Aliansce Sonae (ALSO3): Não temos pressa em resolver combinação de negócios com brMalls (BRML3), afirma CEO

Após propostas recusadas pela concorrente, a administradora de shopping diz esperar "surpresas" caso combinação de negócios seja discutida com acionistas

Mitchel Diniz

Santana Parque Shopping, da Aliansce Sonae (Foto: Divulgação)

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A potencial fusão com a brMalls (BRML3) dominou boa parte da apresentação da Aliansce Sonae (ALSO3) em teleconferência sobre resultados nesta quarta-feira (30) e também foi tema da maioria das perguntas feita por analistas, após o detalhamento dos números.

Nos oito slides dedicados a a tratar sobre a proposta de combinação de negócios, a Aliansce explorou similaridades com a brMalls, trouxe projeções sobre vendas combinadas em R$ 38,5 bilhões e sinergias da ordem de R$ 210 milhões.

Por duas vezes, a Aliansce Sonae tentou combinar negócios com a brMalls, mas em ambas as ocasiões teve a oferta recusada. A última proposta previa o pagamento de R$ 1,805 bilhão em dinheiro e 276,2 milhões de ações da Aliansce.

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Uma analista que participava da teleconferência chegou a dizer que os papéis das duas empresas não estavam oscilando mais de acordo com os fundamentos, mas sim com a expectativa de M&A [sigla para fusão e aquisição]. E perguntou se a Aliansce faria uma terceira proposta de combinação de negócios. Rafael Sales, CEO da empresa, afirmou não ter pressa em resolver a questão “só porque fica chato para as ações”.

“Estamos falando de troca de ações entre empresas com um patrimônio relevante, que juntas criariam a maior [do segmento] na América Latina. Então não tem porque ser decidido logo porque está chato para as ações”, afirmou Sales. O CEO explicou ainda que, atualmente, a Aliansce tem mais de 8% de participação na brMalls.

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Sales disse que, se a proposta de combinação de negócios for votada em assembleia, acredita que poderia haver uma “surpresa”. “Mas a gente só vai saber disso quando a proposta for colocada em votação”, complementou.

Independente da discussão da fusão, Sales afirmou que a Aliansce tem dever fiduciário de exercer influência na base de acionistas da brMalls para que a concorrente atinja bons resultados, focada no negócio e no crescimento.  E completou dizendo que vai monitorar o investimento em brMalls “com todo cuidado e fidúcia”.

“Se formos indicar conselheiros, vai ter esse perfil de gerar valor”, afirmou o CEO. A proposta de combinação de negócios com a brMalls seria levada a conselho em um momento “mais adequado” e que a hora é de trabalhar para criar consenso com acionistas da empresa. “Até porque o processo de aprovação de uma transação [como essa] é longo”, afirma o CEO.

A Aliansce Sonae registrou lucro líquido de R$ 115,7 milhões no quarto trimestre, montante 22 vezes maior que o registrado um ano antes (R$ 5,2 milhões). A receita líquida cresceu 26,2% entre os períodos, para R$ 277,6 milhões.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização ajustado (Ebitda, na sigla em inglês) também avançou, crescendo 49,6% no quarto trimestre de 2021, comparado ao mesmo período de 2020, para R$ 151,8 milhões.

Relatório do Credit Suisse avalia que os resultados vieram fortes, apoiados por uma expansão nas vendas, o que permitiu um ajuste nos valores dos aluguéis cobrados, com uma redução de descontos. “Em cima disso, a companhia continuou ganhando eficiência na gestão de custos”, observam os analistas Daniel Gasparete, Pedro Hajnal e Vanessa Quiroga.

Na teleconferência, Leandro Lopes, diretor de operações da Aliansce Sonae, explicou que a estratégia da empresa é fazer uma gestão equilibrada entre ocupação, inadimplência e descontos. “Hoje temos um ambiente favorável para reduzir descontos e aumentar o top line [receitas]”, afirmou.

A Aliansce Sonae reduziu os custos de condomínio em R$ 34 milhões no quarto trimestre  de 2021, reportando margens fortes e melhores custos de ocupações, na avaliação do Credit Suisse. “Também capturou sinergias de R$ 30 milhões em sinergias por ano com a fusão com a Sonae, reforçando sua estratégia gradual de M&A”, diz a análise.

O Credit também destacou a redução do nível de endividamento da empresa e acredita que a companhia está  bem posicionada para o bom momento do setor. “Contudo, mantemos nossa preferência por portfólios mais resilientes, expostos a públicos de renda mais alta”, dizem os analistas.

O banco mantém recomendação neutra para os papéis ALSO3 e preço-alvo de R$ 28, ou potencial de alta de 18% em relação ao fechamento da véspera. Às 15h35 (horário de Brasília) desta quarta, as ações tinham leve queda, de 0,97%, a R$ 23,47.

Na teleconferência, a Aliansce Sonae também apresentou projeções para este ano. A administradora do shopping centers espera alcançar Ebitda entre R$ 740 milhões e R$ 760 milhões este ano, com um crescimento de até 23% até 2021. De acordo com os executivos da empresa, o ano começou bem, com as receitas da companhia registrando um crescimento de 15,5% em janeiro e fevereiro, na comparação com o mesmo período do ano passado.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados