O pior da crise ficou no segundo trimestre, dizem CEOs e CFOs de empresas da Bolsa

Série de lives do InfoMoney termina, com 22 horas de entrevistas com executivos respondendo diretamente as perguntas dos leitores

Anderson Figo

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SÃO PAULO — A série “Por Dentro dos Resultados”, do InfoMoney, chegou ao fim na última terça-feira (1). Foram 22 lives com executivos de empresas da Bolsa, entre eles 16 CEOs, que responderam mais de 300 dúvidas dos leitores sobre os resultados no segundo trimestre de 2020 e perspectivas para o restante do ano. Juntos, os vídeos tiveram mais de 121.000 visualizações.

No geral, os executivos das companhias que foram negativamente afetadas pelo Coronavírus que participaram da série disseram que o pior da crise ficou mesmo no segundo trimestre. Com a reabertura parcial da economia em alguns lugares a partir de junho e julho, eles disseram que já conseguiram observar uma melhora nos números.

É o caso da Hermes Pardini (PARD3), cujo CEO, Roberto Santoro, disse que todas as linhas do balanço estão se recuperando. “Isso é um fato bastante importante, se aproximando aí de um total de 90% [do nível pré-pandemia], tirando a contribuição do [teste de] Covid-19”, afirmou. “Mas algumas linhas, por causa da pandemia, sofrem mais, principalmente exames em vivo, que você precisa do paciente pessoalmente para fazer determinado exame, como na área de radiologia.”

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Na MRV (MRVE3), o movimento foi parecido. Rafael Menin, CEO da empresa, afirmou que “mesmo com a pandemia, a procura pelos empreendimentos da MRV aumentou 50% nos últimos três meses”. O executivo afirmou que “boa parte da população percebeu que neste momento é fundamental ter uma habitação de alta qualidade”.

Já a M.Dias Branco (MDIA3), embora tenha conseguido aumentar suas vendas de alimentos durante a quarentena, foi prejudicada pelo avanço do dólar, uma vez que ela importa trigo. Ainda assim, os números foram elogiados por analistas.

A pandemia, em alguns casos, motivou uma mudança no modelo de negócios das empresas ou acelerou planos de investimento em tecnologia que estavam na gaveta há muito tempo, ou que caminhavam em um ritmo bem mais lento no passado.

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A Via Varejo (VVAR3), por exemplo, passou a ter uma parcela significativa das suas vendas feitas pela internet, já que as lojas físicas estavam fechadas.  “A companhia já virou online, teve 70% de seu faturamento do segundo trimestre vindo do online e, por vários momentos, chegou a ter 100% das receitas vindas do online quando todas as lojas físicas estavam fechadas”, disse Roberto Fulcherberger, CEO do grupo.

Falando em vendas online, o Mercado Livre (MELI34) foi outra companhia que se beneficiou do fato de as pessoas terem que ficar em casa. A empresa argentina, que tem ações listadas na Nasdaq, em Nova York, e recibos de ações (BDRs) na Bolsa brasileira, se tornou a mais valiosa da América Latina, ultrapassando em valor de mercado a brasileira Vale. “A surpresa foi que demorou para acontecer”, disse Stelleo Tolda, diretor de operações do grupo.

Nos setores mais prejudicados pela crise, o foco na preservação de caixa, renegociação de contratos e corte de custos foi regra no segundo trimestre. Praticamente todas as companhias usaram a Medida Provisória assinada pelo governo que permite redução de jornada e salário dos trabalhadores para evitar demissões. Contudo, em alguns casos, elas foram inevitáveis — como no caso da Priner (PRNR3).

“A recuperação vai acontecer. Haverá um surto de obras que vai acontecer de uma hora para a outra quando a solução para a Covid sair. Não será no terceiro trimestre, mas vamos nos preparar nessa segunda metade do ano para dar conta da demanda quando a hora chegar”, disse o CEO do grupo, Túlio Cintra.

Outro setor fortemente impactado pela crise foi o de aviação, que foi representado na série pela Azul (AZUL4). Segundo o CEO John Rodgerson, a demora na aprovação de uma linha de crédito por parte do BNDES forçou a empresa a “fazer a lição de casa” e negociar com fornecedores.

A empresa conseguiu postergar o pagamento de dívidas com 98% dos arrendadores e recompôs seu caixa para R$ 3 bilhões. “O fato que o BNDES atrasou, apesar de agora estar aprovado [o empréstimo] e nós podemos decidir se vamos pegar esse capital ou não, foi bom para nós. Nós tivemos que fazer a lição de casa primeiro”, disse.

Os shoppings também foram bastante afetados pela crise do Coronavírus, já que esses espaços tiveram que ficar fechados por meses. Segundo Cristina Betts, CFO da Iguatemi (IGTA3), o esforço para apoiar os lojistas foi fundamental para que o grupo pudesse atravessar a crise com o menor impacto negativo possível.

Entre as medidas, ela destacou o desconto de aluguel aos lojistas, que vão pagar a taxa de março somente em outubro, e o empenho em ampliar a plataforma de vendas online Iguatemi 365. Alguns shoppings da rede já estão com nível de vendas na casa dos 80% em relação ao mesmo período do ano passado.

E a Bolsa brasileira, a B3 (B3SA3), que quando muita gente esperava que ela fosse sofrer na crise com a venda em massa de ações acabou vendo o movimento contrário: registrou a entrada de milhares de investidores pessoas físicas em busca de “pechinchas”.

Se você acompanhou uma ou mais lives da série “Por Dentro dos Resultados”, participe da nossa pesquisa de satisfação, clicando aqui. Os vídeos estão todos na íntegra no canal do InfoMoney no YouTube.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.