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Acordo sobre dívida dos EUA se aproxima – mas para quem investe no exterior, problema vem depois; entenda

Expectativa é de que Tesouro emita grande volume de títulos públicos, elevando as taxas para atrair investidores - e secando a liquidez da renda variável

Ana Paula Ribeiro

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As negociações sobre o teto da dívida dos Estados Unidos avançaram no fim de semana, e as notícias mais recentes dão conta de que a Casa Branca e os congressistas alcançaram um acordo para evitar um calote que ameaçaria a economia global.

Mas para quem tem ou quer alocar recursos no exterior, isso não significa que a calmaria chegou. A expectativa é de, selado o acordo, ocorra enxugamento de liquidez e aumento das taxas de juros de curto prazo – o que promete ter efeito também sobre o mercado de ações.

Com a aprovação do aumento do teto da dívida – que precisa ser obtida até 5 de junho, próxima segunda-feira – o Tesouro americano terá que fazer uma série de emissões de títulos públicos para captar recursos e restabelecer seu caixa, que está em cerca de US$ 50 bilhões, bem abaixo da média histórica de US$ 600 bilhões.

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Para garantir uma emissão dessa magnitude, o Tesouro deverá ofertar títulos de curto prazo a uma taxa mais elevada, atraindo investidores – e, consequentemente, retirando a liquidez de outros mercados, em especial os de risco.

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Alívio do teto da dívida pode ser curto à medida que foco se volta para o dilúvio de T-Bill

Na visão da Lord Abbett, gestora americana especializada em renda fixa, também é provável que ocorra uma queda das taxas de longo prazo, uma vez que a economia americana acentua os sinais de desaceleração.

“É mais provável que as taxas dos instrumentos de curto prazo, como as T-bills, possam subir mais, enquanto as taxas mais longas podem cair, com temores de uma fraqueza econômica”, segundo relatório assinado por Jeffrey Herzog e Timothy Paulson, gestor de portfólio e estrategista de investimentos da Lord Abbet.

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O aumento das taxas já é sentido no mercado. Títulos de curto prazo, as T-bill com vencimento no dia 8 de junho (daqui a menos de duas semanas) eram negociadas com taxa de 5,82% ao ano. Já a taxa daquelas com vencimento no dia 13 de julho era de 4,92% ao ano.

Default “técnico”: o que fazer e como alocar?

O teto da dívida dos Estados Unidos é de US$ 31,4 trilhões e foi fixado em julho de 2021. A Casa Branca precisa entrar em um acordo com os congressistas para elevar esse valor. Inicialmente, a data limite era dia 1º de junho, quinta-feira.

Na sexta-feira (26), no entanto, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, revisou as estimativas e afirmou que o governo não conseguirá mais honrar suas obrigações a partir do dia 5, caso o teto da dívida não seja suspenso ou elevado. A partir daí, o governo pode ficar sem dinheiro até para pagar salários – e em um caso mais extremo, pode precisar deixar de pagar juros da dívida, o que já ocorreu em outras ocasiões por um período curto.

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Os especialistas veem como baixa a chance de não ocorrer um acordo para elevação do teto que provoque um “default técnico”, que seria o atraso de pagamentos devido à inviabilidade política, e não por falta de capacidade de pagamento do governo americano.

Em meio a essa incerteza, no entanto, há quem procure se proteger. O caminho tomado pela Lord Abbett, sediada em Nova Jersey, foi investir em papéis de crédito privado, mas de empresas com boa avaliação.

“Em nossos portfólios, colocamos mais títulos de maior qualidade e mais líquidos”, dizem os especialistas. “Existem preocupações legítimas que vão além da inadimplência [técnica]. Por exemplo, em caso de fechamento de serviços, isso pode inibir o crescimento econômico dos Estados Unidos”.

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Para Alex Lima, estrategista-chefe da Guide, o movimento esperado de elevação dos juros de curto prazo e de menor liquidez irá afetar o mercado de renda variável. No entanto, o impacto tende a não ser uniforme.

Quando se olha as empresas de menor capitalização [small caps], ou elas têm uma queda nas cotações neste ano ou estão no zero a zero. Além disso, o preço delas medido por alguns múltiplos mostra que o país se aproximada de uma recessão. Por outro lado, há uma exuberância nos papéis de tecnologia

Alex Lima, estrategista-chefe da Guide

As grandes empresas de tecnologia têm apresentado ganhos fortes nos últimos pregões e levado importantes índices de ações – como o S&P 500 e o Nasdaq – para cima. Já outros papéis não estão acompanhando esse movimento.

“O setor de tecnologia deve seguir indo bem, mas os preços já estão exagerados. O S&P está muito direcional em certos nomes”, avalia. Na prática, isso significa que o investidor até pode ver o S&P 500 subir, mas o mesmo não necessariamente vai acontecer com as ações que possui na sua carteira internacional.

Há também o risco de aportar, nesse momento, em empresas que estão se destacando e o movimento se revelar uma bolha. A preocupação se dá porque tecnologia é um setor que, em geral, deveria perder força com o aumento do custo de capital, ou seja, dos juros.

“A renda variável americana, no longo prazo, ainda é uma boa aposta. Mas também é um bom momento para renda fixa nos Estados Unidos”, diz Lima. “Há taxas longas de 4% ao ano em um cenário de menos crescimento. É uma boa estar posicionado em parte em prefixados, mesmo com uma inflação que preocupe um pouco”.

A inflação nos Estados Unidos tem cedido lentamente. Está atualmente em 4,9% anualizada, mas já foi de quase 9% um ano antes.

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Ana Paula Ribeiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney