Ibovespa tem alta de 0,69% no último pregão de 2021, mas fecha ano com queda de 11,92%

Principal índice da bolsa brasileira registra primeira queda anual desde 2015, em meio à um cenário de instabilidade nos gastos públicos

Vitor Azevedo

(Getty Images)

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O Ibovespa fechou o pregão desta quinta-feira (30), o último de 2021, com alta de 0,69%, aos 104.822 pontos, ajudando o principal índice da bolsa brasileira a acumular valorização de 2,85% no mês de dezembro.

No entanto, no acumulado deste ano, o Ibovespa registrou queda de 11,92%, em meio à um cenário de instabilidade nos gastos públicos.

Entre as ações, os destaques positivos ficaram com Embraer (EMBR3) e Braskem (BRKM5), enquanto as empresas ligadas ao consumo doméstico, principalmente com exposição ao e-commerce, tiveram um ano bastante negativo.

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Assim, a bolsa registrou a sua primeira queda em termos anuais desde 2015, quando recuou 13,3% – marcando o terceiro ano seguido de retrações na ocasião.

Desempenho da bolsa nos últimos 5 anos

Bolsa 5 anos B3 Ibovespa
Desempenho da bolsa últimos cinco anos. Fonte: reprodução site B3

Confira as principais altas e baixas do Ibovespa em dezembro

Maiores altas em dezembro

Maiores quedas em dezembro

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Último pregão do ano

No pregão de hoje, o desempenho da bolsa foi ajudado pelo resultado primário do setor público consolidado de novembro, que trouxe um superávit primário de R$ 15 bilhões.

A publicação feita pelo Banco Central trouxe um respiro para a situação fiscal brasileira e conseguiu, ao menos momentaneamente, afastar os temores envolvendo as ameaças de greve dos servidores públicos federais.

Dessa forma, o Ibovespa foi também capaz de se descolar das quedas da bolsa americana – o índice Dow Jones recuou 0,25%, o S&P 500, -0,30% e o Nasdaq, -0,16%.

“O resultado do setor público consolidado veio bem acima do consenso do mercado, que era de R$ 7,5 bilhões, e da nossa projeção, de R$ 7,2 bilhões, representando o melhor resultado para um mês novembro desde 2013”, comentaram os analistas da XP.

O dólar comercial fechou em queda de 2,06%, negociado a R$ 5,575 na compra e a R$ 5,576 na venda.. O dólar futuro, por sua vez, recuou 2,10%, a R$ 5,581.

Nos juros, o contrato DI com vencimento em fevereiro de 2023 recuou 42 pontos-base, para 11,78%. Os com vencimento em fevereiro de 2025 perderam 80 pontos-base, ficando em 10,60%. Os que vencem no segundo mês de 2027, perderam 9 pontos-base, a 10,57%. Os contratos para fevereiro de 2029, porém, avançaram 28 pontos-base, para 10,71%.

Aparente melhora fiscal beneficiou companhias de tecnologia e do varejo

“Com o resultado do setor público vindo positivo, o mercado se animou: dólar e curva juros estão caindo. Este movimento beneficia, principalmente, companhias de tecnologia”, comentou Bruno Komura, do time de estratégia da Ouro Preto Investimentos.

Essas empresas, que geralmente são mais alavancadas e que costumam trabalhar muito com a questão de lucros futuros, se destacaram. As ações ordinárias da Méliuz (CASH3) foram a principal alta percentual do Ibovespa, 7,64%, a R$ 3,24.. As da Locaweb (LWSA3) ficaram em quinto lugar, avançando 5,20%, a R$ 13,16.

Além de companhias de tecnologia, o cenário impulsionou a performance de varejistas, que têm seus faturamentos diretamente ligado ao acesso ao crédito. Os papéis ordinários da Magazine Luiza (MGLU3) fecharam em alta de 6,81%, a R$ 13,16, no segundo lugar entre as maiores altas do Ibovespa. Outros nomes como Via (VIIA3) e Americanas (AMER3) subiram, respectivamente, 4,58% e 1,81%.

Foi destaque também as ações ordinárias de mineradoras e siderúrgicas. “Em vista da recuperação da commodity, as ações do setor siderúrgico e mineração lideram a ponta positiva do índice brasileiro (ao considerar peso no índice), com os investidores de olho no rumo do minério de ferro no começo do ano que vem”, comentou Rafael Ribeiro, analista da Clear.

As ações ordinárias Vale (Vale3) tiveram alta de 0,92%, a R$ 77,96, e da Usiminas (USIM5), de 2,43%, a R$ 15,16.

Apesar de não figurarem entre as principais altas percentuais ou nominais do índice, foram também bem comentados durante o dia movimentações envolvendo a MRV (MRVE3) e a SulAmérica (SULA11).

A MRV anunciou a venda de 5,1 mil unidades residenciais de sua startup voltada à locação, a Luggo, para o canadense Brookfield Asset Management.

“Consideramos uma movimentação positiva. Os custos da Luggo aumentaram por conta da alta dos preços no setor de construção e nós considerávamos ainda que os cap rates cairiam por conta da alta dos juros. Não estávamos incorporando, porém, um número significativo de vendas desta divisão em nosso modelo”, comentou o Itaú BBA.

Já a SulAmérica chamou a atenção por ter anunciado a compra da Sompo Saúde por R$ 230 milhões. Para o Bradesco BBI, a movimentação foi positiva por ter sido feita a um valuation atrativo e pelo fato de a seguradora fortalecer sua posição no estado de São Paulo.

Do outro lado, entre as quedas, o destaque ficou para o setor financeiro. Os bancos foram impactados negativamente pela notícia de que o Governo Federal pretende manter a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), cobrada de instituições financeiras, como contrapartida para bancar a manutenção da desoneração da folha salarial.

Santander (SANB11), Itaú (ITUB4) e Itaúsa (ITSA4) figuraram entre as maiores quedas, com baixas de, na sequência, 1,35%, 1,64% e 1,11%.

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