As 5 maiores altas e as 5 maiores baixas do Ibovespa no mês de maio

Ações de Eneva e BRF se destacaram na ponta positiva, com ganhos de mais de 20%, enquanto Suzano, Banco Inter e Usiminas tiveram as maiores quedas do mês

Rodrigo Tolotti Lara Rizério

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa encerrou maio renovando máximas históricas, em meio ao cenário externo mais positivo e com perspectivas positivas para a economia nacional a depender do ritmo de vacinação no país. O índice fechou maio com alta de 6,16%, no terceiro mês seguido de ganhos.

Algumas ações do índice tiveram ainda mais destaques no mês, com cinco delas subindo cerca de 20% ou mais. Já na ponta negativa, os movimentos foram menos intensos mas, ainda assim, cinco papéis caíram mais de 9%. Confira quais papéis que compõem o benchmark da Bolsa se destacaram – positiva e negativamente – em maio:

Maiores altas

1. Eneva (ENEV3, R$ 18,46, +25,84%)

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Ganhando força na reta final do mês, a Eneva ficou com o posto de melhor ação de maio, ao avançar quase 26%, puxada pela crise energética que ganhou força na semana passada, com analistas vendo a companhia como uma das beneficiadas por ter exposição à energia térmica. A notícia fez as ações subirem forte nos dois últimos pregões.

O Credit Suisse afirma que as recentes notícias são negativas para o cenário como um todo, sendo que o país deve ter mais despacho térmico, por mais tempo, favorecendo empresas como a Eneva. “A situação começa a se comparar com 2014, com reservatórios do Sudeste mais próximos do nível de 30%, mas com mais capacidade e transmissão”, observa o banco suíço (veja mais análises clicando aqui).

O Itaú BBA diz que não vê risco de racionamento de energia, mas espera que a geração térmica opere em níveis altos, pressionando as tarifas. O banco estima que os níveis do Sistema Interligado Nacional cairão a 22% em novembro, frente aos 44% atuais.

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Na avaliação do banco, Eneva e Omega devem ser as maiores beneficiárias do panorama atual, devido a sua exposição baixa à energia hidrelétrica. Além disso, as tarifas de energia deverão permanecer sob pressão. O banco ressalta que a Aneel limitou a alta de energia a 10% em 2021. Assim, o banco espera altas das tarifas acima da inflação em 2022.

Vale ressaltar que no início do mês, a companhia já havia registrado uma alta moderada um pouco antes de divulgar seu resultado do primeiro trimestre. A Eneva registrou um lucro líquido de R$ 203 milhões, alta de 13% ante o mesmo período de 2020.

O lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi recorde para um primeiro trimestre, de R$ 446 milhões, alta de 2,8%, com melhora das margens fixas das usinas a gás, aumento da margem variável em Pecém II e menores gastos com sísmica em relação a um ano antes.

A receita operacional líquida, por sua vez, ficou em R$ 951,4 milhões, leve avanço de 1,3% na comparação com a receita de R$ 939,1 milhões apresentada um ano antes.

2. BRF (BRFS3, R$ 25,76, +23,91%)

As ações da companhia de proteína animal BRF estavam praticamente de lado no mês até o dia 17, quando deram início um movimento de alta mais forte, que ganhou ainda mais força nas duas últimas semanas em meio, inicialmente decorrente de rumores,de que a Marfrig (MRFG3) estava comprando ações da empresa, que depois foram confirmados.

Após alguns dias com os papéis chamando atenção pelas fortes altas, o jornal Valor Econômico publicou uma notícia apontando para esse movimento de compra pela Marfrig. Na ocasião, o jornal afirmou que eram grandes volumes movimentados, o que gerou certa apreensão no mercado conforme voltava ao debate uma possível aquisição da BRF pela Marfrig.

Na noite do dia 21, as duas companhias confirmaram todo o movimento, sendo que a Marfrig reforçou não ter a intenção de assumir o controle da BRF.

Em comunicado, a BRF informou que a Marfrig adquiriu ações ordinárias de emissão da companhia, via opções e leilão realizados em bolsa, e que pode resultar em uma participação acionária de até 196.869.573 ações ordinárias, correspondente a, aproximadamente, 24,23% do capital social da empresa.

A Marfrig disse que a aquisição visa diversificar seus investimentos em um segmento que possui complementaridades com seu setor de atuação. Além disso, ela afirmou que não pretende eleger membros para a administração da empresa, exercer influência sobre decisões ou promover alterações no controle ou estrutura da BRF.

