Bitcoin cai 4%, Ethereum cede 5% e mercado apaga US$ 65 bi após ação da SEC contra staking nos EUA

Já fragilizadas diante de novos temores de que a batalha contra a inflação global deve demorar mais tempo do que o esperado, as criptomoedas abrem esta sexta-feira (10) novamente em terreno negativo, acompanhando previsão de analistas de que uma correção estaria pela frente após um janeiro de fortes ganhos.

Às 7h10 de hoje, o Bitcoin (BTC) é negociado em baixa de 4,3% , a US$ 21.831, e o Ethereum (ETH) perde 5,3%, a US$ 1.547. A maioria das criptos entre as 100 maiores do mercado registra queda nesta manhã, com pelo menos nove ativos recuando na casa dos dois dígitos, com destaque para Render (RNDR), Frax Share (FXS), Enjin Coin (ENJ) e Axie Infinity (AXS), que registram quedas acima de 12%. No geral, o mercado recua cerca de US$ 63 bilhões em capitalização (4,3%) nas últimas 24 horas.

Na ponta positiva, um dos melhores desempenhos é o da Rocket Pool (RPL), cripto ligada a um serviço descentralizado de staking que sobe 4,4% desde ontem e mais de 16% em sete dias. O movimento segue uma tendência que começou nesta semana, após o CEO da Coinbase, Brian Armstrong, mencionar o receio de que a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (a SEC) estaria próxima de banir o staking do país – como consequência, impedindo que empresas reguladas ofereçam esse tipo de funcionalidade.

Staking é o processo de depositar criptos em um protocolo para se credenciar como validador de uma rede blockchain, ajudando a verificar transações em troca de uma remuneração em ativos digitais.

O temor foi confirmado ontem, quando surgiu a informação, apurada pelo CoinDesk, de que a exchange Kraken, altamente regulada nos EUA, teria chegado a um acordo com a SEC para pagar multa de US$ 30 milhões e interromper seu serviço de staking. Logo depois, a SEC confirmou a medida, indicando que o staking será tratado como valor mobiliário no país.

“Seja por meio de staking como serviço, empréstimo ou outros meios, os intermediários cripto, ao oferecer contratos de investimento em troca de tokens de investidores, precisam fornecer as devidas divulgações e salvaguardas exigidas por nossas leis de valores mobiliários”, disse o presidente da SEC, Gary Gensler.

“A ação de hoje deve deixar claro para o mercado que os provedores de staking como serviço devem se registrar e fornecer divulgação completa, justa e verdadeira e proteção ao investidor”, completou Gensler sobre o acordo com a Kraken.

Para onde vai o mercado

Brett Sifling, consultor de investimentos da gestora americana de fortunas Gerber Kawasaki, destacou ao CoinDesk a necessidade de uma regulamentação aprimorada para ajudar “cripto realmente a ir para o próximo nível”.

“A inovação ultrapassou a legislação que nosso governo apresentou”, disse Sifling. “Precisamos de um pouco de sangue, algum sinal de confiança de que nosso governo vai nos apoiar e que não haverá apenas o Velho Oeste com um bando de criminosos na indústria, porque isso acaba prejudicando a pessoa comum”.

Com a nova empreitada da SEC contra o staking e diante do persistente temor de inflação prolongada, vários analistas acreditam que o mercado como um todo deverá ser afetado e o Bitcoin poderá recuar para o suporte de US$ 20 mil em um futuro próximo.

Por outro lado, uma parcela de especialistas aponta que a queda pode ser temporária, e que o mercado deverá subir novamente na sequência, seguindo o roteiro de períodos anteriores de recuperação.

“O que estamos experimentando agora parece mais semelhante à atividade de mercado ascendente e lateral que praticamente definiu todo o ano de 2019”, avalia o diretor da Emurgo, Vineeth Bhuvanagiri, em nota. Ele ressalta que, naquele ano, as criptos entraram “não apenas em uma fase de recuperação, mas de acumulação” que acabou ajudando a alimentar a alta exponencial vista em 2020.

