Mobly (MBLY3) desaba 27%, Oncoclinicas (ONCO3) salta 16% e Ambipar (AMBP3) sobe 8%: os extremos na Bolsa após balanços

Além de Multi e Light, outras ações registram forte queda após resultados, caso também de construtoras; empresas de saúde tiveram movimentos distintos

Lara Rizério

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Além da derrocada das ações da Light (LIGT3)  e da Multi (MLAS3), ex-Multilaser, a sessão desta quarta-feira (29) foi de extremos para outras companhias da Bolsa após a divulgação dos resultados.

Do lado negativo, Mobly (MBLY3) desabou 27,61% (R$ 1,94) no pregão, enquanto Cruzeiro do Sul ([ativo=CSDE3]) fechou em queda de 4,78%,(R$ 2,19), se afastando das mínimas do dia. Dasa (DASA3) fechou em baixa de 7,39% (R$ 7,52), Qualicorp (QUAL3) caiu 5,97% (R$ 3,78). No setor imobiliário, Helbor (HBOR3, R$ 2, -7,41%), Melnick (MELK3, R$ 3, -5,96%), Even (EVEN3, R$ 4,36, -2,68%) e Gafisa (GFSA3, R$ 6,09, -6,31%) também caíram forte, com EVEN3 apenas diminuindo as perdas ao longo do dia.

Entre as maiores altas, destaque para Oncoclinicas (ONCO3), com avanço de cerca de 16,27% (R$ 7,86), enquanto Ambipar (AMBP3) saltou 8,15% (R$ 20,70). Renova (RNEW4) subiu 5,84% (R$ 1,63), enquanto IMC (MEAL3) e Kora (KRSA3) subiram 2,08% (R$ 1,96) e 8,24% (R$ 0,92), respectivamente.

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Confira as avaliações dos analistas para os resultados das empresas na Bolsa – e o que esperar para elas:

Mobly (MBLY3)

A Mobly (MBLY3) registrou um prejuízo líquido de R$ 16,8 milhões no quarto trimestre de 2022, número praticamente igual ao déficit de R$ 16,6 milhões registrado no mesmo período de 2021.

A leve alta do prejuízo, em parte, acompanha o pior desempenho da receita operacional líquida, que caiu 8% na base anual – saindo de R$ 190,4 milhões para R$ 175,8 milhões.

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O volume bruto de mercadorias (GMV, na sigla em inglês) recuou 5,6%, de R$ 253,6 milhões para R$ 234,8 milhões.

O Bradesco BBI destaca que o ambiente é ainda desafiador, como esperado.

Houve queda do GMV em base anual, com o canal de comércio eletrônico atuando como um obstáculo (queda anual de 17%), apesar de ser parcialmente compensado pelo crescimento das lojas físicas (28% –impulsionado essencialmente pela expansão da base de lojas, de 14 no 4T21 para 19 no 4T22).

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A margem bruta da empresa expandiu 1,30 ponto percentual, em relação ao ano anterior (2,30 pontos acima do esperado) devido a aumentos de preços e negociações com fornecedores, embora isso tenha sido mais do que compensado por um aumento de 2 p.p. nas despesas como porcentagem das vendas (pessoal de vendas mais alto, aumentos salariais do pessoal administrativo e alguma desalavancagem operacional), levando também a uma contração da margem Ebitda.  A posição de caixa líquido melhorou R$ 8 milhões durante o trimestre, devido principalmente a extensões de contas a pagar com fornecedores.

“Embora os resultados da Mobly não tenham sido muito diferentes de nossas expectativas, eles ainda são desanimadores, já que o crescimento das vendas (agora negativo por seis trimestres consecutivos) e a dinâmica da margem Ebitda permanecem desafiadores. No entanto, do lado positivo, a Mobly foi capaz de proteger o caixa –que é fundamental no atual ambiente de consumo/taxas de juros –principalmente por meio de negociações dos termos de pagamentos aos fornecedores”, aponta o banco.

O BBI avalia que a “Mobly puxou todas as alavancas possíveis para proteger o caixa e as margens em um ambiente de demanda difícil (cerca de 10% de contração anual em 2022 e contração também no canal online em 2023 até agora).”

