Ibovespa cai 7,6% e renova menor patamar desde dezembro de 2018 com coronavírus causando mais um circuit breaker

Mercado tem mais um dia de pânico e banho de sangue em meio às preocupações com a doença respiratória

Ricardo Bomfim

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CORREÇÃO: ao contrário do informado anteriormente no título, esse é o menor patamar para o Ibovespa desde 26 de dezembro de 2018 e não desde setembro. 

SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em queda de 7,64% a 85.171 pontos nesta quarta-feira (11) após o segundo circuit breaker da semana. O pânico foi disparado pelo anúncio da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que o coronavírus agora é uma pandemia.

Houve algum alívio, no entanto, depois que o presidente americano Donald Trump afirmou que o governo usará todo o seu poder para combater a Covid-19. Com a queda de hoje, a Bolsa voltou a níveis do dia 26 de dezembro de 2018, quando o benchmark terminou cotado a 85.136 pontos.

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Trump afirmou ainda que fará coletiva de imprensa explicando todas as medidas que tomará para conter o impacto econômico da doença que já matou milhares de pessoas mundo afora. Os índices Dow Jones e S&P 500 recuaram 5,86% e 4,89% respectivamente.

O dólar comercial subiu 1,61% a R$ 4,7468 na compra e a R$ 4,7484 na venda. O dólar futuro para abril tem alta de 1,83%, para R$ 4,7385. Hoje, o Banco Central anunciou que interrompeu a oferta de dólar à vista e voltará a fazer leilões de swap.

Já as bolsas europeias viraram para queda à tarde e fecharam no negativo. Até o fim da manhã os índices subiam em meio às falas da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, de que há risco dessa crise ser como a de 2008 e, portanto, a autoridade monetária precisaria agir. A reunião do BCE ocorre amanhã.

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Além disso, o banco central da Inglaterra cortou inesperadamente a taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual.

A União Europeia anunciou que usará 25 bilhões de euros para combater os efeitos do coronavírus, que obrigou a Itália a adotar medidas radicais para evitar a propagação da doença. O número de casos do coronavírus superou 110 mil no mundo e mil nos EUA.

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Por aqui, o Ministério da Economia reduziu a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 para um crescimento de 2,1%, ante 2,4% anteriormente.

O Ministério da Saúde divulgou que subiu para 52 o número de casos confirmados de coronavírus. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que nada muda no Brasil com a declaração da OMS de que a Covid-19 é uma pandemia.

Entre os indicadores, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu a 0,25% em fevereiro, acima da expectativa dos economistas consultados no consenso Bloomberg, que apontava para uma alta a 0,15%. Apesar disso, foi o menor resultado para um mês de fevereiro desde 2000, quando o índice foi de 0,13%. No ano, o IPCA acumulou alta de 0,46% e, nos últimos 12 meses, de 4,01%, abaixo dos 4,19% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 terminou em alta de 66 pontos-base a 5,19%, DI para janeiro de 2023 avançou 83 pontos-base a 6,06% e o DI para janeiro de 2025 ganhou 90 pontos a 7,09%. Depois de refletir o IPCA no início da sessão, os juros agora operam exclusivamente na conta do coronavírus, assim como os demais ativos do mercado financeiro.

Política

Paulo Guedes, ministro da Economia, enviou ofício aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), na noite desta terça-feira (10), pedindo prioridade na votação de projetos da agenda econômica.

“Considerando o agravamento da crise internacional em função da disseminação do coronavírus e a necessidade de blindagem da economia brasileira, o Ministério da Economia propõe acelerar a pauta que vem conduzindo junto ao Congresso Nacional”.

Ele ainda destacou que as matérias já em tramitação “são extremamente relevantes para resguardar a economia do país, aumentar a segurança jurídica para os negócios e atrair investimentos”.

Entre as matérias prioritárias citadas estão autonomia do BC, privatização da Eletrobras, marco legal do saneamento e PECs do pacto federativo.

“Com a continuidade de reformas estruturais que o país precisa, será possível recuperar espaço fiscal suficiente para a concessão de outros estímulos à economia”, diz o ofício. A equipe econômica prepara reforma tributária e diz que reforma administrativa será encaminhada em breve.

Ainda em destaque, um impasse entre os partidos de centro ameaça deixar para depois de 15 de março a votação sobre o chamado “orçamento impositivo” no Congresso. Uma tentativa de chegar a um acordo na noite de ontem fracassou. A sessão mista da Comissão do Orçamento foi interrompida e deve ser retomada hoje.

Eleições americanas 

O ex-vice-presidente Joe Biden foi o grande vencedor das primárias realizadas em seis estados ontem e consolidou seu favoritismo na disputa pela candidatura do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos.

Biden derrotou Bernie Sanders em Michigan, o maior prêmio da noite e um dos estados em que Sanders havia obtido uma vitória surpreendente – e apertada — contra Hillary Clinton, há quatro anos. Confira mais clicando aqui.

Noticiário corporativo 

A União indicou na noite de ontem o executivo Antônio Cássio dos Santos para o cargo de presidente do Conselho de Administração da resseguradora IRB Brasil RE (IRBR3). O executivo chega com a missão de recuperar a imagem da empresa, abalada por escândalos. Já o Magazine Luiza (MGLU3) deverá ratificar na sua Assembleia de 9 de abril o aumento de capital da companhia para R$ 6 bilhões. As locadoras Movida (MOVI3) e Localiza divulgaram balanço na noite de ontem.

Ainda em destaque, Tim e Vivo manifestam interesse em negociar compra da Oi móvel, a Vale foi elevada a compra pelo HSBC e, na Petrobras, o Conselho da estatal aprovou plano para equacionar o déficit da Petros.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.