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SÃO PAULO – O dólar caiu mais de 1% nesta segunda-feira (25) e fechou o dia a R$ 5,55, depois de ter batido em R$ 5,72 na sexta-feira (22). Ainda assim, acumula uma alta de 2,04% este mês e de 7,12% no ano. Às vésperas de um ano eleitoral, os especialistas esperam novos períodos de volatilidade do câmbio.
Diante desse cenário, é hora de investir em ativos ligados ao dólar – ou aumentar a parcela desse tipo de aplicação na carteira?
Desde o começo do ano e com mais frequência nas últimas semanas, a planejadora financeira Isabella Brandão, CFP, sócia da Oikos Consultoria Patrimonial, recebe, diariamente, a pergunta: Quando é uma boa hora para comprar dólar? “Hoje!”, é a resposta que ela sempre dá.
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“Se pegarmos a tendência do dólar nos últimos 30 anos, é sempre de alta. Não é possível prever a flutuação dessa classe de ativos com precisão, então o importante é considerar as razões que estão levando o investidor a ‘dolarizar’ seu patrimônio em vez de ficar tentando encontrar o melhor momento de investir, porque ele, talvez, nunca chegue”, afirma.
De acordo com um levantamento da Austin Rating, agência classificadora de crédito, o real é a quarta moeda que mais perdeu valor em relação ao dólar no mês de outubro. Só perdendo para a Libra do Sudão do Sul, a rúpia das Ilhas Seychelles e a lira da Turquia. “Desde a sua criação, 1994, o real desvalorizou mais de 80% em termos absolutos”, diz Isabella. “Estar em uma economia emergente nos deixa suscetível a esse tipo de coisa”, afirma.
A decisão de comprar dólar ou investir em ativos ligados a essa moeda era mais complexa no passado. As possibilidades eram limitadas a compra de papel moeda e investimento em fundos cambiais. “Hoje, há muitas formas de fazer isso”, diz Isabella.
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A consultora lembra que o Brasil está inserido em uma economia globalizada, assim, muitos dos itens consumidos aqui são influenciados pelo dólar. “Então, faz sentido que todos tenham uma exposição cambial, mesmo que pequena. Além disso, em uma estratégia de longo prazo, a exposição a uma moeda forte é importante”, afirma Isabella. A alocação vai depender do perfil de risco de cada pessoa, mas, neste momento e para aqueles que estão começando, Isabella sugere que 5% da carteira esteja em ativos globais.
Esse percentual pode chegar 20% ou 30% para aqueles com perfil mais arrojado e entre 80% e 100% para aqueles com planos de mudar para fora do Brasil, mesmo que temporariamente.
Agora é o melhor momento de investir em dólar?
De acordo com Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em Gestão Financeira FGV, a preocupação dos pequenos investidores, agora, deve ser proteger o patrimônio dentro dos seus objetivos. “Em tempos de crise, todo mundo procura o porto mais seguro que puder encontrar, ainda mais quando se trata de uma crise de confiança. Mas a primeira coisa a fazer é parar e pensar. Nenhuma decisão deve ser tomada por impulso. Se estiver em dúvida, procure um aconselhamento de especialista”, alerta Teixeira.
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Para quem já tem a moeda americana na carteira, o momento também exige cautela e controle para não sair da posição vencedora. De acordo com Teixeira, o investidor que fez aplicações depois de uma boa análise e planejamento e não precisará do investimento no curto prazo, não deve “entrar em desespero agora”. “Se por outro lado, a pessoa foi seguindo uma dica de alguém, seria bom repensar e fazer um novo planejamento e se perguntar: será que as moedas estrangeiras estão em nível interessante para você que ainda não investe, começar agora?”, questiona.
Para Wander Viana, consultor de valores mobiliários, registrado CVM, a resposta é sempre sim. “O Brasil representa apenas 2% da economia global interconectada. Dessa forma, faz sentido manter uma diversificação geográfica dos investimentos porque isso reduz o risco”, afirma Wander.
“Nossa economia é ‘dolarizada’. As transações comerciais são feitas em dólar e tudo, desde o pãozinho até o combustível, tem influência do dólar. O brasileiro precisa olhar para fora nos investimentos também, porque somos conectados economicamente. Quanto antes os investidores entenderem isso, mais conseguirão preservar seu poder de compra”, diz Wander, que ensina seus clientes brasileiros a fazer esse tipo de alocação, inclusive em fundos offshore a partir de US$ 5 mil. “Se o dinheiro está declarado e foi recebido de maneira lícita, você pode investir em qualquer lugar do mundo”, afirma.
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De acordo com Wander, o ideal mínimo de patrimônio investido em ativos atrelados ao dólar é de 20%.
Como investir em dólar?
No passado, investidores com compromissos em dólar eram os únicos a receber a recomendação de investir na moeda ou em fundos cambiais – a única opção de dolarização de patrimônio que existia. Hoje, a recomendação é que todo investidor mantenha uma parcela de seus investimentos em moeda forte.
Conheça algumas formas de investir em dólar:
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ETFs – Os ETFs são fundos de índice comercializados pela Bolsa de Valores do Brasil. Esses fundos estão sempre atrelados a um índice de referência. Esse índice pode ser o Ibovespa, por exemplo, mas também pode ser um índice da Bolsa de Nova York, como o S&P 500.
Fundos Cambiais – Fundos de investimento que mantém, pelo menos, 80% do seu patrimônio investido em ativos relacionados a moedas.
BDR – BDRs são certificados que representam ações emitidas por em empresas em outros países e negociadas na Bolsa de Valores do Brasil, a B3.
Fundos de investimento – Os fundos de investimento podem destinar até 20% do seu patrimônio para ativos no exterior, desde que esse tipo de alocação esteja previsto em sua política de investimento.
Ações – As ações de empresas com atuação global, como as grandes exportadoras, também são uma forma de conseguir exposição ao dólar na carteira de investimentos.
Offshore – Para investir num fundo offshore é preciso abrir uma conta num banco especialista em câmbio, que vai avaliar a capacidade financeira do investidor e, depois, enviar o dinheiro via remessas internacionais.
Compra de papel moeda – Essa alternativa não é, exatamente, um tipo de investimento e é preciso levar em consideração a cotação do dólar em casas câmbio (dólar turismo), além dos custos com o IOF, imposto sobre operações financeiras.
Como investir para proteger o patrimônio?
Investir em dólar pode ser uma boa forma de proteger os investimentos. Mas há outras. No atual panorama brasileiro, uma delas é procurar ativos atrelados ao IPCA.
No acumulado de 12 meses, a inflação já superou os 10%. “É preciso levar esse indicador em consideração e não se apegar a ganhos nominais, tomando cuidado com prefixados e procurando uma blindagem contra o IPCA. Ativos com rentabilidade atrelada ao IPCA somada a uma taxa de juros, por exemplo, IPCA +4% terão um ganho real de 4% e, no cenário que estamos vivendo, isso pode ser importante”, diz Isabella.