Sinais de otimismo

Mauricio Di Bartolomeo, cofundador da plataforma de empréstimo cripto Ledn, lembra que muitos traders que operavam alavancados foram liquidados em janeiro, o que alimentou a forte alta no setor. Dessa vez, aponta, embora ainda haja agentes de mercado negociando desta maneira, há um equilíbrio maior e, por isso, espera por movimentos menos abruptos de preço.

“Há uma alavancagem modesta sendo levada tanto para o lado negativo quanto para o positivo”, disse Bartolomeo. “Normalmente, o que cria esses movimentos violentos é a alavancagem. Então, agora, acho que a configuração está apenas sendo negociada de lado no curto prazo”.

Já para analistas da Messari, há diversos indicadores fundamentalistas que mostram otimismo do investidor com o Bitcoin, como “o movimento de grandes quantidades de BTC de exchanges para carteiras” e “o crescimento de endereços e transações ativos diariamente”. Na visão da casa, isso sugere “um fundo de mercado potencial” e “uma persistência da confiança do investidor a longo prazo ”.

“Embora o hype em torno do Bitcoin tenha diminuído, a rede experimentou historicamente um ressurgimento da popularidade após períodos de dúvida”, escreveram Sami Kassab e Chris Collar, da Messari, no relatório.

Confira o desempenho das principais criptomoedas às 7h10:

As criptomoedas com as maiores altas nas últimas 24 horas:

As criptomoedas com as maiores baixas nas últimas 24 horas:

Confira como fecharam os ETFs de criptomoedas no último pregão:

Parceira de Nubank, Mercado Livre e Binance entra na mira de reguladores

O Departamento de Serviços Financeiros de Nova York (NYDFS) está investigando o emissor de stablecoin Paxos, apurou o CoinDesk.

O escopo completo da investigação ainda não está claro. As stablecoins da Paxos incluem a Pax Dollar (USDP) e a Binance USD (BUSD), um criptoativo com a marca Binance oferecida por meio de um serviço white label.

A Paxos também opera a funcionalidade de compra e venda de criptomoedas do Nubank e do Mercado Livre, do qual também é investida.

Um porta-voz do NYDFS disse que a agência não poderia comentar sobre as investigações em andamento.

Receita dos EUA quer identificar clientes de staking da Kraken

O Internal Revenue Service dos EUA, órgão americano equivalente à Receita Federal do Brasil, ingressou com uma ação judicial pedindo permissão para intimar a exchange de criptomoedas Kraken e suas subsidiárias em busca de dados de clientes.

A ação foi ingressada pelo IRS minutos depois que a Kraken anunciou acordo para encerrar investigação da SEC, que acusou a empresa de oferecer valores mobiliários não registrados por meio de seu serviço de staking.

“Apesar das discussões entre as partes, a Payward Ventures Inc. [uma das empresas registradas que compõem a Kraken] e suas subsidiárias não cumpriram a intimação e não apresentaram os livros, registros, papéis e outros dados exigidos na intimação. Payward A falha da Ventures Inc. & Subsidiaries em cumprir a intimação continua até esta data”, disse o IRS em sua petição.

Novo NFT de música de Rihanna dá direito a royalties

O produtor musical Deputy lançou na quinta-feira (9) um NFT que dá ao comprador o direito de receber royalties parciais provenientes do streaming de uma música da cantora Rihanna.

Os ativos foram emitidos pela empresa anotherblock, que oferece uma solução que permite a artistas, produtores e escritores alienarem uma porcentagem de seus direitos de royalties de streaming, que são oferecidos como NFTs fracionados.

Os 300 NFTs do single de sucesso de Rihanna “B*tch Better Have My Money”, lançado em 2015, começaram a ser ofertados às 14h de ontem a US$ 210 por unidade, e esgotaram em minutos.

Cada comprador receberá “uma parte de 0,0033% dos royalties de streaming” da música, disse a empresa anotherblock.

Espera-se que os detentores recebam seu primeiro pagamento de royalties em 16 de fevereiro, disse a empresa. Os pagamentos serão realizados a cada seis meses com base na receita do streaming da canção.