Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) em forte alta, aéreas e bancos em queda: os maiores destaques dos ADRs durante o Carnaval

Ativos foram bastante impactados - para cima ou para baixo - com noticiário sobre guerra na Ucrânia; BRF e Ambev também tiveram queda

Lara Rizério

(Getty Images)

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A Bolsa brasileira ficou fechada na segunda (28/02) e na terça-feira (1/03) por conta do feriado do Carnaval e volta nesta quarta-feira (2/03) em pregão reduzido, a partir das 13h (horário de Brasília).

Contudo, mesmo com a B3 sem negociar, os investidores ficaram bem atentos ao movimento dos ADRs (recibos de ações de empresas listadas em bolsas estrangeiras e negociados nos Estados Unidos) das companhias brasileiras. Isso principalmente com a escalada da guerra da Ucrânia, que fez os preços das commodities dispararem (ainda mais).

Olhando apenas para o desempenho acumulado nestes dois dias do índice Dow Jones Brazil Titans 20 ADR, que reúne os papéis mais negociados das empresas brasileiras no mercado de Nova York, poderia parecer que os dias foram tranquilos para o mercado. Na segunda, o índice fechou em alta de 0,32% e, na terça, em alta de 0,28%, com um avanço de 0,60% no período, a 19.066 pontos, descolando-se dos mercados internacionais principalmente na véspera, quando Wall Street registrou forte queda.

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Contudo, alguns papéis tiveram forte variação, para cima ou para baixo, guardando forte relação com os desdobramentos da guerra na Ucrânia e a disparada das commodities. Em dois dias, o ADR da Vale (VALE3) registrou a maior alta acumulada, com ganhos de cerca de 5,8%, com siderúrgicas como CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4) também com fortes ganhos, de cerca de 3%, em meio à disparada do minério.

A alta das commodities continua nessa quarta, com os contratos futuros de aço negociados na China, maior produtor mundial do produto, subindo para uma máxima de mais de duas semanas na quarta-feira, devido a expectativas de que o conflito Rússia-Ucrânia aumentará a demanda por aço chinês no exterior.

A Rússia, que está enfrentando uma onda sem precedentes de sanções econômicas de aliados ocidentais por sua invasão na Ucrânia, responde por cerca de 10% do comércio global de aço, enquanto a Ucrânia tem uma participação de 4%, segundo analistas da Huatai Futures. A interrupção do fornecimento forçará alguns grandes compradores a buscar fontes alternativas, e “atualmente apenas a China pode preencher essa enorme lacuna de mercado”, disseram os analistas em nota.

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O contrato de minério de ferro mais ativo de maio na bolsa de commodities de Dalian da China subiu 5,9% nesta quarta, para o maior nível desde 15 de fevereiro. Interrupções nas exportações de minério de ferro da Rússia e da Ucrânia também levaram alguns compradores europeus a buscar fontes alternativas, potencialmente reduzindo a oferta global. Nesta quarta, os ADRs da Vale seguem com ganhos, de cerca de 1,2%.

Os ativos da Petrobras (PETR3;PETR4) também registraram ganhos, de cerca de 3%, em meio à forte disparada do petróleo durante o período de B3 fechada.  O  petróleo disparou ontem e superou os US$ 100 o barril. A escalada começou logo pela manhã, mas ganhou força durante a tarde após a Agência Internacional de Energia (AIE) – que representa os consumidores-chave de petróleo – anunciar a liberação de estoques, em tentativa de sinalizar que não haverá desabastecimento.

A medida, no entanto, não conseguiu conter a alta de commodity. O petróleo WTI para abril fechou ontem em alta de 8,03%, em US$ 103,41 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex); e o Brent para maio avançou 7,15%, para US$ 104,97 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Contudo, investidores também monitoram a pressão da alta de preços sobre a política da companhia, limitando maiores ganhos para o papel. Ainda assim, os ganhos seguem, com os ADRs PBR subindo mais de 2% nesta quarta.

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Já entre as maiores quedas, estiveram os papéis da Ambev (ABEV3), BRF (BRFS3) e aéreas Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4), impactados principalmente pela alta dos preços das commodities em meio à escalada das tensões. Enquanto as aéreas sofrem com o aumento dos custos por conta da alta dos preços do petróleo, Ambev e BRF são impactadas com a alta dos preços de produtos agrícolas, usados na fabricação de cerveja, outras bebidas e na criação de frangos, respectivamente. Cabe destacar que a Embraer (EMBR3) também teve perdas expressivas, de mais de 4%.

Os preços de petróleo, gás, alumínio, níquel, trigo e nitrato de amônio são bastante afetados, uma vez que a Rússia representa 11%, 17%, 6%, 5%, 20% e 60% da oferta/comércio global, segundo dados do Bradesco BBI.

Os analistas do Itaú BBA estimaram em relatório recente que aproximadamente 10% dos custos de produtos vendidos da unidade de cervejas da Ambev no Brasil estejam relacionados a milho e trigo. “De acordo com os nossos cálculos, essas commodities têm um papel-chave na estrutura de custo da Ambev e qualquer alta mais expressiva de preços poderia prejudicar o potencial de ganhos da empresa”, afirmam.

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Já sobre a BRF, as tensões geopolíticas têm impactos distintos sobre a empresa, apontou o BBA: melhores preços de frango e pressão de custos relacionados ao milho. A BRF poderia se beneficiar com melhores preços de exportação de frango para regiões que costumam ser abastecidas pela Ucrânia. Pelo lado negativo, dado o papel que a Ucrânia tem nas exportações globais de milho, uma queda nos estoques pode pressionar contratos futuros e a estrutura de custo da empresa no curto prazo.

Os ADRs de bancos também tiveram queda expressiva no desempenho acumulado, entre 2% e 3,7%, acompanhando principalmente o movimento em Wall Street. Na véspera, o índice de bancos mais amplo do S&P500 caiu 5,7%, com os rendimentos do Tesouro dos EUA de 10 anos indo para os menores patamares em cinco semanas em meio a uma fuga para a dívida de porto seguro.

Confira o desempenho dos principais ADRs durante o feriado de Carnaval: 

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Empresa ADR Preço de fechamento (em US$) em 25 de fevereiro  Preço de fechamento (em US$) em 1 de março Variação (%)
Vale VALE 17,82 18,86 +5,84%
Petrobras PBR (equivale a PETR3) 14,19 14,68 +3,45%
CSN SID 4,79 4,94 +3,13%
Petrobras PBR-A (equivale a PETR4) 13,15 13,52 +2,81%
Gerdau GGB 4,86 4,95 +1,85%
Eletrobras EBR.B 6,61 6,62 +0,15%
Pão de Açúcar CBD 4,5 4,49 -0,22%
TIM Brasil TIMB 13,14 13,07 -0,53%
Telefônica Brasil VIV 9,75 9,67 -0,82%
Sabesp SBS 8,05 7,97 -0,99%
Grupo Ultra UGP 2,97 2,93 -1,35%
Cemig CIG 2,56 2,51 -1,95%
Bradesco BBD 3,91 3,83 -2,05%
Itaú Unibanco ITUB 4,867 4,74 -2,61%
Santander Brasil BSBR 5,96 5,74 -3,69%
BRF BRFS 3,27 3,13 -4,28%
Embraer ERJ 13,76 13,15 -4,43%
Ambev ABEV 2,96 2,82 -4,73%
Azul AZUL 14,92 14,07 -5,70%
Gol Linhas Aéreas GOL 6,75 6,32 -6,37%

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.