Open Banking: comparação de propostas de crédito começa nesta quarta; entenda como vai funcionar

Nova etapa da Fase 3 dá ao cliente acesso a diversas cotações de crédito pessoal em uma única plataforma digital

Giovanna Sutto

(Getty Images)

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Caso você, leitor, queira financiar hoje um veículo, o caminho é procurar diferentes instituições financeiras — uma a uma — para garantir as melhores condições, com juros e taxas dentro do seu orçamento.

Esse processo penoso, porém, está com os dias contados. Sob a nova etapa do Open Banking, quem tiver a mesma intenção, contará com um atalho: um site passa a agregar todas as propostas de crédito, e você escolhe qual delas se encaixa à sua realidade.

Você precisará inserir seus dados, antes, no site cujo nome é correspondente digital. Ele fará a mediação até as instituições financeiras que, após análise de seu cadastro, vão propor ofertas de crédito.

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A lista de bancos participantes que chegará até você é o Encaminhamento de Proposta de Crédito (EPOC), realidade esta que inaugura, a partir desta quarta-feira (30), uma segunda etapa da Fase 3 do Open Banking no Brasil.

Para você entender o processo, o InfoMoney buscou informações sobre o tema com Bruna Cataldo, pesquisadora do Instituto Propague e doutoranda em Economia pela UFF (Universidade Federal Fluminense); Rogerio Melfi, representante da ABFintechs, que participa dos grupos de trabalho do Open Banking; e Gustavo Bresler, especialista em Open Finance da Quanto. Confira:

Fase 3 do Open Banking

Para entender a fase atual, é preciso olhar os passos já trilhados pelo sistema.

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O Open Banking começou em fevereiro de 2021, com a etapa 1, mais burocrática, que consistia no compartilhamento de dados das instituições participantes entre si.

A segunda fase teve início em 13 de agosto e começou a mudar o cotidiano do consumidor ao possibilitar o compartilhamento de dados cadastrais, como nome, CPF/CNPJ, endereço, informações de crédito, cartões, entre outros.

A fase 3, por sua vez, teve sua primeira etapa iniciada em 29 de outubro sendo a maior novidade a integração com o Pix.  Ela organizou a parte transacional da evolução do Open Banking, ou seja, trouxe ao ecossistema a possibilidade de realizar transações e não apenas compartilhar dados.

Nesta quarta-feira (30), a segunda etapa da Fase 3 entrou em operação, com o funcionamento do Encaminhamento de Proposta de Crédito.

O que é o EPOC?

O processo de Encaminhamento de Proposta de Crédito é a modalidade em que o consumidor terá acesso a diversas ofertas de crédito em uma única plataforma chamada correspondente digital.

O que o corresponde digital faz? Segundo os especialistas consultados, ele é o responsável por fechar contratos com diferentes instituições financeiras, como bancos, que ofertam crédito aos consumidores.

O correspondente vai coletar dados do cliente que serão analisados pela instituição financeira. Os dados serão padronizados e regulados por contrato e pelo Banco Central. Caberá ao banco, após análise, fazer uma proposta ao cliente via plataforma do correspondente.

O objetivo desta etapa é fomentar a competição entre os correspondentes digitais. E para o consumidor, na prática, é oferecer facilidade e opções para comparar serviços de crédito.

Ainda não está definida como será a jornada de experiência do cliente e se esta etapa, que começa nesta quarta, é apenas um primeiro passo dentro do ecossistema do Open Banking.

Quem é o correspondente digital?

O correspondente digital não é uma figura nova. Ele já cumpre a mesma função do chamado correspondente bancário que, no mundo físico, representa uma instituição financeira e presta serviços em nome dela.

A diferença é que no mundo digital esse mesmo correspondente vai encabeçar várias instituições. Hoje, por padrão, ele representa apenas uma — e geralmente tem contratos de exclusividade.

O objetivo do Banco Central é fazer com que mais players se tornem correspondentes digitais, bem como incentivar quem já é correspondente a ampliar suas parcerias para oferecer mais opções ao consumidor.

O correspondente tem como dever apresentar todas as propostas que foram passadas pelas instituições ao cliente para que ele possa tomar a melhor decisão.

A expectativa dos especialistas é de que os correspondentes digitas atuem no formato marketplace —com diferentes ofertas de produtos de crédito dentro de uma plataforma única.

Não há uma lista oficial divulgada dos correspondentes digitais, mas os clientes poderão tê-los em varejistas, fintechs de crédito e grandes bancos.

Vale entender como os grandes bancos podem se posicionar neste novo ecossistema financeiro que o Open Banking está construindo. 

Veja também: 3 sinais dos desafios que os grandes bancos vão enfrentar com a terceira fase

Como vai funcionar?

O processo de EPOC pode ocorrer por meio de marketplaces, quando o consumidor entra em um site e busca pelas cotações do tipo de crédito que precisa; ou também no checkout de uma varejista, por exemplo.

Exemplo: o cliente compra uma geladeira online e na aba de meios de pagamentos vai aparecer três opções, como cartão de crédito, Pix e parcelamento EPOC.

Como tudo ainda é muito recente, as regras sobre o processo ainda não são conhecidas.

Como o correspondente vai coletar meus dados?

É preciso entender duas partes do processo do EPOC: a primeira é essa que começa nesta quarta-feira, ainda embrionária, e em fase de testes.

Por enquanto, o correspondente tem acesso aos dados que o consumidor vai preencher na plataforma. Para fazer uma cotação de crédito será preciso informar, nome, CPF e o valor do empréstimo, por exemplo.

São esses dados que o correspondente digital vai transmitir à instituição financeira, a responsável por analisar o perfil do cliente e conceder ou não o crédito pedido.

No futuro, segundo os especialistas, o corresponde digital poderá, sob a autorização do cliente, ter acesso ao seu histórico financeiro, como extratos, dívidas e salários e incluir estas informações no pacote que será enviado aos bancos para análise.

O correspondente pode ser punido?

O correspondente digital não pode vender ou usar os dados de clientes de forma indevida, que estão protegidos sob contrato com a instituição financeira.

Segundo os especialistas, os contratos firmados entre os correspondentes digitais e os bancos serão monitorados pelo Banco Central, o que pode trazer mais segurança aos clientes.

Importante lembrar que a instituição financeira é quem assume o risco de crédito, uma vez que o correspondente é apenas um mediador de processos.

Que tipo de crédito estará disponível?

A partir desta quarta, apenas crédito pessoal sem garantia e não consignado pode ser ofertado via Encaminhamento de Proposta de Crédito.

Qual a vantagem ao consumidor?

Quando o ecossistema estiver em pleno funcionamento, a ideia é que o consumidor tenha, com apenas alguns cliques, ofertas diversas de crédito. A implementação de todas as possibilidades será gradual para garantir segurança ao processo.

No contexto do Open Banking, “é o cliente quem define com quem quer ou não compartilhar seus dados. Se teve uma experiência ruim com uma instituição específica, por exemplo, pode optar por não incluí-la, o que já vai deixar as opções que chegam a você mais assertivas”, diz o BC em seu site.

Já tem efeitos para o consumidor hoje?

Não. O consumidor não deve encontrar uma empresa já atuando como correspondente nesta quarta-feira. Os especialistas entendem que mais players estarão imersos nesta nova realidade mais para o final do ano.

Há riscos para o consumidor?

Os especialistas entendem que o compartilhamento de dados será vantajoso ao consumidor porque ele poderá comparar diferentes cotações.

Mas o velho temor continua: com uma ferramenta que pode facilitar a tomada de crédito, há uma preocupação de que as pessoas façam mais dívidas do que consigam honrar.

Os especialistas dizem que, no momento, será preciso entender a adesão, o perfil do público e o uso do mecanismo para se estruturar a ferramenta e seus processos de segurança.

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.