Biden e McCarthy sinalizam que acordo de limite de dívida será aprovado

Biden disse que não prevê nenhum ponto de discórdia que possa inviabilizar o acordo

Bloomberg

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O presidente americano Joe Biden e o presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, expressaram confiança de que o acordo provisório para elevar o teto da dívida será aprovado pelo Congresso e chegará à mesa do presidente para assinatura, evitando um default histórico dos EUA.

“Acho que estamos em boa forma”, disse Biden a repórteres na Casa Branca neste domingo, antes de iniciar uma ligação com McCarthy para “garantir que todos os ‘Ts‘ sejam cruzados e os ‘Is‘ sejam pontilhados”.

Biden e McCarthy fecharam seu acordo durante um telefonema de 90 minutos no final do sábado, abrindo caminho para um acordo, diante das objeções dos “linhas-duras” de ambos os partidos, antes que o governo dos EUA fique sem capacidade de endividamento em cerca de um semana.

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McCarthy disse no domingo esperar que a maioria dos republicanos vote a favor do projeto de lei negociado, defendendo-o como uma medida “transformadora” para controlar os gastos federais, embora “talvez não faça tudo para todos”.

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Biden disse que não prevê nenhum ponto de discórdia que possa inviabilizar o acordo. Questionado se está confiante de que o acordo chegará à sua mesa, ele disse: “Sim”.

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O apoio inicial do centrismo veio do deputado Steny Hoyer, um democrata influente que apoiou o acordo apesar de citar os “contratempos” que ele contém para a agenda de seu partido.

“É por isso que exorto meus colegas a se juntarem a mim no apoio a esta legislação de compromisso e a pôr fim a esta turbulência econômica desnecessária”, disse ele em um comunicado no domingo.

McCarthy instou os legisladores a reservar o julgamento até que vejam o texto legislativo do projeto de lei, que deve ser divulgado no domingo, dando aos representantes as 72 horas prometidas para lê-lo antes de votar na quarta-feira. Os negociadores de ambas as partes planejam informar seus membros sobre o acordo em ligações separadas no final do dia.

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McCarthy rejeitou como “louco” um cenário em que a Câmara não aprove a medida, alegando que 95% dos legisladores de seu partido estão “animados” com o acordo. Ele reconheceu que o acordo provavelmente enfrentará alguma oposição dos republicanos.

“Sabemos que sempre que sentamos e negociamos com duas partes, é preciso trabalhar com os dois lados do corredor. Portanto, não é 100% do que todo mundo quer, mas quando você olha, o país vai ficar mais forte”, disse McCarthy a repórteres no Capitólio dos Estados Unidos na manhã de domingo.

Questionado se estava preocupado com uma possível tentativa de legisladores conservadores linha-dura de derrubá-lo da cadeira de orador, McCarthy respondeu: “De jeito nenhum”.

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Mas o deputado Jim Clyburn, democrata da Carolina do Sul e aliado de longa data de Biden, adotou um tom mais pragmático em entrevista por telefone no domingo.

“A parte fácil, na minha opinião, é chegar a um acordo. A parte difícil vem agora, que é chegar a 218 votos na Câmara e 51 votos no Senado”, disse Clyburn.

Argumentando sobre os méritos do acordo, McCarthy citou provisões que retomam gastos previamente aprovados, chamando-os de “a maior rescisão da história americana”. Ele também destacou o aumento das exigências de trabalho.

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O acordo reduz o orçamento do Internal Revenue Service em US$ 1,9 bilhão, disse ele, menos do que o corte de US$ 80 bilhões no financiamento do IRS, que muitos legisladores do Partido Republicano buscavam.

Embora o acordo não afete o perdão do empréstimo estudantil do governo Biden, que está sendo litigado nos tribunais, ele encerraria a moratória da era da pandemia nos reembolsos. “A pausa acabou 60 dias após a assinatura”, disse McCarthy ao “Fox News Sunday”.

Garret Graves, um dos negociadores republicanos, disse que o acordo também agilizaria as licenças para projetos de energia – embora uma revisão completa da Lei Nacional de Política Ambiental de 54 anos fosse tratada separadamente.

Acordo limite da dívida: tempo apertado

O projeto de lei cria um limite discricionário de US$ 1,64 trilhão para o ano fiscal de 2024, um corte no papel de US$ 60 bilhões em relação ao nível de gastos de US$ 1,7 trilhão atualmente, de acordo com um informativo da Casa Branca.

Isso inclui um aumento de 3% na defesa, de US$ 858 bilhões, para US$ 886 bilhões, e um corte de 12% nos programas domésticos, de US$ 722 bilhões, para US$ 637 bilhões. A Casa Branca disse que há movimentos contábeis que podem, no próximo projeto de lei de dotações, apagar esse corte.

Há pouca margem para erro ou atraso. A secretária do Tesouro, Janet Yellen, alertou na sexta-feira que o limite da dívida deve ser estendido até 5 de junho para evitar um calote histórico.

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