As 6 ações do Ibovespa com quedas de mais de 30% na semana caótica da bolsa – e as 2 que conseguiram subir

Aéreas e Petrobras foram as maiores quedas do índice, enquanto as defensivas CCR e Engie tiveram uma leve variação positiva

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A semana foi caótica da bolsa brasileira, com queda de 15,68%, o pior período desde 2008 e quatro circuit breakers.

Ela começou na segunda-feira com uma baixa de 12,17% para o índice, guiado principalmente pela derrocada de 25% das cotações do petróleo, após a Arábia Saudita reduzir os preços depois de não chegar a acordo com a Rússia e com projeções de queda da commodity de até US$ 20 o barril.

No Brasil, a grande impactada foi a Petrobras (PETR3;PETR4), com queda de quase 30% para os seus ativos na sessão – ou perda de R$ 91 bilhões de valor de mercado.

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Na terça, a sessão foi de fortes ganhos: o índice saltou 7,14%, na maior alta desde 2 de janeiro de 2009, com a recuperação do petróleo. Mas o ânimo durou pouco: na sequência, duas fortes baixas. Na quarta, o índice caiu 7,6% após ter acionado o segundo circuit breaker da semana, depois que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a pandemia de Covid-19, além das preocupações com a guerra de preços do petróleo.

O pregão de quinta-feira conseguiu ser de aversão ainda maior ao risco para o mercado, com o Ibovespa caindo 14,78%, o menor fechamento percentual desde 1998, repercutindo as medidas de Donald Trump, presidente dos EUA, para diminuir o impacto do coronavírus no país, com destaque para a suspensão de voos vindos da Europa.

Na sequência, o descontentamento do mercado com as medidas limitadas do Banco Central Europeu (BCE) para ativar a economia potencialmente abalada (principalmente na Itália) pelo coronavírus potencializou as perdas.

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Como volatilidade foi o nome da semana, a sexta-feira foi marcada por uma forte valorização do Ibovespa, de 13,91%, o maior ganho para o índice desde 13 de outubro de 2008, quando o benchmark disparou 14,66%.  No fim da sessão, Trump decretou estado de emergência nacional e liberou US$ 50 bilhões para o combate ao vírus, o que ajudou a animar o mercado, assim como o anúncio do presidente americano de que vai intensificar as compras da commodity para reservas estratégicas.

Com isso, apesar da forte recuperação na sessão desta sexta, as ações que registraram as maiores quedas do Ibovespa no período foram justamente as mais afetadas por esse cenário, caso das aéreas (GOLL4,) e da Azul (AZUL4), refletindo esse período de incertezas sobre o impacto da doença na demanda de viagens, além da companhia de turismo CVC (CVCB3), conforme aponta levantamento feito pela Economática.

Nos últimos meses, as ações das companhias ligadas ao setor de turismo já haviam registrado queda forte. Com a doença se espalhando pelo mundo e impactando as operações locais, já que os números vêm subindo no Brasil, os ativos sofrem fortemente.

“Além disso, essas empresas aéreas nacionais têm 50% dos custos dolarizados”, destacou Betina Roxo, analista da XP Investimentos, em live recente sobre o tema. “Estamos falando de empresas em que, a cada 5% de depreciação do real, a margem cai 1 ponto percentual, o que atrapalha bastante os resultados”. Com o dólar subindo R$ 4,813, novo recorde, e alta no ano de 20%, os ativos dessas empresas são bastante impactados.

A Azul soltou resultado na semana, que foi visto como bastante positivo ao apresentar resiliência dos números do quarto trimestre de 2019 apesar da economia ainda fraco, mas o futuro incerto acabou fazendo com que a ação registrasse queda independentemente dos dados positivos. A Azul suspendeu o guidance para 2020, além de anunciar redução da capacidade internacional.

