Ibovespa cai 1,12% e renova pior fechamento do ano; atraso em votação da PEC e variante ômicron impediram recuperação da Bolsa

No exterior, as Bolsas também inverteram para o terreno negativo com o avanço da nova cepa da Covid

Mitchel Diniz

(Getty Images)

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SÃO PAULO – O primeiro pregão de dezembro do Ibovespa foi uma reprise do que aconteceu com frequência no mês passado. A Bolsa começou o dia bem, chegou a recuperar os 104 mil pontos, mas voltou ao terreno negativo pressionada pelo desempenho dos mercados globais e questões internas que têm se arrastado por meses.

Lá fora não foi muito diferente. As Bolsas nos Estados Unidos subiram forte durante a maior parte do dia, mas viraram com incertezas sobre o impacto real da variante ômicron da Covid-19 na economia. O primeiro caso da mutação foi confirmado no caso da Califórnia, enquanto as hospitalizações aumentam na África do Sul. No entanto, a Organização Mundial da Saúde ainda não sabe com precisão sobre a gravidade da nova cepa e se ela é ou não resistente às vacinas já existentes.

O presidente Joe Biden se mostrou mais receoso com a variante em discurso feito hoje à tarde. Biden, que inicialmente descartou novas restrições nos Estados Unidos por conta da nova cepa, disse estar preocupado com a inflação e baixa vacinação.

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No Brasil, já são três casos confirmados da nova variante. Os pedidos de assistência consular feitos por brasileiros retidos em países africanos não param de aumentar e quem está nessa situação vem sendo fichado pelo Itamaraty.

O Livro Bege, do Banco Central Americano, também não ajudou a manter o otimismo, pois apontou retomada da atividade econômica apenas moderada na maioria dos estados americanos. Segundo o Federal Reserve, o desempenho foi contido pela falta de oferta e também pela mão de obra escassa em vários distritos, tendo os gastos com consumo crescido apenas moderadamente.

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O Ibovespa, que chegou a subir mais de 2% no período da manhã, acompanhando os mercados internacionais, zerou os ganhos e beirou novamente os 100 mil pontos. Os investidores passaram o dia de olho no Congresso, onde os senadores aprovaram a indicação de André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal (STF) depois de um dia inteiro de sabatina – mas o assunto de maior interesse do mercado era a votação do PEC dos Precatórios, que não chegou a ser votada em Plenário durante o funcionamento do pregão.

Prevendo atrasos, a votação da PEC também está prevista na pauta de amanhã (2). O governo ainda negocia mudanças para garantir um placar com margem que assegure o quórum necessário para aprovar o texto, ou seja, 49 votos favoráveis em dois turnos.

A Proposta de Emenda à Constituição visa abrir espaço no Orçamento de 2022, adiando o pagamento de dívidas judiciais da União, os precatórios. Assim, o governo poderia pagar o Auxílio-Brasil de R$ 400 sem estourar o Teto de Gastos, uma medida que a princípio encontrou resistência no mercado, mas hoje é uma alternativa considerada “menos pior” em termos de riscos fiscais.

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O Ibovespa terminou o dia em queda de 1,12% aos 100.774 pontos, renovando a pior pontuação de fechamento desde novembro do ano passado. O volume negociado no dia ficou, mais uma vez, acima da média, em R$ 34,8 bilhões. O Ibovespa futuro para dezembro operava em queda de 1,56% aos 100.925 pontos, nos últimos negócios do dia.

“A Bolsa ainda está muito sensível ao cenário político e qualquer notícia nesse sentido vem fazendo preço no mercado”, afirmou Alexandre Brito, gestor da Finacap Investimentos, sobre um possível adiamento da votação na PEC dos Precatórios.

O dólar comercial fechou na máxima do dia, em alta de 0,63% a R$ 5,670 na compra e R$ 5,671 na venda. O dólar futuro com vencimento em janeiro de 2022 opera em alta de 1,27%, a R$ 5,729, nos últimos negócios do dia.

No mercado de juros futuros, a sessão estendida terminou com o DI para janeiro de 2023 estável, em 11,78%; DI para janeiro de 2025 subiu nove pontos-base, a 11,49%; e o DI para janeiro de 2027 avançou 13 pontos-base para 11,44%.

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Em Nova York, os índices, que operaram em alta forte durante a maior parte do dia, inverteram sinal com os temores sobre a variante ômicron. ODow Jones fechou em queda de 1,34%, a 34.022 pontos; o S&P teve queda de 1,18%, a 4.512 pontos; e o Nasdaq fechou em baixa de 1,83%, a 15.254 pontos.

Em novo discurso no Congresso americano, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, voltou a falar que a inflação não é transitório e deu novos sinais sobre acelerar a retirada de estímulos no país. Desde que a pandemia começou, a autoridade monetária vem adquirindo bilhões de dólares em títulos do Tesouro diariamente, para aquecer a economia. O Federal Reserve já diminuiu as compras em novembro e pode acelerar o tapering este mês, conforme sinalizou Powell.

Na Europa, o índice Stoxx 600, que reúne as ações de 600 empresas de todos os principais setores de 17 países europeus, fechou em alta de mais de 1%.

Os preços do petróleo zeraram ganhos e fecharam em baixa: o barril do petróleo tipo Brent fechou em baixa de 0,42% a US$ 69,52; e o do WTI recuou 0,15% a US$ 66,28. O mercado vai acompanhar a reunião da Organização dos Países Produtores de Petróleo e aliados (OPEP+), que poderá ou não estabelecer uma nova meta de produção diante do avanço da variante ômicron no mundo.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados