Biden consolida favoritismo nas primárias democratas

Ex-vice-presidente obtém mais vitórias contra Sanders na disputa pela candidatura presidencial

Sérgio Teixeira Jr.

Joe Biden (crédito: Facebook)

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NOVA YORK- O ex-vice-presidente Joe Biden foi o grande vencedor das primárias realizadas em seis estados ontem e consolidou seu favoritismo na disputa pela candidatura do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos.

Biden derrotou Bernie Sanders em Michigan, o maior prêmio da noite e um dos estados em que Sanders havia obtido uma vitória surpreendente – e apertada — contra Hillary Clinton, há quatro anos.

O ex-vice de Obama, que formou uma impressionante coalizão de apoio desde a sua vitória uma semana atrás, também venceu em Missouri, no Mississippi e Idaho. Às 6h50, Sanders estava à frente em Washington e na Dakota do Norte.

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Mas o resultado observado mais de perto foi o de Michigan, onde fica Detroit, a sede da indústria automobilística americana e um estado decisivo na eleição geral de novembro.

No distrito eleitoral onde fica a Universidade de Michigan, um dos bastiões da campanha do socialista democrático Sanders quatro anos atrás, ele obteve uma vitória modesta. Apenas dois dias antes, ele fizera um comício ruidoso no campus.

Já na região de Detroit, que concentra a maior população do estado e onde há uma proporção significativa de eleitores que dependem da economia das montadoras, Biden teve uma vantagem expressiva.

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A grande mobilização jovem da qual depende a campanha de Sanders não se concretizou, e os eleitores de colarinho azul e dos subúrbios preferiram em massa o moderado Biden.

Olhando mais adiante, os democratas sabem que vencer em Michigan será essencial para as aspirações do partido de retomar a Casa Branca. Quatro anos atrás, Donald Trump levou o estado, numa vitória apertadíssima – 0,23% de vantagem sobre Hillary Clinton.

Com seu discurso populista e antiglobalização, Trump pintou de vermelho (a cor do Partido Republicano) um estado que era azul (a cor dos democratas) de forma ininterrupta desde 1992, a primeira eleição de Bill Clinton.

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Espera-se que, este ano, Michigan continue sendo um dos mais importantes swing states, ou seja, aqueles que podem pender para um lado ou para o outro.

No sistema eleitoral americano, quem vence a votação popular leva todos os votos do estado no colégio eleitoral. Apesar de ter recebido 3 milhões de votos a menos que Hillary, Trump foi eleito graças a vitórias em estados como Michigan.

Sanders vinha dizendo que, junto com os jovens, ele traria consigo o voto do trabalhador branco sem formação superior, que se concentra no Meio-Oeste. Como mostram os números de ontem, não é bem assim.

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Ohio e Pensilvânia ainda não votaram nas primárias, mas é cada vez mais claro que os eleitores democratas – bem como o establishment do partido – parecem convencidos de que Biden seja o nome com as melhores chances contra Trump em novembro.

Numa pesquisa realizada pela CNN com eleitores que participaram das primárias em Missouri, quase 60% dos entrevistados afirmaram que confiariam mais em Biden que em Sanders em caso de uma crise grave.

Em um discurso na noite de ontem para as emissoras de TV (os dois candidatos suspenderam eventos que estavam programados por causa do coronavírus), Biden fez um primeiro aceno à campanha de Sanders.

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“Quero agradecer Bernie Sanders e seus apoiadores por sua energia incansável e sua paixão. Temos um objetivo comum. Precisamos de vocês, queremos vocês”, afirmou Biden, referindo-se aos apoiadores de seu adversário. “Vamos derrotar Donald Trump juntos.”

Sanders, por sua vez, não se pronunciou na noite de ontem, uma decisão surpreendente pois o candidato essencialmente abriu mão de tempo gratuito na TV (as emissoras costumam transmitir os pronunciamentos ao vivo).

É mais um sinal de que, apesar das chances matemáticas de Sanders, o ímpeto agora é todo favorável a Biden.

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Falando ao vivo na CNN, onde atua como comentarista, o empreendedor e ex-candidato Andrew Yang anunciou ontem à noite seu apoio a Biden. Ele foi o décimo-primeiro adversário a declarar apoio ao ex-vice.

A senadora Kamala Harris declarou seu apoio a Biden no domingo. O nome de Harris carrega peso importante.

Com a candidatura democrata entre dois homens brancos de idade avançada — Biden, 77, e Sanders, 78 –, a especulação é que uma mulher seja escolhida como companheira de chapa de ambos. Nunca na história dos Estados Unidos uma mulher foi candidata à vice-presidência.

Harris, que é negra, seria uma escolha natural para Joe Biden, cuja virada começou justamente graça ao voto dos eleitores afro-americanos do estado da Carolina do Sul. Outro nome que vem sendo cotado é o da também senadora Amy Klobuchar, que abandonou sua candidatura na semana passada em favor de Biden.

A também senadora Elizabeth Warren, mais à esquerda, seria a favorita para completar a chapa de Sanders.

A próxima rodada das primárias democratas acontece na terça-feira da semana que vem e inclui outros estados chave-para a eleição geral, como Flórida, Ohio e Illinois.

Antes, porém, os eleitores finalmente terão a oportunidade de acompanhar um debate com apenas dois candidatos no palco. O embate entre Sanders e Biden será realizado pela rede CNN e está marcado para domingo, às 21h (horário de Brasília).

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Sérgio Teixeira Jr.

Jornalista colaborador do InfoMoney, radicado em Nova York