqui mobilizadas e agradecemos muito por esse esforço conjunto”, afirmou Leite.

“Infelizmente, lamentamos desde já as mortes registradas e as que não foram ainda registradas, que serão muitas, em função de deslizamentos. Mais uma vez, peço às pessoas que saiam das zonas de risco e das suas casas enquanto há tempo para isso, para que possamos salvar o maior número de vidas possível”, completou.

O governador do Rio Grande do Sul agradeceu publicamente a Lula pela visita às regiões atingidas pela tragédia. “A sua vinda ao Rio Grande do Sul é muito importante. Tenho estado em contato diretamente com os ministros [Paulo] Pimenta [Secom], [José] Múcio [Defesa] e Waldez [Góes, do Desenvolvimento Regional], especialmente, e também com o vice-presidente Geraldo Alckmin. Mas a sua presença aqui, o olho no olho, sentarmos à mesma mesa, é insubstituível.”

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“O presidente já garantiu que não faltarão recursos do governo federal para nos atender. Mas, neste momento, o foco é o resgate, o restabelecimento da normalidade e já começar a planejar os próximos dias”, completou Leite.

“Não faltará esforço”, diz Lula

Em sua fala, após o pronunciamento do governador, Lula reiterou o compromisso do governo federal em fornecer todos os recursos necessários ao Rio Grande do Sul para enfrentar o desastre.

“Da parte do governo federal, não faltará nenhum esforço para que a gente possa não só trabalhar arduamente, como já estão trabalhando as Forças Armadas brasileiras. Não vamos permitir que faltem recursos para que possamos reparar os danos causados”, disse Lula.

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“O governo federal estará 100% à disposição do estado e do povo do Rio Grande do Sul para atendermos, com material humano, trabalho, eficiência e recursos, para repararmos os prejuízos”, prosseguiu o presidente. “Tudo o que estiver ao alcance do governo federal, a gente vai dedicar 24 horas de esforço para que possamos atender.”

Lula cobrou, ainda, os ministros do governo, para que apresentem ações concretas para a reconstrução das áreas atingidas no estado. O presidente também chamou atenção para a necessidade de se levar a sério o tema das mudanças climáticas.

“Quero que cada um deles [ministros] assuma compromisso não apenas na minha frente, mas também na frente da imprensa, para que possamos minimizar o sofrimento que esse evento extremo da natureza está causando no Rio Grande do Sul”, disse Lula.

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“É o segundo evento que acontece [no estado] em menos de 1 ano. Temos de ficar preocupados em cuidar do planeta Terra com muito mais carinho e amor”, concluiu.

A comitiva de Lula no Rio Grande do Sul contou com os ministros Renan Filho (Transportes), Waldez Góes (Desenvolvimento Regional), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação), além de representantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

Estado de calamidade pública

As fortíssimas chuvas levaram o governo gaúcho a decretar estado de calamidade pública. A medida foi publicada em edição extra do Diário Oficial do Estado, na noite de quarta-feira (1º), em função de “eventos climáticos de chuvas intensas”.

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A Defesa Civil pediu aos moradores do Vale do Taquari para que deixassem suas casas, muitas das quais localizadas em áreas de risco, e procurassem abrigos públicos ou outros locais mais seguros.

De acordo com informações da Climatempo, há previsão de mais chuvas, nesta quinta, para a região de Santa Maria e os vales dos rios Taquari, Caí e Pardo, Região Metropolitana, Serra, Norte e Noroeste. O tempo instável deve permanecer pelo menos até domingo (5).

A orientação para evacuação imediata é válida para os seguintes municípios:

Já as cidades sob risco de inundações são as seguintes:

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”