PRIO (PRIO3), 3R (RRRP3) e “junior oils” surfam com valorização do petróleo, mas recessão preocupa

Independente do cenário da commodity, produtoras independentes de petróleo na B3 passam por consolidação de ativos adquiridos

Augusto Diniz

(Getty Images)

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O mercado já esperava por resultados amplamente positivos às petroleiras de menor porte da bolsa, conhecidas como “junior oils” – por conta da diferença de tamanho frente à gigante Petrobras (PETR3;PETR4) –, durante a safra de balanços do segundo trimestre.

Isso porque o conflito entre Rússia e Ucrânia fez disparar o preços do barril do petróleo, ampliando a receita de companhias como 3R Petroleum (RRRP3), Petrorecôncavo (RECV3), PRIO, antiga PetroRio, (PRIO3) e Enauta (ENAT3).

Entretanto, existe no radar do mercado a expectativa de uma recessão global, o que forçaria para baixo o preço do barril e, consequentemente, a receita destas empresas. O UBS, por exemplo, considera a demanda futura pelo produto algo não muito claro de mensurar por conta de mudanças estruturais em progresso por conta da pandemia.

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A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), por sua vez, reconhece risco de oferta com a demanda resiliente, o que aponta um cenário favorável de manutenção do preço do petróleo em alta.

“Júnior Oils” têm desafios, mas são compra

Independente do cenário da commodity, contudo, as empresas de petróleo listadas na B3 (B3SA3) passam por outros desafios internos, como o de absorver aquisições e manter o mesmo ritmo de crescimento do primeiro semestre.

Mas as perspectivas são positivas. Tanto que o Itaú BBA reiniciou a cobertura de 3R, PetroReconcavo e PRIO, com recomendação de compra para ambas, justificando a expectativa de manutenção do cenário favorável para os preços do petróleo nos próximos anos.

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Sobre a 3R, o BBA ressaltou o diversificado portfólio em estágios variados de maturidade. Com isso, a companhia teria um risco maior em comparação aos seus pares, já que a eficiência na execução desses campos é crucial para o aumento de produção.

Para PetroReconcavo, a instituição vê menos riscos de execução, diante de suas reservas menores (ante pares) e mais previsibilidade de produção, pois seus campos estão em estágios de maturidade mais elevados.

Em relação a PRIO, a maior entre as “junior oils” – contando o tamanho das reservas –, o BBA aponta que sua produção está concentrada em poucos campos, que “estão abaixo da maturidade média”. A análise pontua a integração em mais de um campo por meio de um único FPSO (navio para a exploração, armazenagem e escoamento do petróleo e/ou gás natural), mas ressalta que a “integridade” desse FPSO é “crucial para mitigar riscos operacionais”, que poderiam reduzir ou interromper a produção da PRIO.

Os analistas ressaltaram ainda ser essencial que as empresas do setor busquem também por menores custos de extração – ou redução do chamado lifting cost por barril -, para se defenderem contra eventual queda nos preços do petróleo.

Ativo Recomendação BBA Preço-alvo Preço de abertura (*)
3R Petroleum (RRRP3) Compra R$ 105,00 R$ 34,53
PetroRecôncavo (RECV3) Compra R$ 39,00 R$ 24,35
PRIO (PRIO3) Compra R$ 45,00 R$ 24,71

*Abertura de 19/08, às 10h30

Entrave com a Petrobras atrapalha PRIO

A PRIO, em meio ao trabalho de desenvolvimento de seus campos, tenta resolver a pendenga com a Petrobras em relação ao Campo Albacora (chamado de Albacora Oeste pela empresa para diferenciá-lo de Albacora Leste, este já em transição com a estatal). A produtora independente fez nova proposta de aquisição do campo, já que no recálculo do tamanho da reserva petrolífera durante a negociação de aquisição com a Petrobras, verificou-se ser maior do que o estimado.

Mas a empresa mostrou incômodo com a indefinição, durante teleconferência com analistas. Para a PRIO, o processo de desinvestimento dentro da Petrobras perdeu força, atravancando o negócio. A empresa, no entanto, destacou que o campo é prioridade para a companhia.

Ao Por Dentro dos Resultados (PDR), do InfoMoney (veja abaixo), Milton Rangel, CFO da PRIO, disse que a indústria petrolífera no mundo teve redução de exploração de novos campos. “Isso causou pressão de oferta”, disso. Além disso, a demanda cresceu depois de um momento difícil devido à pandemia. “Isso dá um pouco de convicção de que o preço do petróleo não tende a cair absurdamente nos próximos anos”, ressalta.

Aquisição com preço do brent menor do que a produção hoje

A 3R Petroleum espera concluir a aquisição com a Petrobras nos próximos dias do Polo de Pescada no Rio Grande do Norte; até o final do ano do Polo Papa-Terra, na Bacia de Campos; e no início de 2023 do Polo Potiguar.

Ricardo Savini, CEO da 3R Petroleum, fez questão de ressaltar que o preço médio do brent para aquisição de suas nove operações foi de US$ 56. “Hoje, a produção está acima de US$ 100”, comemorou o bom negócio realizado.

É interessante observar também nas produtoras independentes um crescente interesse em avançar com o gás natural, que também está com preço em alta. A 3R, por exemplo, assinou um importante contrato com a Bahia Gás a partir de extração no Cluster do Recôncavo e foca incremento na área tanto em produção como comercialização.

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Interesse no Polo Urucu

A previsão da PetroRecôncavo é perfurar 44 poços de petróleo até o fim do ano. Marcelo Magalhães, CEO da companhia, disse a analistas de mercado que o foco em M&A são em ativos maduros, para revitalização, em terra no Brasil.

Ele informou ainda que há dois polos de petróleo com esse perfil: o Bahia Terra, que a empresa tem parceria com a Eneva na negociação com a Petrobras (suspensa no momento por decisão judicial, mas em busca de resolução rápida) e Urucu, que já teve negociações de venda no passado para outras empresas, mas não caminharam.

Magalhães não vê entrave em Urucu num possível novo governo, já que ele considera venda de ativos da Petrobras em áreas onshore algo bastante viável à estatal.

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Aumento de receita com preço do brent

Já a Enauta centra seu negócio hoje no Campo de Atlanta, na Bacia de Santos, um projeto greenfield, ao contrário das outras produtoras independentes, que adquirem ativos maduros. A companhia, no entanto, vive uma situação antagônica.

A receita líquida com Atlanta quase dobrou no último trimestre, com a cotação alta do brent e também pelo fato da empresa ser agora 100% dona do campo.

Décio Oddoni, CEO da Enauta, reconhece, por outro lado, que o preço do petróleo a US$ 100 é mais difícil comprar ativo hoje, depois de fracassada tentativa no passado. “Mas continuamos atentos. Estamos buscando M&A”, disse.

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