As 5 ações do Ibovespa que subiram mais de 40% e as poucas quedas em um mês marcado pela “rotação” na B3

Aéreas e petroleiras tiveram fortes ganhos em novembro, enquanto as empresas com exposição ao e-commerce registraram as poucas quedas do índice

Lara Rizério

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Em um período bastante positivo para o Ibovespa, registrando o seu melhor mês desde março de 2016 e o melhor novembro desde 1999, em meio a uma definição sobre a eleição dos EUA com o democrata Joe Biden sendo eleito presidente e com diversas boas notícias sobre vacinas, um movimento recorrentemente destacado foi o de rotação de ações.

Isso aconteceu com os investidores saindo das ações que mais tiveram uma boa performance durante a pandemia e se dirigindo para os papéis que tiveram a baixa mais acentuada – indo da chamada “nova economia” (ações de techs) para a “velha economia” (como papéis de bancos e do setor de petróleo).

Além disso, quem ganhou destaque entre as altas do Ibovespa foi a aérea Azul (AZUL4, R$ 38,02, +68,51%), com um salto de quase 70%, enquanto Gol (GOLL4, R$ 23,52, +49,90%), CVC (CVCB3, R$ 18,23, +46,58%) e Embraer (EMBR3. R$ 8,10, +33,83%) também registraram fortes ganhos, apesar de ainda viverem um período bastante desafiador.

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No terceiro trimestre, a Azul teve prejuízo de de R$ 1,2 bilhão no terceiro trimestre, enquanto a Gol teve perdas de R$ 1,7 bilhão em igual período. Já a Embraer teve prejuízo líquido atribuído ao acionista controlador de R$ 649 milhões, enquanto a CVC Corp teve prejuízo líquido de R$ 215,6 milhões, revertendo o lucro líquido de R$ 13,2 milhões em igual período de 2019, todas elas bastante impactadas pelas restrições provocadas pela pandemia de covid-19 nas suas atividades operacionais.

Contudo, alguns sinais já apontam para recuperação, principalmente para as aéreas. O foco das empresas em reduzir os custos, o aumento da média de voos diários desde o ápice da pandemia, a elevação das vendas com o aumento da busca por passagens aéreas e a posição de caixa são destacados como pontos positivos para a recuperação de empresas como Azul e Gol.

Soma-se a isso o sentimento mais positivo relacionado ao desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus, aumentando a esperança de uma diminuição das restrições à mobilidade.

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Em novembro, após os resultados, o Bradesco BBI manteve a recomendação neutra para a Azul, com preço-alvo estimado para o final de 2021 de R$ 27,00, justificada pela avaliação de i) um equilíbrio pouco atraente entre risco e retorno, ii) apesar da recuperação, os preços das passagens permanecem sob pressão; 3) o valuation da ação.

Já para a Gol, após o resultado, o BBI manteve a recomendação de compra, mas reduzindo o preço-alvo para o final do ano que vem de R$ 26 para R$ 20, com preços de passagens aéreas mais suaves e mais baixo crescimento de demanda. Em geral, a recomendação de compra é baseada em: 1) a Gol tendo uma sólida posição de liquidez para atravessar a crise do coronavírus e 2) uma maior exposição a demanda doméstica que deve se recuperar primeiro.

No caso da CVC, além da expectativa por uma vacina, que pode acelerar a retomada do setor de turismo, a companhia também concluiu neste mês a reestruturação de R$ 1,5 bilhão.

Além das companhias do setor aéreo e de viagens, as petroleiras também registraram fortes ganhos, com destaque para a “novata” do Ibovespa PetroRio (PRIO3, R$ 50,17, +59,32%), com ganhos de quase 60%. A grande notícia do mês foi que a companhia realizou a compra de fatias da britânica BP  em dois blocos no pré-sal, em uma rara transação na região altamente produtiva, por US$ 100 milhões, o que tornará a companhia brasileira operadora dos ativos.

Na sessão do dia 19 de novembro, após a companhia confirmar a informação, os papéis saltaram quase 30%. “A aquisição marca a entrada definitiva da empresa na produção do pré-sal, com potencial de triplicar sua capacidade de extração de petróleo, adicionando cerca de 40 mil a 45 mil barris por dia em uma produção atual de 27 mil barris de óleo por dia. A notícia é bastante positiva para a companhia, podendo combinar o aumento da capacidade com redução de custos, além da sinergia com a operação atual”, avalia a Levante Ideias de Investimentos.

Os papéis também foram beneficiados com a forte alta do petróleo no mês: no acumulado do mês de novembro, os preços do WTI subiram 26,68%, enquanto os do Brent tiveram alta de 27,81%. O setor de petróleo foi um dos mais impactados pela pandemia, com a commodity no mercado futuro chegando a bater preços negativos pela primeira vez no auge da crise. Isso porque com o isolamento social e viagens proibidas, a demanda por combustíveis desabou nos últimos meses.

Com a expectativa de retomada da normalidade, a projeção é que se aumente também o consumo por combustíveis ao passo que aviões poderão voltar a voar com maior frequência e as pessoas voltem a utilizar carros e meios de transporte públicos para saírem de casa.

A alta das commodities também beneficiou os papéis da Petrobras (PETR3, R$ 25,55, +35,11%;PETR4, R$ 24,90, +31,68%): além da commodity, a resiliência apresentada pela estatal nos números do terceiro trimestre, apesar do cenário desafiador para a commodity (veja mais clicando aqui), também impulsionou os ativos. Vale destacar que, assim como outras blue chips, como Vale (VALE3, R$ 78,00, +28,82%) e bancos, as ações da estatal foram beneficiadas pelo forte fluxo estrangeiro para o índice neste mês.

A vacina e a definição das eleições nos EUA levaram os investidores de fora a colocarem na B3, neste mês, mais de R$ 30 bilhões, o maior valor desde 1995, quando esse dado começou a ser computado. Como acumulavam quedas expressivas no ano, com os bancos, as ações da petroleira viraram “alvo fácil” para os estrangeiros, que possuem a vantagem de comprar em dólares ações negociadas em reais.

Completando as maiores altas do índice em novembro, estão as ações da companhia de educação Yduqs (YDUQ3, R$ 33,02, +43,28%). Ela, assim como a sua par do setor no benchmark da Bolsa, a Cogna (COGN3), ainda registra fortes perdas acumuladas no ano, também com as suas operações sendo impactadas por conta da pandemia do coronavírus (principalmente as atividades presenciais).

Contudo, o maior foco da Yduqs em cursos premium, como de medicina, e em termos de ensino à distância são pontos positivos para a companhia na visão dos analistas na comparação com a Cogna, que ainda tem boa parte da receita voltada para o ensino presencial (veja mais clicando aqui e aqui).

Confira as maiores altas do Ibovespa em novembro: 

Empresa Ticker Preço Desempenho 
Azul AZUL4 R$ 38,02 +68,51%
PetroRio PRIO3 R$ 50,17 +59,32%
Gol GOLL4 R$ 23,52 +49,90%
CVC CVCB3 R$ 18,23 +46,58%
Yduqs YDUQ3 R$ 33,02 +43,28%

Maiores baixas: e-commerce sofre mais no mês

O movimento de rotação atingiu em cheio os papéis das empresas de e-commerce, principalmente B2W (BTOW3, R$ 70,40, -5,57%) e Magazine Luiza (MGLU3, R$ 23,38, -5,28%), que tiveram algumas das poucas quedas do Ibovespa no período, em meio ao movimento de realização de lucros nos papéis associados ao comércio eletrônico, que acumularam fortes altas durante o período do auge dos temores com a pandemia do coronavírus em meio às restrições de mobilidade.

Vale destacar contudo que, ainda que a ação do Magalu ainda registre fortes ganhos de 96% em 2020, os papéis da B2W registram ganhos bem mais modestos no ano, de 12%, até mesmo mais fracos que o da Via Varejo (VVAR3), que ainda conseguiram subir 2,51% no mês e acumulam alta de quase 60% em 2020. Os resultados do terceiro trimestre mostraram uma desaceleração maior nas vendas da B2W, enquanto a Via Varejo teve forte alta das vendas online (ainda que com uma base de comparação menor). Veja mais clicando aqui. 

Ainda no radar, Black Friday foi vista como positiva para o setor de e-commerce, mas a expectativa de maior competição com Amazon e Mercado Livre, que têm investido em novos centros de distribuição, e o investidor vendo papéis de outros setores como atrativos também guiaram uma realização de lucros.

Isso apesar da leitura positiva no longo prazo para o setor, com a visão de que a pandemia apenas acelerou uma tendência que já estava sendo percebida, de maior participação do online nas vendas das companhias. Lojas Americanas (LAME4, R$ 22,93, -0,52%), controladora da B2W, ainda que tenha registrado uma baixa bem menos expressiva do que o seu braço digital, também fechou com perdas no mês.

Seguindo entre as maiores quedas do mês, ainda que pouco expressivas, estiveram os papéis do Fleury (FLRY3) com incertezas no cenário de recuperação da demanda depois que várias iniciativas para impulsionar a receita, como o teste de Covid-19, possam perder força. Isso apesar dos resultados considerados positivos no terceiro trimestre e que sinalizaram uma recuperação da demanda. O lucro da companhia no terceiro trimestre de 2020 foi de R$ 132 milhões, com alta de 45% ante o terceiro trimestre de 2019.

Vale destacar ainda que, no início de novembro, os papéis chegaram a subir forte com o anúncio do grupo de medicina diagnóstica de formação de um fundo de R$ 200 milhões em parceria com a rival Sabin para investir em startups de saúde.

Completando as 5 maiores quedas, estiveram as ações da maior alta do Ibovespa no acumulado do ano, a WEG (WEGE3, R$ 73,57, -2,60%), também com a migração dos investidores para os papéis considerados mais baratos na B3. Contudo, apesar da queda no período, a ação sobe mais de 110% no ano. No fim de outubro, a companhia divulgou seus resultados do terceiro trimestre e, apesar dos números considerados bastante positivos, o pregão pós resultado foi de forte queda para o papel com a visão de que o papel estava caro por boa parte dos analistas. Na sessão seguinte, contudo, o Bank of America revisou suas projeções para o papel, elevando o preço-alvo e mantendo recomendação de compra (veja mais clicando aqui).

Completando as baixas do índice, estão as ações de Braskem (BRKM5, R$ 22,60, -0,26%) e Eletrobras (ELET3, R$ 31,06, -0,19%), mas ficando praticamente estáveis no período.

Confira as maiores baixas do Ibovespa em novembro: 

Empresa Ticker Preço Desempenho
B2W BTOW3 R$ 70,40 -5,57%
Magazine Luiza MGLU3 R$ 23,38 -5,28%
Fleury FLRY3 R$ 26,56 -3,03%
WEG WEGE3 R$ 73,57 -2,60%
Lojas Americanas LAME4 R$ 22,93 -0,52%

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.