Petrobras (PETR4) não tem “qualquer previsão” de alterar política de dividendos, diz executivo da estatal

Empresa anunciou a distribuição de R$ 43,7 bilhões em dividendos; governo eleito critica distribuição de proventos

Mitchel Diniz

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O novo governo eleito no último domingo pautou boa parte das perguntas feitas durante a teleconferência de resultados trimestrais da Petrobras (PETR3;PETR4), nesta sexta-feira (4).

Petrobras lucra R$ 46,096 bi no 3º tri de 2022, alta de 48% e acima das projeções

Os analistas queriam saber, dos executivos da petrolífera, o que esperar para a companhia em termos de política de investimentos, transição energética e, sobretudo, de distribuição de dividendos com a mudança de grupo político no controle da Petrobras a partir de 2023.

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Esta semana, a distribuição de proventos pela companhia gerou comentários negativos pela equipe de transição do governo Lula. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, usou as redes sociais para chamar os dividendos da empresa de “sangria”.

“Não concordamos com essa política que retira da empresa sua capacidade de investimento e só enriquece acionistas. A Petrobras tem de servir ao povo brasileiro”, disse Gleisi, em publicação no Twitter.

O tom da teleconferência sobre os números do terceiro trimestre, por outro lado, reforçou o compromisso da empresa em remunerar o acionista. “Não tem qualquer previsão de alteração de política de dividendos para a companhia”, disse Rodrigo Araújo, diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras.

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Ontem (3), antes da divulgação dos resultados trimestrais, a Petrobras anunciou a distribuição de R$ 43,7 bilhões em dividendos.

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Atualmente, a Petrobras distribui 60% do caixa em proventos, observando a sustentabilidade financeira da companhia, no curto, médio e no logo prazo. Araújo explicou que uma mudança na política de distribuição de dividendos é de competência do conselho de administração.

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“O procedimento envolveria uma proposição pela área financeira da companhia e aprovação da diretoria executiva, mas o conselho de administração dá a palavra final”, explicou o executivo.

Governança da Petrobras no novo governo

Salvador Dahan, diretor de governança e conformidade da Petrobras, ressaltou que a empresa hoje é bem diferente da época em que vivia imersa em escândalos de corrupção. Ele destacou a governança atual permite um modelo de gestão com robustez e conforto, amparado por um marco legal, que inclui a lei das estatais e a lei anticorrupção.

“A grande mensagem hoje é que, com esse novo modelo de governança, garantimos mais transparência e visibilidade caso algum retrocesso aconteça”, afirmou Dahan.

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Braskem (BRKM5) e Albacora

Os executivos também foram questionados sobre o encerramento das negociações entre Petrobras e PRIO (PRIO3) sobre o Campo de Albacora. Sem um acordo entre as empresas, o campo permaneceu integralmente na carteira da estatal e vai passar por uma revitalização.

O diretor financeiro da petrolífera afirmou que a Petrobras vê grande potencial no campo e tinha visão diferente da PRIO sobre o valor do ativo. “A gente olha para o que acontece nos próximos cinco, dez anos e vemos bastante potencial [no campo]. Houve diferenças de forma de pagamento, mas substancialmente, na visão de valor”, disse.

Araújo disse ainda que a companhia tem se preparado internamente para se engajar no processo de desinvestimento de sua fatia na Braskem, no momento que for mais oportuno. A Novonor, com participação de 51%, demandou que a petroquímica se engaje na venda de sua participação na companhia.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados