Bitcoin se descola das bolsas, sobe forte e supera ouro mesmo com novos ataques na Ucrânia; cripto russa dispara 40%

Ativo digital dispara em meio a suspeitas de que russos estejam comprando em massa para se proteger do colapso do rublo

Paulo Barros CoinDesk

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Ignorando a falta de um acordo no primeiro dia de negociações e a sequência da ofensiva russa na Ucrânia, com tropas avançando sobre Kiev, o Bitcoin (BTC) registra a maior alta em um ano e avança 15% no dia, disparando de pouco mais de US$ 38 mil e chegando a ser negociado acima de US$ 44 mil pela primeira vez em 15 dias.

Às 8h15, a alta esfria e a criptomoeda opera a US$ 43.556, ainda assim acumulando alta diária de 13,6%, e semanal de 17,6%. O salto faz o ativo digital se descolar das bolsas mundiais, especialmente da Nasdaq, com a qual vinha tendo alto índice de correlação desde o segundo semestre do ano passado.

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O índice da bolsa de tecnologia fechou em alta de apenas 0,41% no pregão de ontem. Hoje, em meio ao sexto dia de guerra e com novos ataques russos à Ucrânia, os futuros do S&P500 e da Nasdaq operam em baixa de 0,54% e 0,58%, respectivamente.

Na Europa, o índice Stoxx 600, que reúne as ações de 600 empresas de todos os principais setores de 17 países europeus, cai 1,57%.

O movimento do Bitcoin começou no início da tarde de ontem, quando o preço da criptomoeda rompeu os US$ 40 mil à medida em que investidores digeriam as sanções impostas à Rússia como meio de conter a guerra.

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O criptoativo também supera o ouro neste rali. O metal precioso registra alta de 1,16% hoje e vai a US$ 1.923,20 a onça. Segundo a estrategista macroeconômica Lynn Alden, o ganho de terreno do Bitcoin sobre o ouro está ligado a uma adoção comparativamente alta de criptomoedas nos países envolvidos no conflito.

Segundo dados da consultoria Tripple A, a Ucrânia tem o maior percentual de habitantes que utilizam criptomoedas, com 12,73%, seguida da Rússia, com 11,91% de residentes que usam Bitcoin e outras criptos.

Em meio à aplicação das sanções impostas pelos Estados Unidos e pela Europa, russos correram para comprar Bitcoin como meio de preservar suas economias do colapso do rublo. Segundo dados do provedor de pesquisa em criptomoedas Kaiko, o volume de Bitcoin denominado em rublo já atingia o maior nível desde maio na semana passada.

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Tendência semelhante foi vista no volume de negociação do Tether (USDT). No par com o rublo, por exemplo, o volume alcançou recorde de oito meses. O USDT é a maior stablecoin do mundo e mantém preço pareado ao dólar em uma proporção de um para um.

Já na Ucrânia, tanto o governo quanto ONGs recebem doações em criptomoedas para financiar a resistência à invasão russa.

O país recebeu mais de US$ 20 milhões em doações de criptomoedas até agora, com quase metade proveniente da Binance. De acordo com analistas da Elliptic, os ucranianos já receberam mais de 24.000 doações em ativos digitais desde o início da invasão russa. Uma carteira de Bitcoin sozinha doou US$ 3 milhões.

O salto de preço do Bitcoin resultou em ganhos generalizados para o mercado cripto, cuja capitalização volta a se aproximar da marca de US$ 2 trilhões. Com exceção do Leo Token (LEO), todos os ativos do top 100 por valor de mercado apresentam alta hoje em relação às últimas 24 horas.

O destaque é a Waves (WAVES), uma blockchain rival do Ethereum (ETH) que tem origem russa. Sem maiores explicações, como uma atualização ou adesão de um grande player institucional, o ativo dispara 40% hoje. Na semana, a criptomoeda já quase dobra de preço, com alta de 96%.

Depois aparece a THORChain (RUNE), que avança expressivos 35%, seguida da Terra (LUNA), que registra ganhos de 26% no dia e já valoriza 83% em uma semana. Com o movimento, o token LUNA supera Cardano (ADA) e Solana (ADA) e se torna o sétimo mais valioso do mundo.

“O LUNA superando seus pares no mercado hoje não deve ser um choque”, disse Alexander Mamasidikov, cofundador do banco digital móvel MinePlex, em um e-mail ao CoinDesk. “A moeda é apoiada por um protocolo blockchain que é inerentemente inovador e tem potencial para grande utilidade e escalabilidade, um recurso que os investidores de varejo e institucionais percebem.”

Confira o desempenho das principais criptomoedas às 8h15:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Bitcoin (BTC) US$ 43.556,30 +13,6%
Ethereum (ETH) US$ 2.919,01 +10,7%
Binance Coin (BNB) US$ 408,61 +11,2%
XRP (XRP) US$ 0,770739 +6,2%
Terra (LUNA) US$ 93,60 +26,5%


As criptomoedas com as maiores altas nas últimas 24 horas:

Waves (WAVES) US$ 17,31 +41,1%
THORChain (RUNE) US$ 4,87 +39,2%
Terra (LUNA) US$ 93,80 +26,7%
Juno (JUNO) US$ 39,62 +23%
Near (NEAR) US$ 10,54 +22,9%

As criptomoedas com as maiores quedas nas últimas 24 horas:

Leo Token (LEO) US$ 5,72 -1,4%

Confira como fecharam os ETFs de criptomoedas no último pregão:

ETF Preço Variação
Hashdex NCI (HASH11) R$ 36,00 +3,15%
Hashdex BTCN (BITH11) R$ 48,20 +4,32%
Hashdex Ethereum (ETHE11) R$ 41,33 +4,21%
Hashdex DeFi (DEFI11) R$ 41,10 +0,90%
QR Bitcoin (QBTC11) R$ 12,72 +2,58%
QR Ether (QETH11) R$ 10,20 +3,03%
QR DeFi (QDFI11) R$ 7,32 +7,64%

Veja as principais notícias do mercado cripto desta terça-feira (1):

Exchanges querem impedir uso de criptos para contornar sanções

Com a preocupação de que oligarcas russos tentem usar criptomoedas para contornar sanções, exchanges pertencentes à organização Crypto Market Integrity Coalition estão dispostas a impedir saques de cripto por parte dessas pessoas.

“Geopoliticamente, as criptomoedas estão agora no centro da conversa”, disse Liat Shetret, diretora de assuntos regulatórios e política de conformidade da Solidus Labs, um fornecedor de software de compliance. Para ela, a situação representa “um teste para criptomoedas que realmente afetará o crescimento futuro.

As exchanges de criptomoedas estão monitorando ativamente as transações usando rastreamento de blockchain e tentando criar uma trilha de evidências de possíveis transações ilícitas. A ideia é impedir que as criptos sejam convertidas para dinheiro.

Em nota ao InfoMoney CoinDesk, a Binance afirma se comprometer a contribuir com o cumprimento das sanções. “Se a comunidade internacional ampliar ainda mais essas sanções, também vamos aplicá-las agressivamente”.

Ucrânia abre carteira de Polkadot para doações

A Ucrânia expandiu seus esforços de arrecadação de fundos de criptomoedas abrindo uma carteira Polkadot (DOT). A mudança ocorre depois que o fundador da Polkadot, Gavin Wood, prometeu doar US$ 5 milhões em DOT.

Até agora, a Ucrânia recebeu mais de US$ 186 mil em DOT, de acordo com dados da blockchain

“Um airdrop ainda não foi confirmado”, afirmou o governo da Ucrânia via Twitter, em resposta ao pedido de Wood para abrir uma carteira Polkadot para receber doações. Na linguagem criptográfica, um ‘airdrop’ é a distribuição de tokens gratuitos pelo fundador de um projeto.

Atualmente, o DOT está sendo negociado a US$ 18,70, de acordo com a CoinGecko, um aumento de 10% no dia, à medida que o mercado de criptomoedas continua em alta.

FC Barcelona quer criar sua própria cripto e entrar no metaverso

O clube de futebol espanhol FC Barcelona quer criar sua própria criptomoeda, disse o presidente Joan Laporta durante a feira de tecnologia Mobile World Congress nesta semana.

“Queremos criar nossa própria criptomoeda e temos que fazer isso nós mesmos”, disse Laporta. “Somos diferentes porque sobrevivemos financeiramente do que podemos gerar através da indústria do esporte.”

Ao contrário da maioria dos grandes clubes de futebol, o Barcelona pertence e é operado por seus torcedores. A governança do clube é construída em torno de 160.000 membros em vez de acionistas. Foi o clube de futebol mais valioso do mundo em 2021, segundo a Forbes.

“Não temos grandes corporações ou acionistas atrás de nós. Isso nos obriga a ser imaginativos, inovadores, corajosos e estar um passo à frente em muitas áreas que cercam a indústria do esporte”, disse Laporta.

Laporta disse que o clube lançará uma série de tokens não fungíveis (NFTs) em um futuro próximo, seguindo os planos inicialmente anunciados em novembro passado. Também revelou intenção de criar um metaverso.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos