Reações às manifestações na volta do feriado, bolsas no exterior em queda e mais assuntos que vão movimentar o mercado hoje

Nervosismo quanto à perspectiva de recuperação econômica e a ressurgência de casos de Covid voltam a afetar mercados mundiais

Equipe InfoMoney

(Getty Images)

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SÃO PAULO – A volta do feriado de Independência nesta quarta-feira (8) é de repercussão das manifestações contra e a favor do governo no dia 7 de setembro. Em discursos em Brasília e São Paulo, Jair Bolsonaro fez ameaças contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e atacou o ministro Alexandre de Moraes. Apesar da atenção às manifestações, o ETF EWZ fechou a sessão da véspera em alta de 0,61% na Bolsa de Nova York.

Por mais que a manifestação recente não tenha levado a maiores, como conflitos e participação ostensiva de policiais militares, as falas de Bolsonaro reforçaram a crise político-institucional, o que pode ter impacto na agenda de reformas.

No exterior, a sessão na Europa é negativa e os futuros de Nova York abrem em baixa, com reavaliação das perspectivas de crescimento após a recuperação deste ano. Confira os destaques:

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1. Bolsas mundiais

Estados Unidos

Os índices futuros americanos recuam nesta quarta, à espera de novos dados sobre a economia e com reavaliação das perspectivas de crescimento após a recuperação deste ano.

Na terça, o S&P caiu 0,3%, em um dia de relativamente poucas negociações, após o feriado do Dia do Trabalho. O Dow recuou 260 pontos, enquanto que o Nasdaq, marcado por ações de tecnologia, avançou menos de 0,1%, aproximando-se de um patamar recorde no fechamento.

Historicamente, setembro vem sendo um dos mês mais fracos do ano. Há temor de que os preços sofram fortes oscilações, especialmente quando se leva em consideração que o S&P subiu cerca de 20% no ano, sem ter passado por um único recuo de 5%.

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Na quarta, o Departamento de Emprego divulgará sua pesquisa sobre Abertura de Vagas e Rotatividade da Mão de Obra. Além disso, o Federal Reserve lançará o seu Livro Bege, que traz uma descrição sobre a atividade em 12 distritos.

Anteriormente, o presidente do Fed, Jerome Powell afirmou que o banco central americano deve reduzir o ritmo de seu programa de compra de títulos, que vem injetando mensalmente US$ 120 bilhões na economia. Mas ele afirmou que o movimento está atrelado a sinais de fortalecimento do mercado de trabalho.

Divulgado na sexta, o relatório de empregos relativo a agosto nos Estados Unidos, indicou a criação de 235 mil vagas. O patamar ficou abaixo da expectativa de economistas ouvidos pela Dow Jones, de criação de 720 mil vagas. Em julho haviam sido criadas 1,053 milhão de vagas.

Ao mesmo tempo, o índice de desemprego recuou de 5,4% para 5,2%, em linha com as estimativas.

Os dados fracos sobre emprego, aliados aos efeitos da propagação da variante delta do coronavírus, podem atrasar a redução do ritmo de compra de títulos nos Estados Unidos.

No final de semana, o banco Goldman Sachs reduziu a sua perspectiva econômica para os Estados Unidos, citando a redução de estímulos fiscais e o avanço da variante Delta do coronavírus, o que pode estar contribuindo para os resultados modestos dos futuros americanos nesta quarta.

O banco vê crescimento e 5,7% no PIB em 2021, abaixo do consenso do mercado, de 6,2%. O banco também reduziu sua perspectiva para o PIB no quarto trimestre de 6,5% a 5,5%.

Em sua nota, o banco afirmou: “Os obstáculos para o crescimento do consumo no futuro parecem muito maiores: a variante Delta já está pesando sobre o crescimento no terceiro trimestre, e a redução dos estímulos fiscais e uma recuperação mais lenta do setor de serviços devem trazer problemas no médio prazo”.

Ásia

As bolsas asiáticas têm desempenhos variados entre si na quarta, com desempenho positivo de ações do Evergrande Group, que se recuperam levemente, após terem caído por um curto período a um patamar abaixo do preço de sua oferta pública inicial de ações.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng fechou com queda de 0,12%; na China continental, o Shanghai composto recuou levemente, a 3.675,19 pontos; na Coreia do Sul, o Kospi perdeu 0,77%; no Japão, o Nikkei subiu 0,89%.

A economia do Japão avançou 1,9% no trimestre entre abril e junho, em comparação com o mesmo período do ano anterior, acima da estimativa inicial de alta de 1,3%.

Europa

As bolsas europeias recuam nesta quarta, em meio a nervosismo quanto à perspectiva de recuperação econômica e a ressurgência de casos de Covid.

O índice Stoxx 600, que reúne as ações de 600 empresas de todos os principais setores de 17 países europeus, cai 1,3%, com destaque negativo do setor automotivo.

No continente, investidores aguardam o desfecho da reunião de quinta do Banco Central Europeu, em meio a uma alta recente na inflação e indicadores econômicos positivos, que levam a alguns observadores a esperarem menos estímulos das autoridades.

Veja os principais indicadores às 7h40 (horário de Brasília):

Estados Unidos

*Dow Jones Futuro (EUA), -0,13%
*S&P 500 Futuro (EUA), -0,1%
*Nasdaq Futuro (EUA), -0,08%

Europa

*FTSE 100 (Reino Unido), -0,7%
*Dax (Alemanha), -0,91%
*CAC 40 (França), -0,51%
*FTSE MIB (Itália), -0,3%

Ásia

*Nikkei (Japão), +0,89% (fechado)
*Shanghai SE (China), -0,04% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong), -0,12% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), -0,77% (fechado)

Commodities e Bitcoin

*Petróleo WTI, +1,36%, a US$ 69,28 o barril
*Petróleo Brent, +1,13%, a US$ 72,52 o barril
*Bitcoin, 10,04%, a US$ 45.947,54
*Sobre o minério: **Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian registram alta de 0,07%, cotados a 747 iuanes, equivalente hoje a US$ 115,65 (nas últimas 24 horas).
USD/CNY = 6,46

2. Desempenho dos ADRs e atos políticos

Na véspera, dia de B3 fechada no Brasil, o principal índice de ADRs (na prática, as ações de empresas de fora dos EUA negociadas em Nova York) do Brasil, o Dow Jones Brazil Titans 20 ADR subiu. Os papéis se ajustaram ao desempenho positivo das ações na B3 na segunda, quando as Bolsas de Wall Street estavam fechadas por causa do feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos.

Na terça, dia que celebrou a Independência do Brasil, o Dow Jones Brazil Titans 20 subiu 0,47%, a 19.595 pontos. Ele foi na contramão dos índices Dow Jones e S&P 500, que fecharam no vermelho, com quedas de 0,76% e 0,34%, respectivamente. Já o Nasdaq Composite teve leve alta de 0,07%.

O desempenho do índice de ADRs brasileiros só não foi melhor porque alguns papéis de peso caíram, como os da Vale (-1,94%). Já o setor financeiro subiu, ajudando a empurrar o Dow Jones Brazil Titans 20 para cima, como as ADRs do Itaú (+1,23%) e as do Bradesco (+0,23%).

Os investidores de ações brasileiras observaram com cautela os protestos que aconteceram no Brasil em favor do governo de Jair Bolsonaro. O presidente participou das manifestações em Brasília e em São Paulo, que reuniram milhares de pessoas na Esplanada dos Ministérios e na Avenida Paulista, defendendo pautas antidemocráticas. O movimento foi organizado há dois meses, diante de pesquisas que mostraram o aumento da rejeição a Bolsonaro no país.

Na manhã desta quarta, no pré-market da Bolsa de Nova York, o EWZ, principal ETF brasileiro negociado no mercado americano, que replica o índice MSCI Brazil, registrava baixa de cerca de 0,5% no pré-market da Bolsa de NY.

Roberto Attuch, fundador e CEO da OHM Research, afirmou em entrevista no canal do InfoMoney no YouTube, que a bolsa brasileira em dólar tende a abrir em queda de 1,5%, em um ajuste técnico sobre os movimentos dos últimos dias. Assista abaixo, ou clique aqui.

Sobre as manifestações, para Carlos Melo, professor do Insper, elas apresentaram quórum abaixo das sinalizações feitas pelos organizadores ao longo da semana e o bolsonarismo também não conseguiu ampla adesão, mesmo em setores mais próximos, como evangélicos, ruralistas, caminhoneiros e policiais militares.

Leia mais: os impactos do 7 de setembro para os mercados e a agenda política

“A força que o presidente queria demonstrar ficou aquém da expectativa”, afirmou. “Esperava-se que o presidente mobilizasse os céus e o inferno: envolvimento com polícias militares, setores qhe poderiam estar armados. Nada disso ocorreu – é positivo, mas também tira um pouco da expectativa”.

Mesmo com o revés de Bolsonaro, o especialista vislumbra um cenário de forte turbulência à frente, sobretudo com o presidente dobrando a aposta nos atritos contra o STF e até mesmo falando sobre uma possível convocação do Conselho da República.

Nos jornais, os destaques também são as manifestações no feriado. Após elevação do tom por parte do presidente, são esperadas respostas dos demais poderes.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cancelou a agenda da semana por considerar que não há clima para votações – pautas de interesse do governo, como a reforma do IR, não avançarão. Já o presidente do STF, Luiz Fux, deve pronunciar-se oficialmente hoje.

Passa a ser consenso de que as falas de Bolsonaro terão efeitos práticos sobre a agenda econômica do governo. Líderes de partidos e o relator da PEC dos precatórios, Darci de Matos, reiteram a visão de que o clima piorou com os atos de ontem e que uma saída mais fácil, via CNJ, ganhou ainda mais obstáculos.

Segundo reportagem do jornal Valor Econômico, os ataques do presidente ao STF devem atrapalhar o acordo que vinha sendo negociado entre o governo e o Judiciário para reduzir o valor a ser pago com os precatórios, que são dívidas judiciais que o governo é obrigado a pagar.

Em 2022, a conta chegou a R$ 89,9 bilhões, alta de quase R$ 40 bilhões em relação a 2021. O valor dificultaria a criação do Auxílio Brasil, uma nova versão do Bolsa Família que o presidente pretende lançar em ano de eleição. Além de um acordo costurado com o STF, o governo também busca uma solução por meio de uma proposta de emenda constitucional (PEC) no Congresso.

Darci de Matos (PSD-SC) afirmou que o discurso de Bolsonaro “com certeza atrapalha” o acordo com o STF. “O acordo seria um caminho talvez mais curto, mas é isso aí, fazer o quê? Faz parte do jogo. Vamos na Câmara fazer a nossa parte e aprovar a PEC, ela resolve o problema sozinha”, afirmou.

No dia dos atos, o comando do PSDB anunciou a realização de uma reunião da Executiva extraordinária do partido para discutir o eventual impeachment de Bolsonaro.

Em entrevista coletiva no Centro de Operações da PM (Copom), que monitora as manifestações em São Paulo, o governador do estado, João Doria (PSDB), defendeu o impeachment do presidente, diante do que disse considerar “crimes já cometidos” durante as manifestações de 7 de Setembro.

3. Agenda

Brasil

8h: Inflação medida pelo IGP-DI, relativa a agosto
14h30: Dados sobre fluxo cambial estrangeiro
17h30:  Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, participa de evento do Credit Suisse

Estados Unidos

8h: Associação dos Banqueiros Hipotecários dos Estados Unidos divulga dados sobre pedidos de hipotecas e juros de hipotecas com vencimento em 30 anos
14h10: John Williams, membro do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc na sigla em inglês) do Fed, realiza um discurso
15h: Divulgação do Livro Bege

Europa

8h: Elizabeth McCaul, do Banco Central Europeu, realiza um discurso

Japão

20h50: PIB do segundo trimestre

China

22h30: Inflação medida pelo Índice de Preços ao Produtor (IPC) relativo a agosto

Radar InfoMoney

Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora, passa a apresentar o programa Radar, do InfoMoney, a partir desta quarta-feira, 8 de setembro. Transmitido no canal do InfoMoney no YouTube, o Radar vai trazer ao vivo, de segunda a sexta, sempre às 12h15, as principais notícias que movimentam os mercados. programe-se e acompanhe a estreia nesta quarta.

4. Covid

Na terça (7), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 526, patamar 27% abaixo daquele de 14 dias antes. Em apenas um dia, foram registradas 342 mortes. As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.

A média móvel de novos casos em 7 dias foi de 19.102, queda de 28% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 13.868 novos casos.

Chegou a 135.423.423 o número de pessoas que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 63,48% da população. A segunda dose ou a vacina de dose única foi aplicada em 67.924.559 pessoas, ou 31,84% da população.

A dose de reforço foi aplicada em 1.034 pessoas, ou 0,01% da população.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou na segunda-feira que iniciou os procedimentos internos para eventual inspeção presencial de unidade do laboratório Sinovac na China responsável pelo envase de 12,1 milhões de doses da vacina contra Covid-19 CoronaVac que tiveram o uso proibido pela agência.

No sábado, a Anvisa determinou a interdição cautelar dos lotes da CoronaVac, proibindo a distribuição e uso, por terem sido envasados em planta não aprovada na autorização de uso emergencial obtida pelo Instituto Butantan, responsável pela vacina no Brasil.

“Para que ocorra a revogação das medidas cautelares e liberação das vacinas, é necessário que sejam comprovadas as boas práticas de fabricação da empresa”, disse a Anvisa.

Além disso, o governo do estado de São Paulo informou na terça que Bolsonaro foi autuado pela vigilância sanitária do Estado de São Paulo por não usar máscara ao participar de um ato com apoiadores na Avenida Paulista que teve como mote principal críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Além do presidente, mais 13 autoridades e personalidades que o acompanhavam também foram autuadas pela vigilância sanitária de SP, incluindo o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e parlamentares.

“Todos os cidadãos, incluindo figuras públicas e políticas, devem zelar pela proteção individual e coletiva. A manutenção das medidas preventivas já conhecidas e preconizadas pelas autoridades sanitárias nacionais e internacionais, que incluem o uso de máscara, seguem cruciais para prevenção contra Covid-19”, disse o governo paulista em nota.

Essa é a sétima vez que Bolsonaro recebe uma multa em São Paulo por descumprir normas sanitárias relacionadas ao enfrentamento à pandemia de Covid-19. Além do não uso de máscara, ele também já foi multado por estímulo e envolvimento em ações de risco à saúde pública, segundo o governo paulista.

5. Radar corporativo

Localiza (RENT3) e Unidas (LCAM3)

A Superintendência-Geral do Cade, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, emitiu parecer na noite de segunda recomendando a aprovação da fusão entre Localiza e Unidas  mediante “remédios”. O negócio agora segue para avaliação do Tribunal do Cade, com prazo até janeiro de 2022.

Em um documento com mais de 200 páginas, o Cade afirmou que a concentração das operações “gera riscos relevantes para o ambiente competitivo no mercado de locação de veículos (RAC)”. O tamanho da concentração no RAC, segundo a autarquia, seria de 70% após a fusão das duas companhias.

Hypera (HYPE3)

A Hypera vai captar R$ 1 bilhão com debêntures de 5 anos para reforçar caixa.

Gol (GOLL4)

A Gol divulgou na segunda que a demanda para os voos cresceu 84,7% em agosto de 2021 na comparação com o mesmo mês do ano passado, enquanto a oferta aumentou 83%.

Já a taxa de ocupação foi de 80,2%, um aumento de 0,8 ponto em relação a agosto de 2020. No mês passado, a Gol transportou 1,5 milhão de passageiros, um aumento de 87% na mesma base de comparação. No acumulado de janeiro a agosto, a demanda avançou 4,6% e a oferta subiu 1,5%, na comparação com o período de janeiro a agosto de 2020, com taxa de ocupação de 82%, alta de 2,5 pontos porcentuais. Os dados se referem apenas à operação doméstica da Gol, pois a companhia não realizou voos internacionais no período.

Invepar ([ativo=IVPR3]) e CCR (CCRO3)

Segundo informações do jornal Valor Econômico, a Invepar retomou a busca por um investidor no Aeroporto de Guarulhos, cuja concessão controla, com 51% das ações. Com o mandato do negócio, o banco Goldman Sachs prospecta potenciais interessados em fazer aporte superior a R$ 1 bilhão. Além disso, fontes disseram ao jornal que a CCR e a gestora Farallon avaliam o ativo.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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