CEO da Usiminas (USIM5) aponta desafios em 2022 com PIB previsto de 0,3%

Executivo vê melhora das margem na venda de minério nesse início do ano; porém os fretes continuam elevados, embora já estejam recuando

Augusto Diniz

Usiminas_CEO_Sergio_Leite_divulgação

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Após um ano em que as vendas de aço tiveram o seu maior volume desde 2013, a Usiminas (USIM5) já começa a projetar um 2022 mais desafiador, por conta de um crescimento econômico menor, na casa dos 0,3%, segundo a última projeção do PIB do Boletim Focus.

“Ano passado, o crescimento foi de 23% (do volume de vendas do aço). Esse ano, vai ficar no patamar 1,5%, 2%, 2,3%. O (número de) 23% foi excepcional, para um cenário do PIB avançando 4,5%”, afirmou o CEO da Usiminas, Sergio Leite, em entrevista exclusiva ao InfoMoney.

Não por acaso, em 2021 a siderúrgica registrou lucro líquido recorde de R$ 10,1 bilhões, crescimento de 679% em relação ao ano de 2020. Além disso, em 2021, a receita líquida foi de R$ 33,7 bilhões, 109,7% superior a 2020, representando um recorde histórico para a Usiminas em todas as unidades de negócio.

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Mas como o crescimento do consumo de aço acompanha diretamente o avanço do PIB, as previsões são diferentes para 2022. Depois de um ano marcado por forte demanda interna, para este ano o Instituto Aço Brasil já aponta um crescimento de 2,2% na produção nacional e de 2,5% nas vendas internas.

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Se ano passado, as vendas de aço atingiram 4,8 milhões de toneladas, alta de 30%, para este o volume de vendas de aço previsto pela unidade de siderurgia da companhia em 2022 é bem mais modesto: entre 1,1 e 1,2 milhões de toneladas, conforme fato relevante divulgado nesta sexta-feira.

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Ainda na siderurgia, Leite confirmou a parada do alto forno 3, da usina de Ipatinga (MG), para 23 de abril de 2023. “É uma reforma de 110 dias”, diz. O custo do projeto é de R$ 2,08 bilhões.

O Capex 2022 da Usiminas é de R$ 2,05 bilhões, um aumento de quase 40% em relação a 2021. Desse total, R$ 650 milhões serão destinados à reforma do alto forno 3.

Mineração da Usiminas (USIM5)

O executivo da Usiminas destacou ainda que vê melhoras de margens na venda de minério de ferro nesse início do ano, embora o preço do frete continue elevado; mas com previsão de alívio, já que estão em queda.

“Devemos lembrar que o minério chegou no ano passado a US$ 220 e depois veio a US$ 94/t. Então, começou a subir, chegou aos patamares de US$ 100, US$ 120, e agora está próximo de US$ 140, US$ 150/t. Isso, então, vai beneficiar”, avalia Sergio Leite.

“Por outro lado, os descontos de qualidade (no minério de ferro) também estão reduzindo, o que melhora a margem”, acrescentou.

Na Mineração Usiminas (MUSA), o ano de 2021 foi encerrado com um volume de produção recorde para a unidade de 9,1 milhões toneladas de minério de ferro.

“As nossas reservas (para o Projeto Friáveis) atendem o nosso ritmo, que é praticamente a plena carga, até o final da década”, informou.

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Capacidade instalada

O Projeto Friáveis elevou a capacidade instalada de beneficiamento de ferro de 8 milhões de toneladas por ano para 12 milhões de toneladas por ano. Há outro projeto na MUSA, chamado Compactos, que eleva ainda mais a capacidade de beneficiamento de ferro na planta, chegando a 29 milhões de toneladas por ano.

Sergio Leite afirmou que o Projeto Compactos será útil mais no final da década, com processo de beneficiamento da reserva (de minério de ferro) por volta de 1928, 1929.

O fato relevante publicado nesta sexta (11) pela empresa informa que o volume de vendas de minério de ferro pela unidade de mineração para 2022 ficará entre 8,5 e 9 milhões de toneladas.

“Vamos continuar trabalhando com o patamar de 9 milhões de toneladas”, destaca o CEO da Usiminas, o mesmo índice alcançado de 2021, acrescentou.

Fim do ciclo de barragens de rejeito

No Capex do ano passado, de R$ 1,5 bilhão, parte do recurso foi destinada ao projeto dry stacking, recém inaugurado, com a implantação do sistema de disposição de rejeitos filtrados, permitindo que a empresa encerrasse o ciclo de uso das barragens para a disposição dos rejeitos gerados no processo de beneficiamento de minério de ferro.

“O significado do dry stacking é que coloca a MUSA no estado da arte da mineração de ferro. Nós simplesmente não utilizaremos mais barragens. Nós tínhamos três barragens. Isso é uma agregação de valor muito grande”, disse.

“Com os acidentes que ocorreram o tema ficou delicado. Foi um passo nosso para a sustentabilidade do negócio”, completou.

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