Exchanges vão sobreviver com entrada de bancos e fintechs em cripto?

Players que já atuam no Brasil admitem desafio, mas apostam em especialização

Paulo Barros

(iStock / Getty Images Plus)

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O mercado das criptomoedas vive um “inverno” em 2022, mas ele não parece valer para o Brasil – ao menos não nos negócios do setor. O país já estava na mira de exchanges internacionais por ter um grande potencial de crescimento, e este ano virou prioridade também de fintechs e bancos locais, que aceleraram seus esforços e anunciaram a entrada no segmento.

Nas últimas semanas, Nubank, XP e BTG lançaram soluções de varejo para compra e venda de Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH), e o Itaú inaugurou uma nova unidade de tokenização, para levar ativos financeiros tradicionais para a blockchain. Já o Santander não exclui a possibilidade de começar a ofertar criptos a seus clientes nos próximos meses.

O Mercado Livre, que já oferecia negociação de criptos desde dezembro do ano passado, anunciou na quinta-feira (18) o lançamento de seu próprio ativo digital, batizado de MercadoCoin. O caminho é parecido com o adotado pelo PicPay, que apresentou na semana passada uma corretora de ativos digitais e uma stablecoin, cripto que tem paridade com o real.

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Representantes de exchanges de criptomoedas com os quais o InfoMoney CoinDesk conversou admitem um desafio maior diante da nova concorrência. No entanto, seguem apostando que existe espaço para todos, na crença de que certos serviços mais avançados continuam sendo encontrados apenas nas plataformas mais especializadas.

“Essa indústria é naturalmente global. Se focarmos apenas no mercado local brasileiro, ficaremos emperrados no meio da concorrência”, conta Beibei Liu, CEO da exchange brasileira veterana NovaDAX, fundada em 2018 pelo unicórnio chinês Abakus Group.

Nesse momento de mercado, a corretora adota uma estratégia de facilitar o acesso a investimentos cripto que ainda estão longe do radar de rivais locais, como a oferta de tokens DeFi descontados, antes do seu lançamento em outras corretoras.

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“Temos um ditado na China que diz: fazemos o bolo crescer primeiro para depois dividir uma fatia maior. Não importa se você cai de 10% para 8% de market share se o bolo cresce 10 vezes”, conta Beibei.

Para o CEO da corretora brasileira Coinext, José Artur Ribeiro, exchanges nacionais podem também aproveitar o crescimento da oferta para oferecer serviços de white label para empresas que querem entrar no setor sem precisar criar sua própria infraestrutura.

“Vão acontecer essas parcerias institucionais, é uma boa oportunidade”, avalia.

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As parcerias foram o caminho adotado há anos pela Transfero, empresa suíça fundada por brasileiros que tem como ponto forte a operação do Pix para exchanges estrangeiras, como Crypto.com, Bybit e a gigante norte-americana FTX, do bilionário Sam Bankman-Fried.

Na visão de Thiago Cesar, CEO e cofundador da Transfero, a entrada dos bancos nesse mercado é positiva, mas ainda é tímida. Segundo ele, pesa o fato de essas empresas oferecerem apenas conversão de saldo em dinheiro por cripto, e vice-versa – ou seja, não é possível sacar ou depositar ativos digitais diretamente.

“Eu até entendo pela questão regulatória, mas [a entrada dos bancos e fintechs em cripto] ainda não é uma ameaça, principalmente para os grandes players. Não acredito que um cliente que hoje está acostumado a negociar na FTX, Binance, Bybit ou Crypto.com vai deixar de negociar lá para comprar no Nubank ou no Mercado Livre. São públicos diferentes e experiências diferentes”, afirma.

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Para o executivo, os bancos digitais estão usando as criptos para mostrar que estão em linha com o mercado, aproveitando uma base existente de clientes que pretendem realizar apenas alocações pontuais em criptoativos.

“Isso é ótimo, mas não se compara com a suíte de funcionalidades de uma exchange em termos de operar com margem, lending [empréstimos], staking, ou a possibilidade de depositar e sacar em diferentes chains [redes]”, comenta.

A Binance, exchange estrangeira que domina o mercado brasileiro, diz em nota que “acredita que hoje existe espaço para que muitos participantes atuem dentro do mercado cripto no Brasil e no mundo”.

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“A blockchain e os criptoativos possibilitam o aumento da liberdade financeira de usuários no mundo todo, por meio da inclusão de pessoas que hoje não têm acesso às ferramentas tradicionais. Quanto mais as pessoas conhecerem sobre blockchain e cripto, mais o mercado vai crescer”, comenta a empresa.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos