Em carta aberta, Lula se compromete com responsabilidade fiscal em eventual governo

“É possível combinar responsabilidade fiscal, responsabilidade social e desenvolvimento sustentável”, afirma o ex-presidente

Fábio Matos

O ex-presidente e candidato Luiz Inário Lula da Silva (PT) vota em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, neste domingo (2), no primeiro turno das eleições de 2022 (Foto: Divulgação)

Em uma carta aberta divulgada nesta quinta-feira (27), a três dias do segundo turno das eleições, o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, se comprometeu, caso eleito, a fazer um governo que combine responsabilidade fiscal e políticas sociais.

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O documento, intitulado “Carta para o Brasil do Amanhã”, foi obtido inicialmente pelo jornal O Globo. A carta tem nove páginas e 13 eixos temáticos, entre os quais: “democracia e liberdade“, “desenvolvimento econômico com investimentos“, “desenvolvimento sustentável e transição ecológica“, “reindustrialização do Brasil” e “agricultura sustentável“. Leia a carta na íntegra aqui.

“É possível combinar responsabilidade fiscal, responsabilidade social e desenvolvimento sustentável, e é isso que vamos fazer, seguindo as tendências das principais economias do mundo”, diz o texto.

Segundo Lula, “a política fiscal responsável deve seguir regras claras e realistas, com compromissos plurianuais, compatíveis com o enfrentamento da emergência social que vivemos e com a necessidade de reativar o investimento público e privado para arrancar o país da estagnação”.

No documento, o petista afirma que a disputa contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, representa uma escolha entre dois caminhos totalmente distintos para o país.

“Um é o país do ódio, da mentira, da intolerância, do desemprego, dos salários baixos, da fome, das armas e das mortes, da insensibilidade, do machismo, do racismo, da homofobia, da destruição da Amazônia e do meio ambiente, do isolamento internacional, da estagnação econômica, do apreço à ditadura e aos torturadores. Um Brasil de medo e insegurança com Bolsonaro”, escreve Lula.

“Temos consciência da nossa responsabilidade histórica e, junto com amplas forças que apoiam a democracia brasileira, a partir de um permanente processo de diálogo e escuta da sociedade, apresentamos nossas principais propostas para a reconstrução do país”, completa o ex-presidente.

Contra “golpes e aventuras totalitárias”

No texto divulgado pela campanha do PT, Lula cita os choques entre Bolsonaro e o Poder Judiciário, em especial o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“O Brasil não pode ficar entregue a pessoas que questionam nosso processo eleitoral, procurando criar condições para golpes e aventuras totalitárias. O Brasil não pode estar submetido a um governante que agride sistematicamente o STF e o TSE e já ameaçou fechar o Congresso”, diz Lula. “Um governo que nega a transparência, o acesso público à informação e desestruturou os mecanismos de controle e combate à corrupção.”

Combate à fome

No documento, o candidato petista ao Planalto reitera que uma das grandes prioridades de um eventual governo será acabar com a fome a miséria no Brasil. “A democracia só será verdadeira quando toda a população tiver acesso a uma vida digna, sem exclusões”, afirma.

Nos últimos meses, Lula foi pressionado a fazer acenos ao mercado e a setores da economia brasileira que se preocupavam com a falta de clareza em relação às medidas tomadas por um eventual governo do PT na área econômica. O ex-presidente já disse que pretende acabar com o teto de gastos, mas estuda a criação de uma nova âncora fiscal, embora não tenha detalhado como ela funcionaria.

A proposta de âncora fiscal é defendida pela senadora Simone Tebet (MDB-MS), terceira colocada no primeiro turno da eleição, que apoiou Lula e participou ativamente da campanha no segundo turno. Ligada ao agronegócio, ela é cotada para assumir um ministério em uma possível gestão petista.

Também estão presentes na carta outras propostas da senadora, como a bolsa estudante para estimular jovens a terminarem o ensino médio; a igualdade salarial entre homens e mulheres; zerar a fila de cirurgias e consultas do SUS; zerar as filas de acesso ao ensino infantil; e a negociação das dívidas das famílias mais pobres.

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Além do InfoMoney, teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”.