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Os analistas projetam que esse posicionamento estratégico se mantenha no curto prazo, dadas as altas taxas de juros e a pressão de renda das famílias, que normalmente levam os consumidores a evitar comprar itens de valor mais alto.

“Em nossa opinião, a Mobly está progredindo em algumas áreas, com eficiência em logística (expansão da MoblyLog e custos mais baixos), maior eficiência de marketing e gerenciamento de caixa. No entanto, a visibilidade em qualquer recuperação de vendas e, mais importante, melhorando a lucratividade, parece limitada”, avaliam, mantendo assim recomendação neutra para a ação.

Na mesma linha, o Morgan Stanley reiterou recomendação equalweight (exposição em linha com a média do mercado) para Mobly, vendo um gerenciamento de margem da companhia, mas com pouca visibilidade à frente.

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O Goldman Sachs também reiterou recomendação neutra, enquanto segue de olho no caminho da empresa para a lucratividade e geração de de caixa.

“As vendas ficaram abaixo do consenso Bloomberg (-5%), impactadas negativamente por um cenário de demanda ainda desafiador para o setor moveleiro. No entanto, o controle de despesas de vendas, gerais e administrativas melhor do que o esperado levou ao Ebitda ajustado em linha com o consenso e ligeiramente acima do break even (equilíbrio). Vemos uma melhora significativa no ciclo de conversão de caixa no trimestre, o que levou a empresa a retomar a geração de caixa (geração de caixa operacional de R$ 10 milhões no trimestre)”, apontam os analistas do banco.

Multi (MLAS3)

A Multi, ex-Multilaser, registrou prejuízo líquido de R$ 205,2 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), revertendo lucro líquido de R$ 153,1 milhões no mesmo intervalo de 2021.

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O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi negativo em R$ 150,4 milhões no 4T22 ante R$ 153,5 milhões positivos do 4T21.

A XP aponta que a Multi reportou resultados abaixo das expectativas para o 4T22, com queda na receita líquida, Ebitda negativo e prejuízo líquido. A receita líquida caiu 12% na base anual, devido ao ambiente macroeconômico desfavorável que continuou a afetar a demanda por eletrônicos, especialmente Mobile Devices (-46%) e Office & IT Supplies (-15%), o que mais do que compensou o bom desempenho de Home Products (+59%) e Kids&Sports (+36%).

Por fim, os analistas da casa destacam que: i) a diretoria enfatizou que a margem Ebitda estrutural deve permanecer entre 13% e 15%; ii) os resultados do 1º semestre de 2023 devem permanecer pressionados com a transição do ERP; iii) o foco agora é em caixa, com a companhia adiando oportunidades de M&As [fusões e aquisições]; e iv) a Multi recebeu um waiver e estendeu seu covenant (cláusulas contratuais junto às instituições financeiras credoras) de dívida para 2,5 vezes a dívida líquida/Ebitda(em comparação com 2 vezes anteriormente).

O Itaú BBA, por sua vez, reduziu a recomendação para as ações MLAS3 depois do resultado, para equivalente à venda (underperform, desempenho abaixo da média do mercado), avaliando o resultado como “muito negativo”.

Light (LIGT3)

A Light (LIGT3), distribuidora de energia do Rio de Janeiro, fechou o ano de 2022 com um prejuízo de R$ 5,6 bilhões, afetada por efeitos não recorrentes contabilizados no quarto trimestre, que impactaram negativamente o resultado líquido consolidado, informou a companhia nesta noite. Em 2021, a distribuidora registrou lucro de R$ 398 milhões.

Segundo a companhia, a maior parte dos ajustes que impactou o quarto trimestre de 2022 se refere a uma provisão para devolução integral de créditos de PIS/Cofins aos consumidores nos termos da Lei 14.385/2022. Essa provisão impactou negativamente o resultado líquido em R$ 2,7 bilhões.

O Itaú BBA destaca os resultados da companhia como fracos, mas cita a visão da gestão de que, apesar dos desafios de liquidez, a empresa provavelmente conseguirá continuar fornecendo seus serviços para a população nos próximos 12 meses.

A empresa não divulgou seus números trimestrais, e parece que houve alguns ajustes contábeis que impossibilitaram a comparação com os números de previsão da casa.

