Bitcoin retoma US$ 31 mil após flerte com US$ 29 mil e stablecoin em espiral da morte; traders perdem US$ 1 bi

Crise generalizada no projeto Terra (LUNA) ajudou a aumentar pressão de venda sobre o Bitcoin

Paulo Barros CoinDesk

Publicidade

O Bitcoin retoma na manhã desta terça-feira (10) o patamar de US$ 31 mil após flertar com a mínima de 2021 ao atingir menos de US$ 30 mil na noite de ontem em mais um dia marcado pelo sell-off global de ativos de risco em meio a incertezas quanto à retomada econômica mundial e o comportamento das taxas de juros.

Às 7h15 , a criptomoeda era negociada a US$ 31.421, em queda de 6% em 24 horas. Na semana, a moeda digital registra perdas de 18,5%. Já o Ethereum (ETH), segunda maior cripto por valor de mercado, recupera o nível de US$ 2.377 após tocar em US$ 2.200 por volta das 21h de ontem. No total, o mercado cripto desabou próximo de US$ 200 bilhões em um dia.

Até onde as criptomoedas vão chegar? Qual a melhor forma de comprá-las? Nós preparamos uma aula gratuita com o passo a passo. Clique aqui para assistir e receber a newsletter de criptoativos do InfoMoney

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

A queda mais aguda do Bitcoin já era esperada por boa parte dos analistas, que viam o ativo digital enfraquecido em meio à perda de apetite por risco entre investidores. A alta correlação com ações de tecnologia também ajuda a explicar o cenário desfavorável para o BTC, que acaba sendo impactado até mesmo pela eventual redução da centralidade de algumas tecnologias na vida das pessoas por conta do alívio da pandemia.

“Muitas pessoas estão retornando aos comportamentos de compra offline, prejudicando o comércio eletrônico e as ações de tecnologia que tiveram o melhor desempenho durante os lockdowns”, afirma Mark Lurie, the CEO da plataforma de negociação de criptos Shipyard Software.

Além dos fatores macroeconômicos, uma dinâmica própria do mercado cripto ajudou a pressionar o preço do Bitcoin. Em meio à tentativa de salvar a paridade da stablecoin Terra USD (UST), o projeto Terra (LUNA) liquidou US$ 850 milhões em Bitcoin de suas reservas e contribuiu para aumentar a pressão de venda sobre a moeda digital.

Continua depois da publicidade

A UST havia entrado no que se chama de “espiral da morte”, cenário que envolve uma queda sistemática de um ativo em meio a um momento de pânico no mercado. Nesse caso, investidores começaram a resgatar valores antes convertidos em UST com o receio de que a stablecoin perdesse a paridade com o dólar. Com isso, o sistema passou a emitir mais tokens Luna, derrubando seu preço – o ativo, porém, era quem sustentava a paridade da stablecoin.

Com medo de também ficarem no prejuízo, investidores da Luna começaram a liquidar suas posições, enfraquecendo ainda mais o combustível da paridade e causando o que os usuários temiam: após a Luna despencar mais de 50%, a UST desabou de US$ 1 para US$ 0,60 na noite de segunda-feira (9).

A instabilidade obrigou a exchange Binance a interromper saques de Luna e UST, em uma espécie de circuit breaker – em certo momento, usuários relataram que os livros de ordens da exchange no par UST/USDT ficaram vazios. Após a UST recuperar o patamar de US$ 0,90 nesta manhã, as retiradas foram restabelecidas.

A queda nos preços de criptomoedas levou às maiores perdas em liquidações de posição (chamada de margem) do ano até aqui. Segundo dados da plataforma de derivativos Bybt, traders de futuros perderam US$ 346 milhões em Bitcoin, US$ 321 milhões em Ethereum e US$ 87 milhões em Luna, um valor considerado acima do normal para o ativo.

No total, traders somaram um prejuízo próximo de US$ 1 bilhão. A maior parte das perdas (US$ 793 milhões) fori proveniente de usuários que tentavam acertar o fundo de mercado abrindo posições compradas com alavancagem.

Apesar da noite turbulenta, analistas acreditam que a queda não deve ter terminado.

“A recente queda das criptomoedas é estritamente baseada no sell-off de ações de tecnologia e não em fundamentos de cripto. O momento de baixa pode levar o Bitcoin para o nível de US$ 28.500, mas pode começar a ser onde algumas apostas de longo prazo entram em jogo”, afirma o analista sênior da Oanda, Edward Moya, que ressalta que os fundamentos de longo prazo da criptomoeda permanecem, embora possa demorar até que atinja novas máximas.