Com esse noticiário agitado, os papéis da BRF saltaram 27,87% em apenas três pregões, saindo de R$ 21,06 no dia 18 para uma máxima de R$ 26,93 no dia 21.

Saiba mais sobre essa operação e seus impactos clicando aqui e aqui .

3. Cielo (CIEL3, R$ 4,21, +23,10%)

Após uma forte queda entre o início de fevereiro e meados de março, a Cielo iniciou uma recuperação em maio, registrando um dos melhores desempenhos dentre as companhias que estão no Ibovespa. Os papéis CIEL3 subiram cerca de 23% este mês, cotados a R$ 4,21.

O avanço dos papéis teve início de forma mais expressiva na segunda metade do mês, sem que houvesse uma notícia específica empurrando os preços, indicando um movimento de correção diante das perdas do ano, colocando a companhia agora no positivo no acumulado de 2021 com avanço de 6,43%.

No noticiário, entre os dois destaques, o primeiro foi negativo, com a renúncia de Paulo Rogério Caffarelli da presidência da empresa, mesmo assim, os papéis não se abalaram. Em reunião do conselho foi definido que Gustavo Henrique Santos de Sousa, até então Diretor de Relações com Investidores, será seu substituto.

Caffarelli chegou à Cielo no final de outubro de 2018, após deixar o comando do Banco do Brasil (BBAS3) com o objetivo de mudar a estratégia da empresa líder em pagamentos no Brasil, passando a se concentrar mais nos lucrativos mercados de pequenas e médias empresas, processo hoje em andamento.

No entanto, a empresa seguiu perdendo participação num mercado que antes dominava com a Rede, após uma abertura promovida pelo Banco Central ter incentivado a aparição de mais de 20 adquirentes e duas centenas de subadquirentes no Brasil.

Desde então, a Cielo perdeu dois terços de seu valor de mercado, para cerca de R$ 10,6 bilhões, valendo pouco mais de um décimo de sua rival menor Stone. No mês passado, a Cielo reportou lucro recorrente de R$ 135,8 milhões no primeiro trimestre, queda de 18,6% ante mesma etapa do ano anterior.

Analistas viram a notícia como negativa, citando que a mudança de comando trás mais incertezas para uma companhia já bastante pressionada.

Porém, o que ajudou a colocar a Cielo entre as maiores altas do mês foi uma alta de mais de 7% em apenas um pregão na semana passada após uma notícia do portal Neofeed de que que a Alelo terá uma plataforma própria de adquirência, mas que não deixará de usar as maquininhas da Cielo. A companhia disse em comunicado que desconhece ato ou fato relevante não divulgado a respeito de suas atividades.

Já que a empresa atualmente usa a plataforma de adquirência da Cielo, a notícia mais uma vez levantou a possibilidade de cisão entre o Bradesco e o Banco do Brasil, sócios controladores da companhia, que também controlam a Alelo.

4. Ambev ([ABEV3], R$ 17,95, +20,15%)

A empresa de bebidas Ambev se garantiu no Top 5 de maio principalmente por conta de um salto de 8,88% em apenas um dia após divulgar seu resultado do primeiro trimestre, movimento positivo que ainda teve continuidade por mais alguns pregões .

A companhia registrou lucro líquido ajustado de R$ 2,761 bilhões no primeiro trimestre de 2021, alta de 125% ante o mesmo período de 2020, devido a um Ebitda maior e melhor resultado financeiro.

No primeiro trimestre, o Ebitda ajustado alcançou R$ 5,327 bilhões, avanço de 26% em um ano, o que corresponde a um crescimento orgânico de 23,8%, com margem bruta de 52,3% (queda de 260 pontos base) e margem Ebitda de 32,0% (redução de 110 pontos base). A receita líquida da empresa, por sua vez, totalizou R$ 16,639 bilhões nos meses de janeiro a março, incremento de 32% em relação a igual época de 2020.

Para além do avanço do lucro, a Ambev registrou mais um trimestre sequencialmente forte, destacou a XP. Segundo os analistas, com a companhia mantendo a excelência operacional como sua vantagem competitiva principal, a inovação no portfólio e a estratégia digital estão dando cada vez mais frutos, impulsionando o desempenho da empresa.