As perdas de energia atingiram 26,51% no 4T22, de 25,98% no 3T22, muito acima do nível regulatório de 21,53%. A inadimplência recorrente aumentou para 3,6% da receita bruta, que também está muito acima do nível regulatório e de seus trimestres anteriores.

A empresa destaca que cumpriu todos os seus covenants financeiros no 4T22, mas não cumpriu nenhum das cláusulas não financeiras de duas de suas debêntures devido a um rebaixamento da classificação de crédito.

Oncoclínicas (ONCO3)

A Oncoclínicas (ONCO3) reportou um lucro líquido de R$ 96,9 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), montante 326,9% superior ao reportado no mesmo intervalo de 2021.

De acordo com a empresa, essa performance se deve a uma melhora ampla em diversos aspectos da operação, incluindo crescimento orgânico robusto, ativa agenda de aquisições, expansão de margem bruta, racionalização de despesas nas unidades adquiridas em fase de integração, além da otimização da estrutura tributária da companhia.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) totalizou R$ 238,5 milhões no 4T22, um crescimento de 114,7% em relação ao 4T21.

Os resultados da Oncoclínicas no 4T22 foram fortes e bem acima das estimativas do Bradesco BBI (+10% no Ebitda; +29% no lucro líquido). A receita líquida cresceu organicamente 26% em base anual, enquanto a margem Ebitda melhorou 5,1 p.p. (3,8 p.p. no trimestre) para 19,3%.

O lado negativo foi a deterioração dos recebíveis (+9 dias em relação ao trimestre anterior, para 95), mas foi mais do que compensado por melhores condições com fornecedores (+34 dias para 101), que segundo a empresa será o novo patamar recorrente.

“Após os resultados, reafirmamos a recomendação de Compra e o preço-alvo de R$ 12,00. Nossa visão positiva se baseia em: (i) valuation (82% de potencial de valorização para o nosso preço-alvo); 11 vezes o múltiplo P/L [Preço sobre o Lucro] estimado para 2024; (ii) impulso a partir dos resultados positivos; e (iii) fundamentos de longo prazo podendo levar revisões altistas nas projeções”, afirmam.

O Itaú BBA reiterou sua recomendação de compra para ONCO3, com preço-alvo de R$ 14 ao fim de 2023. O banco aponta que a Oncoclínicas reportou tendências saudáveis de receita, com volumes crescentes e um preço (ticket) médio
sequencialmente maior, impulsionado pelos canais orgânicos e inorgânicos. Mesmo ajustada pela reversão pontual
da provisão da companhia no quarto trimestre, as rentabilidades(margens) bruta e Ebitda ficaram acima das suas  expectativas. Além disso, a alavancagem financeira também diminuiu no trimestre, o que é um assunto importante
atualmente sob o radar dos inversores.

Após os resultados, o JPMorgan elevou a recomendação da ação de neutra para overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra), com um novo preço-alvo para o fim do ano de R$ 11,50.

Os analistas apontaram estarem preocupados com o alta dos custos e a necessidade de acordos de exclusividade e parcerias para impulsionar o volume de pacientes, conversão limitada de Ebitda para fluxo de caixa livre dada sua estrutura corporativa complexa, além dos ruídos de governança pós-IPO com grandes mudanças de gestão, incluindo CEO e CFO.

“Ainda assim, ao longo dos últimos trimestres, a empresa vem endereçando nossas preocupações, apresentando um bom crescimento orgânico, fluxo de caixa livre, sinergias de fusões e aquisições e uma estrutura corporativa enxuta, com a “nova” estratégia de crescimento da rede central do câncer começando a funcionar bem”, aponta o banco.

Qualicorp (QUAL3)

A Qualicorp (QUAL3) registrou um prejuízo líquido de R$ 79,9 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), ante lucro de R$ 50,6 milhões do 4T21.

Segundo a empresa, o resultado líquido foi negativo no 4T22, majoritariamente em virtude de: i) queda de receita/Ebitda; ii) incremento de 45% anualmente nas despesas financeiras líquidas; e iii) diversos ajustes não-recorrentes lançados durante o período, que totalizaram R$154,2 milhões antes de impostos (ou R$ 101,8 milhões líquidos de impostos).

Já o lucro líquido ajustado foi de R$ 21,9 milhões no quarto trimestre de 2022, uma queda de 70,3% na comparação anual.

O BBI aponta que os resultados da Qualicorp para o 4T22 foram fracos e amplamente em linha com o esperado (1% maior em termos de lucro líquido ajustado, por exemplo). A receita, por outro lado, foi o destaque negativo, caindo 4% no trimestre (4% abaixo do esperado, considerando o valor ajustado).

Isto deveu-se a adições líquidas negativas (redução de 58 mil vidas, ou 5,4% da base) e a uma menor taxa de comissão acordada com as operadoras quando os contratos atingem uma sinistralidade mais elevada (o impacto nas receitas foi de quase 5%) –importante dizer que isso começou no 4T22 e deve retornar às taxas anteriores quando a sinistralidade melhorar.

O ajuste da margem Ebitda para comissões de vendas capitalizadas (CAC) melhorou 3,5 pontos percentuais (p.p.) no trimestre, para 31%, devido a uma queda nas adições brutas (25%) que levou o CAC a cair 24%. O lado positivo foi a melhora na geração de caixa (R$ 129 milhões após investimentos, contra R$ 53 milhões no 3T22 e R$ 71 milhões no 4T21), refletindo a recuperação do capital de giro e menor CAC.

“Mantemos a recomendação apenas neutra e o preço-alvo de R$ 9,00, devido ao momento operacional negativo e a nossa perspectiva de contínua deterioração da receita”, aponta o BBI.

O Itaú BBA aponta que a Qualicorp reportou uma queda de 13% na receita líquida em relação ao ano anterior, ficando 5%
abaixo de sua estimativa, principalmente devido a adições líquidas abaixo do esperado. A contração da carteira foi, mais uma vez, liderada por adições brutas mais brandas, que foram parcialmente compensadas pelo menor churn (cancelamentos). Os números de rentabilidade foram poluídos por uma série de ajustes, mas no geral, a empresa apresentou uma margem Ebitda ajustada de 47,6% (queda de 2,5 pontos percentuais em um ano). “Reiteramos nossa recomendação neutra para QUAL3, com preço-alvo de R$ 7 para o final de 2023”, aponta.

Kora Saúde (KRSA3)

A Kora Saúde (KRSA3) obteve prejuízo líquido ajustado de R$ 8,7 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), montante 47% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2021.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 123,5 milhões no 4T22, um crescimento de 47% em relação ao 4T21.

O Itaú BBA viu tendências positivas de receita, impulsionadas, principalmente, por um aumento de 3,0 pontos porcentuais no trimestre na taxa de ocupação de leitos, apesar da sazonalidade mais fraca do quarto trimestre, o que levou a uma receita 9% maior em relação à nossa estimativa. Embora a rentabilidade (margem) bruta tenha sido pressionada no trimestre, a diluição das despesas levou a uma expansão da rentabilidade operacional (margem Ebitda) ajustada para 23% (alta de +1,3 pp no trimestre).

“Reiteramos nossa indicação neutra (desempenho em linha com a média do mercado) para KRSA3, com preço-alvo de R$ 2 ao final de 2023”, aponta o banco.

Para o BBI, os resultados da Kora no 4T22 foram mistos, com uma melhoria do Ebitda (7% acima do estimado pelo banco) e lucro líquido ajustado negativo (prejuízo de R$ 46 milhões versus o estimado pelo BBI de R$ 26 milhões). A receita líquida cresceu 5% no trimestre (principalmente orgânico) e a margem Ebitda melhorou 1,3 ponto no trimestre, para 23%, não obstante a sazonalidade desfavorável.

Entretanto, a alta alavancagem financeira (4,4 vezes a relação dívida líquida/Ebitda pro-forma, reduzida em 18% dos R$ 410 milhões da venda de recebíveis) atingiu os resultados operacionais da empresa, levando ao prejuízo de R$ 46 milhões.

Dasa (DASA3)

A Dasa (DASA3) registrou um prejuízo líquido foi R$ 221 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), alta de 33% ante um prejuízo líquido de R$ 167 milhões no 4T21. Já em 2022, o prejuízo líquido acumulado foi de R$ 427 milhões versus um prejuízo líquido de R$ 217 milhões em 2021, uma piora de 97% no número.

“A variação entre os períodos é principalmente explicada pelo incremento das despesas financeiras, reflexo do perfil da dívida atual da companhia”, afirmou a empresa em seu release de resultados na noite de terça-feira (28).

A dívida bruta encerrou o 4T22 em R$ 11,445 bilhões, alta anual de 50,5%, devido às emissões realizadas no período, como a 18ª de debêntures e de Certificado de Recebíveis Imobiliário (CRI).  A dívida líquida da Dasa encerrou o período em R$ 8,367 bilhões, um incremento de 109,8% na base de comparação anual.  O indicador de Dívida Líquida/Ebitda reportado Proforma dos últimos doze meses é de 3,87 vezes.

Para a XP, a companhia reportou um resultado negativo – embora esperado.

“Do lado positivo, destacamos o desempenho do BU1, com crescimento de receita de 30% ano a ano e uma sólida expansão de 15 p.p. da margem bruta ajustada anual”, aponta. Já a BU2 sofreu com a queda da demanda por testes de Covid-19 e um desempenho mais fraco da vertical da Coordenação de Cuidado.

O endividamento continua sendo a principal fonte de pressão para o resultado da Dasa, “mas notamos que a empresa anunciou uma oferta de ações de R$ 1,5 bilhão que potencialmente endereçará essa questão”, avaliam os analistas, em referência ao anúncio da semana passada feito pela empresa sobre um potencial follow-on

“Apesar do resultado negativo, não esperamos uma reação negativa do mercado, uma vez que os resultados operacionais estão melhorando gradualmente e uma solução para a estrutura de capital está em andamento”, apontou em relatório antes da abertura do mercado.

Já para o Credit Suisse, apesar do potencial da empresa em relação a melhorias operacionais, os níveis de endividamento nesse cenário de juros estão impedindo melhores resultados e geração de fluxo de caixa, o que deve impactar o papel.

Ambipar (AMBP3)

A Ambipar (AMBP3) informou que obteve lucro líquido de R$ 22,7 milhões no quarto trimestre de 2022, com queda de 56,7% em relação a igual período do exercício anterior. Em todo ano passado, o resultado líquido recuou 35,7%, de R$ 169,1 milhões para R$ 108,7 milhões.

Apesar de uma alta de 74,6% na receita líquida no trimestre, para R$ 1,2 bilhão, a companhia apresentou aumento de 34% nos investimentos (capex) no mesmo comparativo, passando de R$ 178,3 milhões para R$ 238,9 milhões, enquanto a margem bruta recuou 1,1 ponto percentual, chegando a 32,6%.

A XP aponta que o resultado da Ambipar no 4T22 ficou acima das suas expectativas, com o Ebitda superando as projeções.

“As despesas financeiras tiveram alta, reflexo da maior alavancagem e das taxas de juros no período. A Environment teve expansão de receita e margem Ebitda, o que é bom, mas continuamos atentos ao capex elevado”, aponta.

Por outro lado, a Response teve uma redução de 2 p.p. na margem bruta, relacionada com a incorporação da Witt O’Brien’s no consolidado, que tem um nível de margem estruturalmente mais baixo. A analista Maíra Maldonado, que assina o relatório da XP, destaca manutenção da recomendação de compra na Ambipar, com preço-alvo de R$ 50 por ação.

O Itaú BBA também apontou os números como positivos, com a Ambipar reportando sólidos números de Ebitda, ligeiramente acima de suas expectativas, com sólida melhora de margens, principalmente em seu segmento de Meio Ambiente. As margens do negócio Response ficaram estáveis em comparação com o trimestre anterior, mas os números do Ebitda tiveram um aumento maciço de 60%, impulsionado pela conclusão da aquisição da WOB.

Melnick (MELK3)

A Melnick (MELK3) lucrou R$ 9,6 milhões de forma líquida no quarto trimestre de 2022 (4T22), montante 73,5% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2021.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 8,7 milhões no 4T22, uma redução de 65,7% em relação ao 4T21.

