Open Finance: dados de investimentos e seguros já podem ser compartilhados; veja como vai funcionar

Etapa marca o início do Open Finance de forma oficial no Brasil, mas consumidores precisam esperar para ver serviços e produtos no dia a dia

Giovanna Sutto

(Getty Images)

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Nesta terça-feira (31), começou a segunda etapa da Fase 4 do Open Banking no Brasil.

Com ela, o projeto de ecossistema aberto é, de fato, ampliado com a possibilidade de compartilhamento de dados transacionais (informações sobre contas, renda, entre outros) de investimentos, seguros, câmbio, previdência complementar aberta e contas-salário, bem como compartilhamento de informações sobre as características dos produtos e serviços dessas categorias disponíveis para contratação no mercado.

A primeira etapa dessa fase 4 começou em dezembro de 2021 e foi mais burocrática com prazos para as instituições participantes aderirem às certificações de operação e segurança, para que elas ofereçam aos clientes as opções de compartilhamento.

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A principal premissa do ecossistema aberto de compartilhamento de dados continua: tudo só acontece se o consumidor final quiser e autorizar o envio de seus dados para outras empresas. Assim, conforme o Banco Central explicou em nota, essa segunda etapa é a que oficializa o início do Open Finance no Brasil, já que a partir de agora será possível ver efeitos mais práticos na vida do consumidor.

“Antes era esperado apenas o compartilhamento padronizado de dados como lista de canais de atendimento, produtos, serviços e respectivas taxas e tarifas. Agora [nesta segunda etapa] é o começamos a construir as bases do que será o compartilhamento de dados como cadastro, transações e operações pelo usuário com as instituições (de seguro, investimento, câmbio, etc.) que optar”, explica Ricardo Taveira, CEO da Quanto, empresa de tecnologia para o Open Finance.

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Recentemente, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou a resolução que lançou oficialmente o projeto Open Finance no Brasil, com o objetivo de ampliar o escopo do Open Banking.

No fim do dia, o Open Finance é o nome que vai abrigar todos os ecossistemas abertos de dados bancários (Open Banking), dados de seguros (Open Insurance) e dados de investimentos (Open Investments).

Segundo o BC, já foram feitos mais de 5 milhões de consentimentos por parte de clientes no âmbito do Open Banking desde que o ecossistema começou.

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O compartilhamento é imediato?

O potencial dessa fase é, no futuro, permitir que o usuário, por exemplo, compare diversos fundos de investimentos ou faça cotação de seguros em diversas seguradoras ao mesmo tempo. Ou compartilhar o histórico de transações de câmbio, de um investimento específico ou previdência aberta.

Mas o caminho até essa realidade ainda é longo. Apesar da possibilidade de compartilhamento de dados de investimentos, seguros, câmbio e previdência estar oficialmente liberada, na prática, não significa que o consumidor verá esses serviços funcionando tão rapidamente.

Como todas as etapas anteriores, a ideia da regulamentação do BC é pavimentar as possibilidades para que as empresas do mercado criem soluções e ofereçam serviços e produtos para os clientes.

Especialistas afirmam que o consumidor vai ver mudanças mais práticas em seu dia a dia a partir do segundo semestre deste ano, quando as instituições vão estar mais preparadas e seguras para oferecer serviços e produtos derivados do ecossistema aberto.

“O Open Finance será a união de todos os produtos tradicionais bancários como crédito e contas correntes aos produtos como seguros, previdência privada e mais para frente outras categorias”, explica Rogerio Melfi, membro da ABFintechs e participante do grupo técnico de trabalho do BC.

O BC já informou que  o Open Finance é um organismo vivo que continuará a evoluir, com o desenvolvimento de novos produtos e serviços. “O Open Banking no Brasil terá o maior escopo do mundo, inclusive, em número de participantes, nosso projeto já é o maior do mundo”, afirmou João Manuel de Pinho Mello, diretor do Banco Central.

Agora corretoras e seguradoras vão poder entrar no jogo de compartilhamento. Mas é uma tendência no mercado uma certa cautela por parte das instituições a fim de garantir processos seguros e sem falhas para não causar prejuízos ao consumidor e à própria credibilidade.

“As instituições ainda precisam de tempo para se organizar, se adaptar a essa fase e distribuir os dados, e permitir que o usuário conceda os dados. Consumidor passa a poder compartilhar os dados de transação com outras instituições”, explica Thiago Saldanha, CTO da Sinqia, que presta serviços de tecnologia incluindo Open Finance para diversas empresas.

Por ser um tema sensível e lidar com dados pessoais dos clientes, a adesão vem acontecendo aos poucos conforme os consumidores entendem o valor de compartilhar um dado ou outro.

“São mais opções para compartilhamento de dados, a critério do usuário final. Esse é um novo passo para a população se tornar a real dona dos dados, que com isso poderá conseguir melhores ofertas de serviços financeiros e se beneficiar de mais competição entre as instituições. Mas é preciso também lembrar que estamos só no início da implementação, e o mercado precisa de um tempo para transformá-la em mudanças efetivas para o consumidor”, diz Taveira.

O que o consumidor já encontra hoje em apps e áreas logadas de fintechs, bancos e instituições de pagamentos é a opção de Open Finance, com  — na maioria dos casos — iniciadores de pagamentos, dando a opção de pagar por uma conta de uma instituição de pagamento, como o Mercado Pago, utilizando o saldo de um banco, por exemplo.

Segundo Saldanha, alguns bancos estão se preparando para fazer ofertas em breve, outros ainda estão na esteira de processo para criação e produtos e serviços, e outras instituições se prepararam apenas para cumprir as regras que a data de hoje exige, com as questões legais.

Bruno Chan, CEO da Klavi, fintech que nasceu pra prestar serviços de Open Finance, acredita que um dos impactos maiores virá por parte do setor de seguros, relacionado, naturalmente, com o Open Insurance.

“Estamos vendo grande movimentação na venda, distribuição e criação de produtos de seguro. Fintechs, seguradoras e mesmo bancos aptos a oferecer os produtos, com mais informações em mãos terão mais capacidade de oferecer produtos que fazem mais sentido para as pessoas”, diz.

Ecossistema aberto

Para os consumidores, compreender todas as informações sobre o ecossistema aberto pode ser uma tarefa complexa, uma vez que o projeto está começando. Mas a ideia é que, na prática, o Open Banking (agora Open Finance) seja uma infraestrutura tecnológica que funcione de forma invisível para o consumidor.

Ou seja, a promessa é que o consumidor vai utilizar dos serviços e produtos derivados do ecossistema, sempre autorizando o fluxo de seus dados, mas que não tenha interferências e ruídos na comunicação para que seja fácil e simples usar.

“Estamos falando de um cenário ainda mais competitivo para o mercado. Antes era transações de contas, de pagamentos. E agora é ampliação para o Finance, abrindo mais possibilidades”, diz Saldanha.

“Com mais dados abertos, melhor a oferta que as instituições conseguem oferecer ao cliente. Analisando os dados e fazendo verificação de consumo de serviço de câmbio, investimento, o banco que recebe o dado analisa e compara com seus próprios produtos e oferta algo mais personalizado e mais competitivo para o cliente”, complementa o CTO da Sinqia.

Ainda, é importante entender que todo o projeto de Open Banking no Brasil caminha com várias fases em paralelo.

“As datas impostas pelo calendário do BC são feitas para ajudar as instituições a criar a rodovia da inovação. Os produtos e serviços que virão a partir da rodovia é que serão os veículos transportadores das novas experiências”, diz Saldanha.

As fases 2 e 3 ainda não foram finalizadas e seguem recebendo upgrades e novas funções e aprimoramentos.

segunda fase teve início em 13 de agosto e começou a impactar o dia a dia do consumidor com a possibilidade de compartilhar dados cadastrais, como nome, CPF/CNPJ, endereço, informações de crédito, cartões, entre outros.

A fase 3 começou em 29 de outubro e foi transacional: os consumidores podem fazer transações, como pagamentos e transferências, utilizando o Pix no âmbito do Open Banking. Ou seja, será possível fazer um pagamento via Pix por canais que não necessariamente são o internet banking do seu banco.

Por fim, a fase 4 teve sua segunda fase liberada, mas também ainda passará por transformações e lançamento de novos produtos e serviços.

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.