A alta do volume de vendas de cerveja no Brasil ficou levemente abaixo da expectativa dos analistas, que era de 18%, mas o Ebitda normalizado superou o projetado em 24%, totalizando R$ 2,26 bilhões, mostrando números sólidos apesar do cancelamento do Carnaval juntamente com o ritmo lento de reabertura da economia e redução do auxílio emergencial (confira a análise completa aqui).

Com o avanço das ações na primeira metade do mês, o Itaú BBA rebaixou a recomendação para as ações da Ambev recentemente, passando de outperform (desempenho acima da média do mercado) para marketperform (desempenho em linha com a média do mercado), apesar da elevar o preço-alvo para 2021 de R$ 18 para R$ 19.

“Os resultados do quarto trimestre de 2020 e do primeiro trimestre de 2021 foram positivos e superaram nossas estimativas, com os principais fatores sendo preços acima do esperado e volumes melhores do que o esperado. Enquanto incorporamos esse momentum em nossas projeções revisadas, levando a revisões positivas, destacamos que a partir da segunda metade do ano haverá uma base de comparação mais difícil para o resto do ano. Somando-se a isso, vemos uma inflação de custos persistente se estendendo até 2022, o que poderia criar desafios adicionais à medida que a Ambev busca expandir suas margens”, apontam os analistas.

5. Cia. Hering (HGTX3, R$ 32,90, +19,99%)

Após liderar com folga os ganhos de abril ao subir 70%, a Cia. Hering se manteve entre os melhores papéis do mês, em um movimento de continuidade do seu bom momento com o anúncio da fusão com o Grupo Soma.

Desde a confirmação do negócio entre as duas, analistas destacaram que a notícia é boa para a Hering, ressaltando que com uma nova estrutura ela poderá acelerar seu movimento de virada após uma fase complicada. Alguns especialistas chegaram a citar também o alto valor oferecido pela Soma no negócio, o que ajuda a melhorar a avaliação do mercado para as ações.

Este mês, porém, uma notícia chamou atenção de forma negativa para a Hering após ela informar à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que sua tesouraria recomprou mais de 2,9 milhões de ações, por um valor de R$ 61,7 milhões.

Apesar da recompra ser uma operação comum no mercado, este caso chamou atenção por ter ocorrido entre os dias 12 e 22 de abril, exatamente no período dos rumores e confirmação da sua fusão com a Soma. Isso gerou bastante desconfiança no mercado.

Após a polêmica, a Hering reiterou ao mercado que tem um programa de recompra desde agosto de 2020. Além disso, quando informou a rejeição da proposta da Arezzo para fusão, em 14 de abril, a companhia indicou que manteria o seu programa de recompra de ações em execução.

Confira as maiores altas do Ibovespa em maio: 

Empresa Ticker Cotação Variação
Eneva ENEV3 R$ 18,46 +25,84%
BRF BRFS3 R$ 25,76 +23,91%
Cielo CIEL3 R$ 4,21 +23,10%
Ambev ABEV3 R$ 17,95 +20,15%
Cia Hering HGTX3 R$ 32,90 +19,99%

Maiores baixas

1.Suzano (SUZB3, R$ 60,73, -11,56%)

As últimas semanas não foram positivas para o mercado de papel e celulose, com queda dos preços da celulose de fibra curta. A commodity segue de lado nas últimas semanas, após as altas muito fortes. Assim, os ativos da Suzano foram impactados.

Os analistas do Credit Suisse destacam que, após uma forte alta de 56% para o hardwood e de 46% do softwood no acumulado de 2021 na China, os preços agora atingiram o pico de US$ 780/t e cerca de US$ 980/t, respectivamente, na opinião dos analistas do banco suíço.

Com os fabricantes de papel na China agora enfrentando problemas de lucratividade (principalmente de tissue, que são os produtos fabricados com baixa gramatura, crepe seco e alguns papéis não crepados, como papel higiênico, toalhas de cozinha, lenços de papel, papel facial, guardanapos, toalhas, entre outros) e, consequentemente, a produção caindo na tentativa de reduzir os estoques de papel e evitar a erosão de preços, enxergam poucos motivos para os preços da celulose subirem mais nos próximos meses.

Contudo, avaliam que as empresas de celulose dentro da cobertura dos analistas, inclusive a Suzano, já estão precificando um cenário de hardwood entre US$ 500/t e US$ 550/t em 2022, o que oferece um importante colchão de segurança. Na última semana, os analistas do banco suíço mantiveram a recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para a Suzano, mas elevando o preço-alvo de R$ 86,50 para R$ 92, pois enxergam um upside atraente em uma perspectiva de longo prazo.

Os analistas também apontam que o projeto Cerrado, anunciado em meados de maio e que prevê R$ 14,7 bilhões para erguer o que a empresa chamou de “maior fábrica de celulose de linha única de eucalipto do mundo”, em Ribas do Rio Pardo (MS), também devem adicionar valor presente líquido para a companhia.

O Credit Suisse aponta que os investidores têm uma visão bastante parecida com a dos analistas notando, por outro lado, que provavelmente o mercado deve esperar uma proximidade maior do inicio do projeto antes de refletir no preço do papel.

Gilberto Cardoso, analista de commodities da OhmResearch, destacou que a estratégia de investimento em  Cerrado foi acertada. “A Suzano, como maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, vê o aumento da demanda e, com condições financeiras ofertar primeiro a celulose, e com os custos mais competitivos do mundo, aproveita a chance e anuncia o investimento”, diz. Mas Cardoso ressalta que as condições de endividamento da Suzano devem ser monitoradas pelos investidores.

Outro ponto de atenção seria o aumento da oferta de celulose no mercado. Atualmente, os estoques baixos estão segurando os preços da commodity. Mas conforme analistas destacaram em reportagem recentemente publicada pelo InfoMoney,, assim que a cadeia de suprimentos voltar a se ajustar no pós-pandemia e as maiores economias do mundo, como China e Estados Unidos, iniciarem um processo de desaceleração os preços podem começar a ceder.

2. Banco Inter (BIDI11, R$ 68,33, -11,53%)

Apesar de registrar um dos desempenhos mais fortes de alta em uma sessão específica, com ganhos de 25% em 24 de maio, as units do Banco Inter encerraram maio entre as maiores baixas do Ibovespa em seu primeiro mês fazendo parte do benchmark da Bolsa brasileira.

Na primeira quinzena do mês, contudo, a baixa chegou a ser ainda maior, de mais de 20%, tanto por conta dos investidores embolsando os lucros após fortes altas registradas até então (no acumulado de 2021, as units ainda sobem mais de 100% e registram ganhos de 512% no acumulado dos últimos 365 dias) quanto pelo movimento de saída de investidores de empresas mais ligadas à tecnologia, como é o caso do Banco Inter (veja mais clicando aqui), em meio aos sinais de aumento da inflação nos EUA, que acabou também impactando as empresas ligadas à tecnologia no Brasil.

O Banco Inter também divulgou seus resultados no último dia 12 de maio, com um lucro líquido de R$ 20,8 milhões no primeiro trimestre de 2021, contra R$ 19,4 milhões no quarto trimestre de 2020 e prejuízo de R$ 8,4 milhões no
primeiro trimestre de 2020. Na avaliação do Bradesco BBI, a geração de receita foi positiva, com aceleração tanto da margem financeira (​NII, na sigla em inglês) ou receita líquida de intermediação financeira quanto das receitas de prestação de serviços (tarifas), embora já fosse esperada em certa medida, seguindo os números operacionais divulgados anteriormente.

Já o Morgan Stanley não se mostrou tão otimista com a companhia e vê a ação como cara, apontando que o Inter “está nos estágios iniciais de uma transformação digital significativa que pode resultar em um crescimento muito mais rápido e maior lucratividade”, mas que ainda é cedo para dizer se a recente transformação digital da empresa terá sucesso. “Existem vários desafios importantes que podem dificultar os planos agressivos de crescimento do banco, incluindo: lançamento de novos produtos onde a administração tem experiência limitada, descasamento da duração do balanço, baixa lucratividade e alta inadimplência e um cenário macro desafiador para o qual o banco não é bem posicionado”, avaliam os analistas.

Como já destacado acima, ajudando a diminuir as perdas acumuladas, os papéis do Banco Inter dispararam no dia 24 após anunciar mudanças significativas em sua estrutura acionária. A companhia anunciou um follow-on, com a Stone como investidor âncora. A companhia de pagamentos listada nos EUA poderá investir até R$ 2,5 bilhões em uma oferta que pode chegar a R$ 5 bilhões. A Stone terá participação limitada a 4,99% do capital social do Inter e o acordo dá direito à Stone de indicar um dos nove assentos no Conselho de Administração.

“Esperamos que a parceria possa ser o começo de algo mais duradouro, possibilitando a troca de mais produtos e serviços entre as plataformas. Ambas as companhias procuram diversificar seus produtos e possuem uma base de clientes complementar, com a Stone focada no público PJ e o Inter no público PF (apesar de a base de clientes empresariais estar crescendo)”, apontam os analistas da Levante Ideias de Investimentos, que viram o acordo como bastante positivo, notoriamente para o Banco Inter.

Também de acordo com os analistas do Bradesco BBI, a parceria estratégica faz muito sentido para ambas as partes. Aproveitando a Intershop, a Stone pode conectar sua rede comercial para um canal de distribuição online, que deve ser especialmente importante para pequenas empresas que anteriormente não tinham acesso a este canal. Além disso, a integração dos canais físicos e online da Stone com os clientes do Banco Inter também pode melhorar a experiência do usuário e fornecer oportunidades de venda cruzada. Por último, a Stone poderia se beneficiar do acesso do Inter a financiamento barato, o que poderia ajudar com a distribuição de seus negócios de crédito / pré-pagamento.

Cabe destacar também que o Banco Inter desdobrou suas ações na proporção de um para três no mês de maio. Apesar da queda das ações, a perspectiva no geral é positiva para os ativos.

3. Usiminas (USIM5, R$ 19,86, -11,49%)

Também em uma alta bem expressiva no ano e nos últimos 365 dias, com ganhos respectivos de 37% e 225%, as ações da Usiminas registraram queda em meio em um movimento de investidores embolsando lucros, também desencadeado pela alta volatilidade do minério e do aço na segunda quinzena de maio e apesar dos reajustes para cima do preço de aço no mês.

Cabe destacar que, em maio, mais precisamente na sexta-feira 7, a CSN vendeu 56 milhões de ações preferenciais da Usiminas (cerca de R$ 1,3 bilhão), representando metade da posição na companhia. Para realizar a transação, a CSN concordou em não vender o restante das ações preferenciais que detém na Usiminas por 45 dias. Depois disso, uma nova venda é provável. O Cade já havia determinado que a CSN deveria se desfazer das suas ações de Usiminas, contudo, com a grande desvalorização da companhia nos últimos anos, a CSN conseguiu postergar o prazo, mas a siderúrgica optou por vendê-la após a valorização recente puxada pela forte demanda por aço e minério de ferro.

No mês de maio, a Usiminas também anunciou a postergação da reforma do Alto Forno nº3 da sua usina de Ipatinga (MG) em razão da forte desvalorização cambial e aumentos dos custos para execução. Segundo a companhia, a reforma foi adiada em 10 meses e não altera a projeção de investimentos para 2021. A XP destacou ver a notícia de adiamento da reforma como neutra, mas afirmou que segue acompanhando com cautela as necessidades de investimento da companhia e tendo recomendação neutra para os ativos da companhia.

Cabe destacar ainda que a Usiminas é a maior fornecedora de aços planos para os principais segmentos consumidores do país, e também é impactada pelo cenário para o mercado automobilístico no país.

Neste sentido, a GM anunciou em maio a suspensão das operações de sua fábrica em São Caetano do Sul (SP) de 21 de junho a 2 de agosto, devido à escassez de componentes eletrônicos, enquanto sua fábrica em Gravataí (RS), que suspendeu desde março, só devendo retomar as operações até julho de 2021. A Nissan, por sua vez, deve suspender as operações por 5 dias em junho, em dias não necessariamente consecutivos, também por falta de semicondutores. Já a Volkswagen Caminhões e Ônibus afirmou que a falta de semicondutores impede o crescimento mais forte das vendas de veículos pesados e deve passar a investir na receita de serviços, já que a empresa prepara o lançamento de uma carteira digital para o caminhoneiro pagar frete, combustível, e manutenção de veículos.

As notícias são negativas para o setor automotivo, já que novas paralisações das montadoras colocam em risco a recuperação esperada para o segundo semestre de 2021.

Apesar da queda recente, analistas como do Bradesco BBI seguem positivos com a Usiminas, colocando como a preferida do setor de siderurgia e com preço-alvo de R$ 32.

4. B2W (BTOW3, R$ 59,75, -11,24%)

As ações da B2W também não registraram um mês de maio positivo. A companhia divulgou seus números do primeiro trimestre no último dia 7, com alguns dados animadores e outros que preocuparam os investidores, mostrando os desafios e as oportunidades da fusão que está em curso com a Lojas Americanas (LAME4), sua controladora.

A B2W teve crescimento de 90% na venda bruta total (GMV, na sigla em inglês) na comparação anual, indo a R$ 8,7 bilhões. Com isso o GMV total do Universo Americanas ficou em R$ 11,06 bilhões no trimestre. Em teleconferência, os executivos da B2W destacaram ainda os números de abril, com maior crescimento de vendas em 2 anos. Porém, um fator de preocupação foi a continuidade da queima de caixa da companhia (veja mais clicando aqui).

A companhia apresentou mais uma vez um fluxo de caixa operacional negativo da ordem de R$ 530 milhões, com aumento grande na linha de fornecedores e principalmente nos estoques. O número costuma ser comum no início de ano. Contudo, ainda preocupa, com o consumo de caixa se acelerando junto com o crescimento rápido da linha de receita, de modo à companhia financiar os seus “clientes” para expandir, com o prazo de conversão da receita em caixa cada vez mais longo.

“Se, por um lado, a companhia se beneficia das sinergias dos ativos digitais e físicos sendo integrados e dos créditos tributários pelos prejuízos contábeis de anos anteriores, há ainda um importante processo de integração completa e alcançar seus principais concorrentes, podendo sacrificar margens a fim de ganhar mercado, um dos principais temores do mercado em relação ao setor”, apontam os analistas da Levante.

Além disso, no primeiro trimestre, apesar dos bons números gerais do setor,  analistas como da XP e do Bradesco BBI continuam com uma visão mais cautelosa sobre o e-commerce diante das pressões competitivas, inclusive com iniciativas de players internacionais como Amazon e Alibaba.

5. Locaweb (LWSA3, R$ 26,16, -9,07%)

Na mesma linha de outras companhias ligadas à tecnologia, a Locaweb também registrou queda expressiva em seu primeiro mês como integrante do Ibovespa (assim como o Banco Inter).

No dia 12 de maio, a Locaweb divulgou seus resultados, com um lucro líquido ajustado de R$ 9 milhões no primeiro trimestre deste ano, uma alta de 78,4% ante os R$ 5,1 milhões de lucro registrados um ano antes. Retirando os ajustes, a companhia teve um prejuízo líquido de R$ 8,4 milhões, resultado 268,9% maior que o prejuízo de R$ 2,3 milhões nos três primeiros meses de 2020. Enquanto isso, a receita líquida da empresa teve uma alta de 53,9% na comparação anual, ficando em R$ 160,9 milhões no primeiro trimestre.

O Itaú BBA avaliou os resultados como sólidos, e razoavelmente em linha com suas expectativas, devido à expansão da divisão de comércio e alta recorde de novos vendedores em sua plataforma. As margens ficaram abaixo de suas estimativas, devido à integração de fusões e aquisições, mas eles destacaram que as margens orgânicas continuaram aumentando.

A XP também viu números sólidos da companhia. “O forte desempenho da receita líquida foi impulsionado principalmente pelo crescimento no segmento de Commerce”, apontam os analistas.

E apesar das quedas recentes, a XP diz estar otimista com as perspectivas futuras para a empresa, “visto que vemos espaço para uma maior consolidação do mercado, dada a sólida posição de caixa após seu recente aumento de capital, enquanto acreditamos que a Locaweb possui um ecossistema digital completo para capturar e reter pequenas e médias empresas no canal digital”.

O Itaú BBA, por sua vez, reforça que a companhia tem sido bastante impactada pelo cenário negativo para empresas de tecnologia diante dos temores de alta de juros nos Estados Unidos por conta do avanço da inflação. Mesmo assim, os analistas afirmam que enxergam na queda recente das ações um ponto ponto de entrada na ação, reiterando a visão positiva com a Locaweb sendo um veículo interessante para capturar a tendência de digitalização das PMEs no Brasil no segmento de e-commerce.

Confira as maiores quedas do Ibovespa em maio: 

Empresa Ticker Cotação Variação
Suzano SUZB3 R$ 60,73 -11,56%
Banco Inter BIDI11 R$ 68,33 -11,53%
Usiminas USIM5 R$ 19,86 -11,49%
B2W BTOW3 R$ 59,75 -11,24%
Locaweb LWSA3 R$ 26,16 -9,07%

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.