“A Melnick  apresentou resultados fracos e majoritariamente abaixo de nossas estimativas no 4T22”, destacou a XP. A receita líquida caiu no trimestre (-11% na base anual), devido principalmente às vendas líquidas (%Melnick) caindo acentuadamente (-34%). Além disso, a margem bruta ficou abaixo do esperado (-3,7 pontos percentuais abaixo do esperado pela XP), atingindo 18,7% (-4,0 pontos na base anual).

O lucro líquido desacelerou significativamente e ficou 24,1% abaixo do esperado pela XP), afetado negativamente por (i) compressão da margem bruta; e (ii) despesas SG&A estáveis versus 4T21, apesar da desaceleração da receita líquida. Com isso, a margem líquida atingiu 4,6% (-10,8 pontos de queda na base anual).

De acordo com o Itaú BBA, os números apresentados foram negativos, com queda de margem bruta, receitas em linha com suas estimativas e desaceleração de margens para 18,7%, refletindo descontos dados no período.

Even (EVEN3)

A Even (EVEN3) obteve lucro líquido de R$ 150 mil no quarto trimestre de 2022 (4T22), montante 99,6% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2021.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 12,3 milhões no 4T22, um recuo de 78,7% em relação ao 4T21.

“O impacto em nossa tese para a ação é negativo”, destaca o BBI. A Even reportou resultados fracos novamente, com queda acentuada sequencial da margem bruta que reflete a abordagem conservadora da empresa neste ciclo.

Além disso, tanto as provisões para distratos como os distratis/vendas brutas aumentaram no trimestre, o que é um risco para as finanças da empresa, avalia o banco.

“Em geral, apesar do balanço com caixa líquido da Even, acreditamos que a empresa pode atrasar a implantação de seu atrativo cronograma de projetos em seu banco de terrenos (landbank) para 2023, o que pode manter a fraca dinâmica de ganhos que tem atingido a companhia nos últimos trimestres”, aponta.

A visão do BBA também foi de dados negativos. A receita reportou uma piora fruto do menor número de lançamentos para o período, mas o destaque negativo ficou na redução de 300 pontos-base na margem bruta, para 19,5%, resultando em vendas com mix de maiores descontos e menores margens.

A XP aponta que o lucro líquido foi o destaque negativo, atingindo R$ 150 mil, impactado negativamente pela menor eficiência, com despesas operacionais atingindo -19,3% da receita líquida. “Por fim, o consumo de caixa atingiu R$ 70 milhões, explicado pelas aquisições de terrenos em caixa. Assim, mantemos nossa recomendação neutra para EVEN3”, avalia.

Helbor (HBOR3)

A Helbor registrou um lucro líquido da controladora de R$ 18,3 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), redução de 13,3% sobre o mesmo período do ano anterior (4T21).

No acumulado do ano, o lucro líquido da controladora alcançou R$ 51,1 milhões, redução de 49,4% na comparação com o ano anterior. A redução é explicada: (i) pelo menor percentual na participação da controladora nos projetos, na comparação entre os períodos e (ii) pela Despesa Financeira registrada em 2022 ante uma Receita Financeira em 2021.

No 4T22, a receita operacional líquida totalizou R$ 215 milhões, um aumento de 37,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior, explicado pelo mix de vendas, que foi mais concentrado na venda de unidades em construção no 4T22, alcançando 59,4% versus 37,6% no 4T21.

O BBA avaliou os números divulgados pela Helbor como negativos. Apesar das receitas virem acima da expectativa, margens contraíram, com queima de R$ 170 milhões de caixa.

Com base nos resultados do 4T22, a relação dívida líquida/capital próprio da Helbor atingiu 70% (avanço de 4,1 pontos percentuais no trimestre e de 19,1 p.p, em base anual). A receita líquida foi de R$ 215 milhões (recuo de 19% no trimestre e alta de 38% em base anual). A margem bruta foi de 28,9% (com crescimento de 1,6 p.p. no trimestre e de 0,7 p.p. em base anual).

“A Helbor mostrou uma tendência positiva da margem bruta, à medida que novos projetos ganham relevância, mas a alavancagem é uma preocupação. Os anos de 2023 e 2024 serão cruciais para a empresa, dado o alto volume de entregas prometidas (cerca de R$ 3,5 bilhões, dos quais R$ 1,5 bilhão a 1,7 bilhão em 2023), o que pode ajudar a diminuir sua alavancagem e, assim, melhorar o balanço de riscos – mas a alavancagem em 70% a relação dívida líquida/capital próprio ainda é um detrator de valor e um ponto de atenção”, avalia o BBI.

O cronograma de R$ 3,5 bilhões de Valor Geral de Vendas (VGV) em projetos a serem entregues em 2023 e 2024 é fundamental para a tese e, se devidamente executado, pode trazer um alívio necessário para a alavancagem da Helbor, aponta o banco, o que pode melhorar significativamente o equilíbrio de riscos da empresa. “Por ora, seguimos com a recomendação apenas Neutra”, finaliza o BBI.

Cruzeiro do Sul (CSED3)

A Cruzeiro do Sul (CSED3) registrou prejuízo líquido de R$ 15,5 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), revertendo lucro líquido de R$ 25,1 milhões do quarto trimestre de 2021.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 124,6 milhões no 4T22, uma retração de 10,3% em relação ao 4T21.

A Cruzeiro do Sul reportou resultados fracos no quarto trimestre marcados por Ebitda ajustado fraco (apesar da expansão decente da receita) e geração de fluxo de caixa fraca após o capex, aponta o BTG Pactual.

Mais especificamente, a receita líquida cresceu 8% ao ano (em linha) para R$ 522 milhões, ajudada por uma combinação de: 7% ao ano na expansão na base de alunos de graduação + crescimento de ticket médio em geral (abaixo da inflação, em 3% para EAD e presencial).

A base de alunos de graduação presencial expandiu 4% ano a ano para 128 mil alunos, com ticket médio crescendo 3%, apesar da maior representatividade de calouros na base. Já no EAD, a base de alunos cresceu 9% no ano, com ticket médio
crescendo 3% ajudado por mais alunos vindos de cursos híbridos (que têm tickets médios maiores).

A empresa divulgou uma prévia da captação do primeiro semestre de 2023 (dados até 26 de março), indicando crescimento de 11% anual na captação presencial e sólidos 40% no ensino digital, impulsionados pelo amadurecimento e inauguração de polos EAD e pela oferta de novos cursos. A Cruzeiro do Sul também indicou uma melhor dinâmica de preços no segmento
presencial (com ticket médio acelerando a/a para novos alunos), mas ainda pressionado nos preços no segmento EAD.

Para o Itaú BBA, a empresa de educação apresentou tendências saudáveis de receita no quarto trimestre, com bons
volumes de captação e reajustes de preço (ticket) médio em todos os segmentos. “Destacamos também o  desempenho positivo dos cursos presenciais de saúde, que apresentaram crescimento de receita de 12% em um ano”, afirmam os analistas, reiteram recomendação de “compra” para CSED3, com preço-alvo de R$ 7 ao fim de 2023.

“Por outro lado, a lucratividade foi mais fraca neste trimestre, principalmente devido à contração da rentabilidade
(margem) bruta e maiores despesas com PDD (provisões para devedores duvidosos) que levaram a um resultado
operacional (Ebitda) 18% abaixo em relação à nossa expectativa”, aponta o banco.

Boa Vista (BOAS3)

A Boa Vista Serviços (BOAS3) registrou um lucro líquido de R$ 118,523 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), alta de 108,3% na comparação com igual período do ano anterior.

Em termos ajustados, o lucro foi de R$ 149,487 milhões, avanço anual de 103,1%. Segundo a companhia, os ajustes são por  efeitos não recorrentes, oriundos de efeitos de amortização de Mais Valia de aquisições, ajuste de valor presente de obrigações por aquisição de investimentos nas despesas financeiras, earn-out de aquisições e demais eventos não recorrentes, bem como dos efeitos desses itens nos impostos.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado  cresceu 17,4% no 4T22 contra o 4T21, para R$ 128,977 milhões, resultado do crescimento das receitas, acompanhado do crescimento de custos e despesas não recorrentes. A margem Ebitda ajustada cresceu 5,1 pontos percentuais (p.p.), para 58,1% no 4T22.

A receita líquida da Boa Vista atingiu R$ 222,13 milhões no quarto trimestre de 2022, alta anual de 7,1%.

Para o JPMorgan, a Boa Vista reportou resultados fortes no 4T22, com margem Ebitda em expansão como resultado do menor custo dos serviços (incerto se totalmente recorrente) e despesas com vendas, enquanto os lucros superaram as projeções devido a créditos fiscais. No entanto, a administração enfatizou que a primeira metade do ano enfrentaria um cenário desafiador principalmente devido à menor demanda por crédito e possivelmente maior inadimplência. “É importante ter em mente que a oferta de compra da Equifax deve continuar impulsionando os preços das ações”, aponta.

Outros balanços no radar

IMC (MEAL3)

A IMC, dona da rede Frango Assado, Viena e outras, reportou lucro líquido de R$ 122,6 milhões no 4T22, majoritariamente em função do ganho de capital auferido na venda das operações no Panamá, a despeito do aumento nas despesas financeiras em função da elevação da taxa básica de juros, revertendo o prejuízo de R$ 41,7 milhões apresentado no 4T21. No ano o lucro líquido foi de R$ 72,7 milhões, igualmente revertendo o prejuízo de R$80,4 milhões no ano anterior.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 114,1 milhões no 4T22, um crescimento de 274,3% em relação ao 4T21.

Segundo relatório, o desempenho foi impulsionado pelo crescimento da receita e eficiência no controle de custos e despesas em todas as operações, além do benefício do ressarcimento de verbas previdenciárias pelo governo americano durante o período da pandemia (ERTC – Employee Retention Tax Credit) no valor liquido de R$31,1 milhões.

Viver (VIVR3)

A Viver (VIVR3) registrou prejuízo líquido de R$ 24,2 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), uma redução de 42,5% frente ao prejuízo relatado no mesmo intervalo de 2021.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi negativo em R$ 22,8 milhões no 4T22 ante R$ 40 milhões negativos do 4T21, uma melhora de 43%.

Fertilizantes Heringer (FHER3)

A Fertilizantes Heringer registrou prejuízo líquido de R$ 73,5 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), revertendo parte do lucro líquido de R$ 428,6 milhões do quarto trimestre de 2021.

De acordo com a empresa, resultado líquido foi impactado principalmente pelo aumento dos custos e despesas, além da queda na receita.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ficou negativo em R$ 89,6 milhões no 4T22 contra R$ 402,9 milhões do 4T21.

Lupatech (LUPA3)

A Lupatech teve lucro líquido de R$ 81,7 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), revertendo prejuízo de R$ 687 mil do mesmo intervalo de 2021, informou a companhia nesta manhã de quarta-feira (29).

“O resultado líquido positivo obtido no 4T22 e no exercício de 2022 é influenciado principalmente, pelo registro à conta de imposto de renda e contribuição social diferidos de créditos oriundos de estimativa de recuperabilidade de prejuízos fiscais por compensação com débitos futuros, no montante de R$ 103 milhões”, explica a empresa.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi negativo em R$ 2,2 milhões no 4T22, ante R$ 786 mil positivos do 4T21.

A margem Ebitda ajustada atingiu -8,8% entre outubro e dezembro, ante margem positiva de 2,6% do 4T21.

Renova Energia (RNEW11)

A Renova Energia (RNEW11) lucrou de forma líquida R$ 750,2 milhões no quarto trimestre de 2022, número 368,3% maior do que os R$ 160,2 milhões do mesmo período de 2021.

A alta, em grande parte, se deve a uma reversão de uma provisão relativa ao valor do Complexo Eólico Alto Sertão II, que acrescentou R$ 819,7 milhões ao balanço.

Portobello (PTBL3)

A Portobello (PTBL3) obteve lucro líquido de R$ 9,1 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), montante 83,4% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2021.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado e recorrente totalizou R$ 60,6 milhões no 4T22, um recuo de 37,1% em relação ao 4T21.

Gafisa (GFSA3)

A construtora Gafisa (GFSA3) teve prejuízo líquido de R$ 3,68 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), ante lucro líquido de R$ 48,99 milhões do quarto trimestre de 2021.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ficou negativo em R$ 95,2 milhões no 4T22, ante dado positivo de R$ 141,9 milhões no 4T21. Em termos ajustados, o Ebitda foi negativo em R$ 13,657 milhões nos últimos três meses de 2022, ante dado positivo de R$ 193 milhões de igual período de 2021.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.