A Petrobras, mesmo com a alta de 22% na sexta, não conseguiu se desvencilhar das fortes quedas da semana. Os contratos futuros do petróleo brent para maio acumularam perdas de 25,22% na semana. e o WTI teve baixa de 23,13% na semana. Esta foi a pior semana desde a crise financeira de 2008 para a commodity, em meio à guerra de preços entre Arábia Saudita e Rússia.

Logo no início da semana, o Bradesco BBI reduziu a recomendação para os ativos de compra para neutra. Os analistas avaliam que haverá uma guerra de preços pela frente e que o movimento surpreendente dos sauditas poderia ser uma tentativa de trazer a Rússia de volta à mesa de negociações.

Contudo, eles não acreditam que essa queda de braço será vencida rapidamente. Assim, é difícil saber quanto esse imbróglio terminará, mas deve trazer consequências negativas. Com isso, na semana, os papéis caíram mais de 30%.

Também em meio à forte queda do petróleo, fora do índice, a petroleira PetroRio (PRIO3) e a sucraalcooleira São Martinho (SMTO3), também tiveram forte queda, respectivamente de 47,32% e 40,95%, esta última em meio a menor competitividade do etanol e com cortes de recomendação.

Fora do benchmark da bolsa, a T4F (SHOW3) despencou 43,95%, em meio ao adiamento de shows e eventos por conta da doença (veja mais clicando aqui). O Lollapalooza foi adiado para os dias 4, 5 e 6 de dezembro devido ao surto do coronavírus, segundo está informado no site oficial. O festival aconteceria nos dias 3, 4 e 5 de abril em São Paulo. No entanto, ainda não há informações sobre novos local e line-up.

Com baixa de 38,91%, destaque ainda para o IRB (IRBR3). Apesar de não ser impactada diretamente pelo coronavírus, o noticiário para ela tem sido bastante negativo, sendo destaque de queda nos últimos dois meses em meio à polêmica com as cartas da Squadra contestando a recorrência dos números apresentados pela companhia e, posteriormente, com a saída do CEO e CFO, após a fala de que a Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, teria comprado ações da empresa, desmentida posteriormente pelo veículo de investimentos.

Nesta semana, um agravante: a Polícia Federal fez buscas no escritório do IRB na quinta-feira. Segundo comunicado do IRB, “a operação realizada(…) não está relacionada à companhia”. Segundo informações da agência de notícias Reuters, um dos envolvidos na investigação é o agora ex-presidente de finanças do IRB Fernando Passos.

A Polícia Federal informou apenas que deflagrou a Operação Suitcase, para investigar a prática de corrupção ativa e passiva e que foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão nos Estados de Ceará e São Paulo. Com isso, o cenário parece ainda nebuloso para a companhia.

Confira as 5 empresas (e 6 ações) com as maiores quedas do Ibovespa na semana:

Empresas Ticker Queda no período
Gol GOLL4 -46,94%
IRB IRBR3 -38,91%
Azul AZUL4 -36,12%
Petrobras ON PETR3 -34,08%
Petrobras PN PETR4 -32,54%
CVC Brasil   CVCB3 -32,91%

Enquanto isso, no Ibovespa, apenas duas ações conseguiram registrar ganhos – e bem modestos. São os ativos da CCR (CCRO3), que soltou na sexta-feira da semana passada um resultado considerado positivo pelos analistas de mercado, com dados de tráfego robustos, enquanto a avaliação é de que ela esteja preparada para novas concessões. Além disso, ela tem características de uma empresa defensiva, dado o fluxo de caixa relativamente estável, tornando-se uma alternativa atrativa em momentos de incerteza do mercado.

Na sequência, estão os ativos da Engie (EGIE3), com alta de apenas 0,40%, elétrica que possui características de empresas mais defensivas por não ser tão impactada pela atividade econômica e as incertezas globais.

Confira as 2 altas do Ibovespa na semana:

Empresas Ticker Alta no mês
CCR CCRO3 +0,62%
Engie EGIE3 +0,40%

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.