“Como ousa comparar Israel a Hitler?”: chanceler israelense sobe o tom contra Lula

Ministro das Relações Exteriores chamou a comparação de "promíscua" e "delirante" e disse que ela é uma "vergonha para o Brasil e um cuspe no rosto dos judeus brasileiros"

Lucas Sampaio

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem à África, em fevereiro de 2024 (Ricardo Stuckert)

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O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, subiu o tom nesta terça-feira (20) contra o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chamou a comparação de Lula, da guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza com o Holocausto, de “promíscua” e “delirante” e questionou: “Como ousa comparar Israel a Hitler?”.

Katz disse ainda que a declaração é uma “vergonha para o Brasil e um cuspe no rosto dos judeus brasileiros”. “Ainda não é tarde para aprender História e pedir desculpas. Até então – continuará sendo persona non grata em Israel!”, escreveu o chanceler de Israel no X (antigo Twitter).

As declarações do chanceler israelense ocorrem após Lula comparar, no domingo (18), “o que está acontecendo na Faixa de Gaza” com o Holocausto, “quando Hitler resolveu matar os judeus”. A declaração do presidente brasileiro foi feita a jornalistas em Adis Abeba, capital da Etiópia, onde estava para participar da 37ª Cúpula da União Africana.

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O presidente brasileiro afirmou, na ocasião: “É importante lembrar que, em 2010, o Brasil foi o primeiro país a reconhecer o Estado palestino. É preciso parar de ser pequeno quando a gente tem de ser grande. O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus“.

A declaração gerou forte reação do governo israelense, que iniciou uma ampla ofensiva militar no enclave palestino, após o Hamas invadir o país em 7 de outubro de 2023, matar 1,2 mil pessoas e sequestrar outras 253. Desde então, os ataques israelenses devastaram a Faixa de Gaza, matando mais de 29 mil pessoas e forçando a maioria dos 2 milhões de habitantes do território palestino a deixarem suas casas.

“Como ousa comparar Israel a Hitler?”

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse no mesmo dia da declaração que Lula “cruzou uma linha vermelha” e que ela era “vergonhosa e grave”. “Trata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender”, publicou Netanyahu. Já o chanceler afirmou que o presidente brasileiro havia se tornado “persona non grata em Israel até que retire o que disse”.

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Lula não se retratou, e o governo brasileiro decidiu ontem chamar para consultas o embaixador em Israel, Frederico Meyer, e ao mesmo tempo convocar o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, para dar explicações. Segundo o Itamaraty, as medidas foram tomadas “diante da gravidade das declarações desta manhã do governo de Israel”.

Hoje, Katz afirmou no X, marcando o presidente brasileiro em sua publicação, que “milhões de judeus em todo o mundo estão à espera do seu pedido de desculpas”. “Como ousa comparar Israel a Hitler? É necessário lembrar ao senhor o que Hitler fez? Levou milhões de pessoas para guetos, roubou suas propriedades, as usou como trabalhadores forçados e depois, com brutalidade sem fim, começou a assassiná-las sistematicamente. Primeiro com tiros, depois com gás. Uma indústria de extermínio de judeus, de forma ordeira e cruel”.

O Holocausto, promovido pelo nazistas na Segunda Guerra Mundial, matou 6 milhões de judeus.

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Lucas Sampaio

Jornalista com 12 anos de experiência nos principais grupos de comunicação do Brasil (TV Globo, Folha, Estadão e Grupo Abril), em diversas funções (editor, repórter, produtor e redator) e editorias (economia, internacional, tecnologia, política e cidades). Graduado pela UFSC com intercâmbio na Universidade Nova de Lisboa.