O que é a MSK, empresa acusada de prejudicar 3,5 mil pessoas em golpe milionário com criptomoedas?

Os sócios da MSK prestaram depoimento nesta semana na CPI que investiga esquemas ponzi que usam ativos digitais como isca

Lucas Gabriel Marins

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Os deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigam pirâmides financeiras com criptomoedas ouviram na tarde da quarta-feira (16) os responsáveis pela MSK Invest. A empresa, com sede em Santana do Parnaíba (SP), prometia retorno fixo de 5% em operações com ativos digitais, não cumpriu a promessa e quebrou, deixando cerca de 3,5 mil pessoas no prejuízo.

A MSK foi fundada em meados de 2015 pelos empresários Glaidson Tadeu Rosa e Carlos Eduardo de Lucas, conforme registro na Receita Federal. Dizia ser uma assessoria de investimento – com cerca de 80 funcionários e 300 agentes autônomos parceiros – focada em ativos de risco, como criptomoedas.

No final de 2021, a MSK deixou de pagar os clientes. O motivo, disse Rosa aos deputados, teria sido uma “apropriação indébita” feita por um colaborador do negócio. “De lá para cá, tivermos todo esse transtorno que estamos passando, com contas travadas e moedas travadas”, falou.

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Empresas acusadas de golpe com criptoativos costumam terceirizar a culpa após a queda. Além de citar possíveis furtos praticados por funcionários, normalmente apontam o dedo para supostos hacks, supostos travamentos de ativos digitais de clientes em exchanges parceiras ou mesmo investidas do Estado, como fizeram Braiscompany, Fiji Solutions, GAS Consultoria, Grupo Bitcoin e tantas outras.

Em 2022, a Polícia Civil de São Paulo indiciou a MSK Invest por pirâmide financeira e lavagem de dinheiro, além de outros crimes. O requerimento de convocação da Câmara dos Deputados cita que os policiais descobriram ao longo da investigação que a MSK Invest “captou mais de US$ 1 bilhão e promoveu o desvio desses valores para carteiras desconhecidas em posse de pessoas ainda não identificadas”.

Segundo a Polícia Civil, a empresa movimentou criptomoedas indevidamente em pelo menos seis exchanges, como Mercado Bitcoin, Binance, Bitfinex, entre outras. “A corretora que nós mais trabalhamos foi o Mercado Bitcoin na época. Era uma relação comercial”, disse Eduardo de Lucas, um dos sócios do negócio, ontem na CPI.

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A coleta de provas contra a MSK Invest foi concluída pela Polícia Civil no início deste ano, e o caso foi encaminhado para o Ministério Público, que decide se oferece ou não denúncia. Nesse meio tempo, a empresa fez um acordo com o Procon-SP para pagar os clientes, mas também não cumpriu. Além disso, entrou com pedido de recuperação judicial, mesma estratégia adotada por outras empresas acusadas de esquema ponzi, como os negócios montados pelo “Faraó do Bitcoin“, no Rio de Janeiro, e o “Rei do Bitcoin“, no Paraná.

Aos deputados, Rosa – o sócio da MSK – disse que pretende ressarcir os clientes. Para isso, falou, seria necessário antes fazer o desbloqueio de cerca de R$ 400 milhões em criptomoedas da empresa, supostamente “presas” em carteiras cripto.