“Se o Fed continuar a aumentar as taxas até junho e julho, provavelmente continuaremos a ter os mercados caindo durante todo o verão [do hemisfério Norte]. Minha expectativa é que, devido às eleições de meio de mandato em novembro, provavelmente veremos o Fed pausando ou até baixando as taxas a partir da reunião de setembro, então esse será o catalisador. Podemos ver o mercado voltando a subir nesse ponto”, aponta Steven McClurg, diretor de investimentos e cofundador da Valkyrie.

Em participação ontem durante o Cripto+ (assista no player acima), o trader Vinícius Terranova apontou que existe até mesmo a possibilidade de queda momentânea do Bitcoin para menos de US$ 20 mil, o que desencadearia um possível salto significativo dada a atratividade do preço para investidores de longo prazo.

Confira o desempenho das principais criptomoedas às 7h15:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Bitcoin (BTC) US$ 31.421,60 -6%
Ethereum (ETH) US$ 2.377,13 -2,6%
Binance Coin (BNB) US$ 321,04 -6,1%
XRP (XRP) US$ 0,519645 -4,7%
Solana (SOL) US$ 69,04 -6,5%

As criptomoedas com as maiores altas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Maker (MKR) US$ 1.208,33 +5,1%
Elrond (EGLD) US$ 114,19 +4,5%
FTX Token (FTT) US$ 33,86 +2,9%
Polygon (MATIC) US$ 0,927828 +0,8%
Arweave (AR) US$ 19,14 +0,3%

As criptomoedas com as maiores quedas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Bonded Luna (BLUNA) US$ 25,99 -56,8%
Terra (LUNA) US$ 29,02 -52,3%
Stepn (GMT) US$ 1,94 -24,3%
ApeCoin (APE) US$ 8,99 -21%
Frax Share (FXS) US$ 18,46 -17,8%

Confira como fecharam os ETFs de criptomoedas no último pregão:

ETF Preço Variação
Hashdex NCI (HASH11) R$ 29,00 -13,17%
Hashdex BTCN (BITH11) R$ 37,92 -12,09%
Hashdex Ethereum (ETHE11) R$ 34,53 -15,57%
Hashdex DeFi (DEFI11) R$ 27,58 -18,18%
Hashdex Smart Contract Plataform FI (WEB311) R$ 29,14 -20,2%
QR Bitcoin (QBTC11) R$ 10,08 -11,81%
QR Ether (QETH11) R$ 8,38 -15,69%
QR DeFi (QDFI11) R$ 4,97 -17,3%

Veja as principais notícias do mercado cripto desta terça-feira (10):

Fed volta a alertar para perigo de stablecoins

Em novo movimento para mostrar que stablecoins são uma ameaça potencial à estabilidade do sistema financeiro, o Federal Reserve e um funcionário de alto escalão do Tesouro dos EUA afirmaram ontem que tokens do tipo podem passar por “corridas bancárias” perigosas.

Em nova edição do Relatório de Estabilidade Financeira, o Fed emitiu um alerta de que o risco de resgates repentinos de stablecoins seriam semelhantes ao risco de corridas no mercado tradicional.

“Essas vulnerabilidades podem ser exacerbadas pela falta de transparência em relação ao risco e liquidez dos ativos que lastreiam as stablecoins”, apontou o relatório, observando que o mercado está 80% concentrado em Tether USD (USDT) , USD Coin (USDC) e Binance USD (BUSD).

Microstrategy e Coinbase lideram perdas na Nasdaq

A queda do Bitcoin para cerca de US$ 30 mil ontem fez com que as ações relacionadas a criptomoedas liderassem as perdas na Nasdaq. Os piores desempenhos ficaram por conta da MicroStrategy, que caiu 25%, e da Coinbase, que recuou 20%.

Já as empresas de mineração Marathon Digital e Riot Blockchain caíram 19%, enquanto os bancos de criptomoedas Galaxy Digital e Silvergate Capital cederam 27% e 19%, respectivamente.

As novas perdas nas ações da Coinbase já fazem o papel desabar mais de 70% desde o IPO realizado em abril de 2021. A empresa agendou a divulgação dos resultados do primeiro trimestre após o fechamento do mercado nesta terça-feira.

Já a MicroStrategy se posiciona quase no prejuízo após comprar Bitcoin por US$ 11.650  em agosto de 2020 e fazer um preço médio de US$ 30.700 na compra subsequente de 129.000 bitcoins.

Até onde as criptomoedas vão chegar? Qual a melhor forma de comprá-las? Nós preparamos uma aula gratuita com o passo a passo. Clique aqui para assistir e receber a newsletter de criptoativos do InfoMoney

Paulo Barros

Editor de Investimentos