Criptomoedas operam de lado após disparada na Nasdaq com reguladores dos EUA apertando cerco ao setor

Investidores estão atentos à temporada de resultados nos EUA e ao potencial impacto no índice Nasdaq, altamente correlacionado com o Bitcoin

Paulo Barros CoinDesk

(Kanchanara/Unsplash)

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Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH) decepcionaram investidores que esperavam um salto mais significativo ontem em meio a uma sessão de fortes ganhos na Nasdaq, que fechou em alta de 3,43%. Na manhã desta terça-feira (18), as criptomoedas voltam a operar de lado e sustentam os níveis nos quais vêm sendo negociados há semanas. Às 7h, BTC sobe 0,9% e vai a US$ 19.528, e o ETH avança 0,5%, para US$ 1.325.

Entre as altcoins, o melhor desempenho é da Frax Share (FXS), que avança mais de 10% nas últimas 24 horas. Na ponta negativa, o destaque é a Quant (QNT), que recua mais de 8% em meio a uma realização de lucros após bater 450% de alta em quatro meses.

Investidores já começam digerir os primeiros resultados das empresas referentes ao terceiro trimestre, com o Bank of America, segundo maior banco dos EUA, registrando queda de 8% na lucratividade ontem. Nesta semana, o mercado estará atento aos resultados de Goldman Sachs e Tesla, entre outras.

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Enquanto isso, investidores de criptomoedas olham com cautela os movimentos dos reguladores americanos junto a empresas do setor.

A Commodity Futures Trading Commission (CFTC) e a Securities and Exchange Commission (SEC) passaram a investigar se o hedge fund Three Arrows Capital violou leis ao mentir sobre seu balanço e não se registrar nas duas agências, de acordo com uma reportagem da Bloomberg.

Além disso, a exchange FTX, do bilionário Sam Bankman-Fried, virou alvo do regulador do mercado de capitais no estado do Texas por supostamente oferecer uma conta de rendimento, produto considerado um contrato de investimento, sem a licença adequada.

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Já a Binance teve que responder ontem a uma longa reportagem da Reuters sobre supostas estratégias pouco ortodoxas da empresa para escapar dos reguladores americanos. A maior corretora cripto do mundo estaria na mira do Departamento de Justiça dos EUA.

Assista: A moeda digital chinesa tem potencial para criar um mundo sem dólar?

Em defesa do Bitcoin, Jeff Dorman, diretor de investimentos da empresa de serviços financeiros cripto Arca, comparou em relatório nesta semana os swaps de default de crédito soberano (CDS) à criptomoeda como meio de se proteger do colapso das economias globais.

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“[Os CDSs] explodiram este ano em todo o mundo, indicando que o risco de inadimplência aumentou, ou pelo menos, o custo para garantir este resultado de baixa probabilidade aumentou significativamente.”

CDSs são contratos financeiros em que os compradores de títulos corporativos ou soberanos tentam erradicar possíveis perdas decorrentes da inadimplência de um emissor de títulos. Dorman escreveu que os CDSs tendem a ser uma medida de risco mais precisa do que os próprios títulos.

“O Bitcoin sempre foi uma opção de compra contra a anarquia se os cidadãos começarem a perder a fé em seus bancos e governos locais”, escreveu Dorman.

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“Na verdade, em fevereiro de 2022, quando o rublo da Rússia afundou e os bancos canadenses congelaram as contas dos cidadãos, destacamos que não seria surpreendente se a demanda por Bitcoin disparasse. Essa previsão é ainda mais relevante agora com os bancos europeus implodindo, a moeda da Inglaterra e o mercado de títulos erodindo e o controle da curva de rendimento do Japão desconcertando os investidores”.

Ele acrescentou que “pagar uma taxa única de pouco menos de US$ 20 mil por Bitcoin não parece tão caro”.

“Talvez devêssemos parar de olhar para o Bitcoin como um hedge de inflação ou reserva de valor e começar a valorizá-lo como proteção de riqueza e meios de subsistência. Certamente é contraintuitivo que o Bitcoin e o CDS soberano sirvam ao mesmo propósito, mas um é mais caro devido ao aumento de riscos muito reais (CDS), enquanto o outro está à venda com 70% de desconto desde sua recente máxima histórica”, avaliou Dorman.

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Confira o desempenho das principais criptomoedas às 7h:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Bitcoin (BTC) US$ 19.528,14 +0,90%
Ethereum (ETH) US$ 1.325,06 +0,50%
Binance Coin (BNB) US$ 1.325,06 +0,30%
XRP (XRP) US$ 0,470798 +0,50%
Cardano (ADA) US$ 0,366417 -0,80%

As criptomoedas com as maiores altas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Frax Share (FXS) US$ 6,68 +10,60%
Lido DAO (LIDO) US$ 1,49 +5,30%
Polygon (MATIC) US$ 0,857353 +4,90%
Cosmos Hub (ATOM) US$ 12,44 +4,50%
Maker (MKR) US$ 1.080,48 +4,30%

As criptomoedas com as maiores quedas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Quant (QNT) US$ 193,95 -8,20%
Leo Token (LEO) US$ 4,24 -5,80%
Mina Protocol (MINA) US$ 0,557872 -4,60%
Radix (XRD) US$ 0,052925 -4,30%
Celsius Network (CEL) US$ 0,956125 -3,60%

Confira como fecharam os ETFs de criptomoedas no último pregão:

ETF Preço Variação
Hashdex NCI (HASH11) R$ 17,99 +2,44%
Hashdex BTCN (BITH11) R$ 24,20 +0,04%
Hashdex Ethereum (ETHE11) R$ 20,89 +1,45%
Hashdex DeFi (DEFI11) R$ 20,80 +0,38%
Hashdex Smart Contract Plataform FI (WEB311) R$ 17,15 +4,88%
Hasdex Crypto Metaverse (META11) R$ 42,50 +2,18%
QR Bitcoin (QBTC11) R$ 6,49 +1,72%
QR Ether (QETH11) R$ 5,10 +2,00%
QR DeFi (QDFI11) R$ 3,88 +1,83%
Cripto20 EMPCI (CRPT11) R$ 5,28 +0,76%
Investo NFTSCI (NFTS11) R$ 23,84 -0,04%
Investo Vaneck Smart Contract (BLOK11) R$ 100,09 0,00%

Veja as principais notícias do mercado cripto desta terça-feira (18):

Rede de hotéis europeia anuncia NFTs brasileiros

A rede hoteleira Penta Hotels, que tem 20 hotéis em vários países da Europa, anunciou uma parceria com a startup brasileira Lumx Studios para o lançamento de NFTs.

Os NFTs serão usados em um programa de fidelidade: os hóspedes ganharão acesso gratuito aos NFTs, que por sua vez poderão destravar benefícios.

Os ativos são gerados em uma rede desenvolvida pela Lumx.

Binance anuncia serviço de mineração em nuvem

A exchange Binance anunciou o plano para lançar um produto de mineração de criptomoedas em nuvem. A solução será disponibilizada em novembro.

Segundo a empresa, o serviço será ofertado via Binance Pool, o braço de mineração da exchange, por meio da compra de hashrate (poder computacional) de mineradores.

A novidade vem logo após a Binance um fundo de US$ 500 milhões para financiar mineradores de Bitcoin. Além disso, ontem, a rede do Bitcoin levou mais de uma hora para verificar transações – tarefa que normalmente leva 10 minutos.

Atualização Xangai do Ethereum ganha rede de testes

Os desenvolvedores do Ethereum podem começar a testar a próxima atualização do protocolo, chamada de Xangai, na nova rede de teste “Shandong” (testnet).

A atualização está projetada para acontecer em 2023 e será a primeira desde a Merge (Fusão) em setembro, quando o Ethereum fez a transição da mineração para o mecanismo de validação com staking.

Uma das principais mudanças previstas para a versão Xangai é o desbloqueio de tokens ETH depositados na Beacon Chain do Ethereum, que surgiu em 2020, juntamente com as recompensas que estão, desde então, travadas.

Mynt lista três novas criptomoedas

A plataforma de investimentos em criptoativos Mynt, do BTG Pactual, listou três novas criptomoedas: Chainlink (LINK), Polygon (MATIC) e USD Coin (USDC).

Os ativos já estão disponíveis na plataforma para negociações, com aportes a partir de R$ 100.

As novidades se juntam às outras cinco que a plataforma já oferecia: Bitcoin, Ether, Solana (SOL), Polkadot (DOT) e Cardano (ADA).

Paulo Barros

Editor de Investimentos