Ibovespa dispara mais de 12% e retoma os 81 mil pontos em meio a anúncio de Trump

Mercado tem dia de fortes ganhos diante de medidas tomadas para combater os impactos econômicos do coronavírus

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa acelera alta nesta sexta-feira (13) junto com as bolsas dos Estados Unidos, que avançam mais de 4% após quase zerarem quando a Bloomberg noticiou que o presidente americano, Donald Trump, usaria a sua coletiva de imprensa das 16h (horário de Brasília) para decretar estado de emergência nacional. Mais tarde, os índices Dow Jones e S&P 500 voltaram a acelerar ganhos diante da interpretação de que a medida deve facilitar a ajuda federal a estados e municípios.

Também ajudou a acalmar os ânimos por aqui a afirmação do presidente Jair Bolsonaro de que testou negativo para coronavírus. Mais cedo, alguns veículos de imprensa haviam informado que o exame de Bolsonaro tinha dado positivo. O secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, Fábio Wajngarten, está com coronavírus, o que levou o próprio presidente Jair Bolsonaro a realizar o teste para diagnosticar a presença do vírus.

Às 16h24, o Ibovespa subia 12,04% a 81.4320 pontos. Enquanto isso, o dólar comercial vira para alta de 1,39% a R$ 4,8499 na compra e a R$ 4,8524 na venda. O dólar futuro para abril avança 1,13%, para R$ 4,8595.

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A recuperação de hoje vem após o principal índice acionário da B3 registrar ontem sua pior queda desde 1998, na esteira das notícias negativas sobre o coronavírus. Além do aumento no número de infectados pelo Covid-19, os investidores também se decepcionaram com a medida do presidente americano Donald Trump para combater a doença: a proibição de voos entre a Europa e os EUA, à exceção do Reino Unido.

Outro fator de instabilidade foi a derrubada pelo Congresso do veto de Bolsonaro à ampliação do Benefício por Prestação Continuada (BPC), que deve gerar um impacto orçamentário bilionário em meio a um momento de ajuste rigoroso nas contas públicas.

Todavia, algum alívio ocorreu na última sessão graças ao anúncio do Federal Reserve – o banco central dos EUA – de que vai oferecer mais de US$ 1,5 trilhão em liquidez ao mercado monetário através de operações de recompra reversa. Pelo cronograma, a autoridade monetária ofertará hoje US$ 500 bilhões em títulos de três meses e US$ 500 bilhões em títulos de um mês.

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Na sessão de hoje, as bolsas da Ásia fecharam todas em queda, com destaque para Tóquio, que afundou 6%, repercutindo a forte aversão ao risco da véspera. Contudo, vale destacar que o mau humor do mercado no continente foi levemente amenizado após o governo japonês anunciar um pacote de US$ 1,9 trilhão para combater os efeitos do coronavírus sobre a economia.

Por aqui, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que a pauta dos próximos 45 dias na Casa será voltada para o combate aos efeitos econômicos da pandemia e criticou o ministro da Economia, Paulo Guedes, por não ter apresentado medidas de curto prazo para enfrentar a crise.

Segundo Maia, as propostas de Guedes para a economia, enviadas na terça-feira, não resolvem a turbulência para os próximos meses. Maia também disse que a reforma administrativa, cujo esboço ainda não foi enviado pelo governo, não é a solução no momento. “Guedes não tinha uma coisa organizada ou não quis falar. Se olhar os projetos, tem pouca coisa que impacte a agenda a curto prazo ou quase nada”, afirmou. O Congresso estuda entrar em recesso por causa da pandemia.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 cai 53 pontos-base a 5,37%, o DI para janeiro de 2023 tem queda de 47 pontos-base a 6,36% e o DI para janeiro de 2025 recua 51 pontos-base a 7,27%.

Coronavírus no Brasil

O Brasil já tem mais de 100 casos do coronavírus, de acordo com contagem do jornal Folha de São Paulo. Até a noite de ontem, quinta-feira, o Ministério da Saúde tinha 77 casos confirmados. Somente o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo (SP), já tem 98 casos confirmados, mas dos quais apenas 43 foram notificados ao Ministério em Brasília (DF).

O estado de São Paulo pode ter entre 1% e 10% de sua população infectada pelo novo coronavírus, com quadro leve a grave, nos próximos quatro meses, segundo o infectologista David Uip, coordenador de um comitê de contingenciamento para enfrentar a chegada da doença no estado.

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Noticiário corporativo

A Estácio Participações (YDUQ3), o segundo maior grupo de educação privada do Brasil, reportou lucro líquido de R$ 686,4 milhões em 2019, informou em balanço. Outras empresas, como Qualicorp e Kepler Weber, também publicaram balanços.

A Vale informou que pode enfrentar dificuldades operacionais relacionadas à força de trabalho e pode ter que adotar medidas de contingência ou eventualmente suspender operações por conta da pandemia de coronavírus, segundo comunicado ao mercado.

A empresa depende de uma extensiva cadeia de logística e de fornecedores que inclui Ásia e Europa; todas as viagens de negócios e eventos não-essenciais foram cancelados ou postecipados até novas orientações.

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Já a Gol informou que a programação de voos será ajustada para garantir equilíbrio entre o novo cenário de demanda e a qualidade e amplitude da nossa malha aérea, em meio à queda das viagens por conta do coronavírus.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.