5 ações caem mais de 20% e só 5 sobem mais de 5%: os destaques do Ibovespa em abril

CVC foi o grande destaque negativo de abril, enquanto Petrobras deixou a turbulência no mês e foi destaque de ganhos do Ibovespa

Lara Rizério Camille Bocanegra

Trade Idea XP lista recomendações de investimentos na Bolsa

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Após amargar mais um mês no vermelho com uma queda de 1,7% em abril, o Ibovespa já acumula desvalorização de 6,15% em 2024.

No mês, as maiores quedas ficaram concentradas principalmente entre ações de consumo e varejo, que foram impactadas pelo cenário de juros mais altos por mais tempo nos EUA, o que também levou parte do mercado a revisar também as projeções de Selic por aqui. O mês foi de quedas expressivas para as ações que compõem o benchmark da Bolsa, com 5 delas registrando baixa de ao menos 20%.

Já entre as maiores altas, os setores são mais diversificados, com destaque para uma ilustre conhecida dos investidores: a Petrobras (PETR3;PETR4). No mês, apenas cinco ações do Ibovespa subiram mais de 5%.

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Confira os maiores destaques de alta e baixa do Ibovespa em abril:

Maiores baixas

CVC (CVC3) e Azul (AZUL4): quedas de 30,69% e 25,23%

As quedas da CVC e da Azul podem ser explicadas por uma série de fatores, o principal deles é a alta do dólar. A moeda americana teve disparada em abril, chegando a alcançar o seu maior patamar em quase seis meses durante o mês. Além da projeção do mercado de que cortes nos juros (notoriamente nos EUA) vão demorar mais para acontecer, a onda de pessimismo que elevou a moeda americana durante o mês também teve relação com tensões geopolíticas, após ataque do Irã a Israel. A moeda chegou a ter alívio no fim de abril, mas fechou a última sessão do mês em alta à espera da reunião de maio no Federal Reserve – na próxima quarta (1), quando a Bolsa brasileira estará fechada.

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No caso da Azul, conforme destaca Enrico Cozzolino, sócio e head de análise da Levante Investimentos, o negócio da aviação já opera com margens muito baixas. Assim, as oscilações da moeda estrangeira causam repercussão de forma rápida, considerando o custo de 40% da receita diretamente com querosene. A CVC, por sua vez, já tinha sofrido forte queda nos papéis após divulgação do balanço do quarto trimestre de 2023 no fim de março. A ação da companhia desvalorizou 6,48% com a apresentação dos resultados e ainda passa por reestruturação.

Magazine Luiza (MGLU3) e Grupo Soma (SOMA3): baixas de 24,44% e 20,24%

Os juros futuros (DIs) apresentaram alta por várias semanas no início de abril, em reação a dados como payroll acima do esperado (que desanima o mercado em relação à cortes nas taxas nos EUA) e dados fiscais considerados ruins no Brasil. O cenário de aversão ao risco somado também a alta do dólar impactou em cheio alguns nomes do varejo, como Magazine Luiza (MGLU3), Grupo Soma (SOMA3) e Arezzo (ARZZ3), esta última não figurando no “top 5”, mas ainda entre as maiores baixas no mês, em queda de 19,22%.

No radar das empresas, o Magalu também anunciou a homologação do aumento de capital em R$ 1,25 bilhão e o agrupamento de ações de 10 para 1 no mês anterior. “O Magazine Luiza não está na melhor relação de risco retorno. Ela fez uma captação recente, enfrenta o mesmo problema do setor pulverizado, como enfrentam os varejistas de roupas, entre outras, e nessa relação de risco retorno, somada à aversão de risco geopolítico global, faz com que os ativos se deteriorem”, comenta Cozzolino.

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.Já os investidores de Arezzo e Grupo Soma seguem de olho nos desdobramentos da fusão. O Itaú BBA apontou que os papéis da empresa combinada t~em potencial de valorização de até 40%. Mesmo assim, as três derraparam em abril, puxadas pelo cenário macroeconômico doméstico e no exterior, enquanto alguns analistas também veem desafios para a operação.

LWSA (LWSA3), antiga Locaweb: baixa de 21,23%

Parte de outro setor que apresenta forte correlação com a taxa de juros, nomes de tecnologia e telecomunicações amargaram quedas em abril, caso da LWSA, antiga Locaweb. As maiores quedas do nome ocorreram nos dias de pico de alta do dólar no mês. Além disso, o Bank of America (BofA) estimou, em relatório sobre os resultados do 1T24, que a companhia deve apresentar números mais fracos, com receita líquida apresentando 5% de crescimento na comparação com o mesmo período de 2023. O banco estrangeiro também reduziu o preço-alvo para a companhia de R$ 7,5 para R$ 6. Alguns analistas apostavam que o resultado do 4T23 poderia ser ponto de inflexão para companhia e o nome chegou a subir 5,52%. No entanto, não foi o que se apresentou e a companhia seguiu em queda em abril.

Confira as maiores quedas do Ibovespa em abril:

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EmpresaTickerValor da açãoQueda no mês
CVCCVCB3R$ 2,01-30,69%
Magazine LuizaMGLU3R$ 9,75-25,23%
AzulAZUL4R$ 1,36-24,44%
LWSALWSA3R$ 4,60-21,23%
Grupo SomaSOMA3R$ 6,07-20,24%

Maiores altas

Petrobras (PETR3;PETR4): altas de 18,65% e 15,57%

O mês de abril foi bastante turbulento para a Petrobras, mas também trouxe muito alívio para os investidores. O começo do mês trouxe novos rumores de que o comando do CEO da estatal, Jean Paul Prates, estaria em xeque e que nomes que não contavam com o aval do mercado, como do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, era cotado para a vaga. Porém, os rumores se dissiparam, ao mesmo tempo em que novos rumores de que os ministros de Lula selariam acordo pelo pagamento de dividendos extras da Petrobras fizeram com que as ações voltassem a se animar.

O cenário de maior alívio dos investidores se concretizou após a Assembleia de acionistas da Petrobras do último dia 25 com a aprovação do pagamento de 50% dos dividendos extras (cerca de R$ 22 bilhões, ou US$ 4,4 bilhões), enquanto o voto do governo federal também sinalizou que a administração da Petrobras poderia decidir até o final do ano (31 de dezembro de 2024) pagar mais 50% restantes da reserva de dividendos, o que sinaliza que mais pode estar por vir. Com isso, casas de análise voltaram a ficar mais otimistas com a estatal, caso do Bradesco BBI, que elevou no fim do mês a recomendação para as ações PETR4 de neutra para equivalente à compra.

IRB (IRBR3): avanço de 13,73%

A recuperação do IRB segue em curso. A companhia divulgou seu resultado do quarto trimestre de 2024 (4T23) no fim de março e com repercussões em abril, tendo lucro, de R$ 38 milhões e revertendo prejuízo do mesmo intervalo de 2022. Em teleconferência com analistas, a diretoria do IRB voltou a vislumbrar a possibilidade da distribuição de dividendos no próximo ano. O CEO da companhia, Marcos Pessôa de Queiroz Falcão, disse que a empresa ainda tem prejuízos acumulados mas, se até o fim de 2024, voltar a ter lucros consistentes, a distribuição de proventos deverá ser retomada. Apesar de não indicar guidance para 2024, a estimativa do IRB é elevar os prêmios deste ano em cerca de 10%. 

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JBS (JBSS3): avanço de 9,02%

Com expectativas de melhoras operacionais após trimestres difíceis, a JBS aparece como um dos principais destaques de ganhos de ações em abril. No início do mês, o Bank of America elevou o preço-alvo do papel de R$ 33 para R$ 35 ao revisar o modelo levando em consideração também os números do quarto trimestre de 2023 (4T23).  O banco considerou que a empresa caminha para uma “forte recuperação dos lucros em 2024”.  O otimismo do BofA com o frigorífico vem da ausência de “sinais amarelos para 2024”, mesmo que o desempenho apresentado no 4T23 tenha ficado aquém das expectativas. Ainda assim, a mensagem passada pela administração foi o suficiente para que o banco considerasse construtivo, em especial em relação à Seara.

Para o 1T24, o Itaú BBA ressaltou que, embora a sazonalidade regular normalmente leve a uma compressão sequencial de margem nos primeiros três meses do ano, melhorias operacionais devem beneficiar a JBS desta vez. Espera-se que Seara, PPC e Austrália apresentem os resultados mais fortes dentro da plataforma, enquanto a divisão U.S. Beef continua a ser o principal detrator das margens consolidadas (embora não na mesma proporção como visto no último trimestre).

Petz (PETZ3): alta de 8,28%

Após meses de especulação sobre uma consolidação no mercado de varejo pet, abril marcou a notícia do avanço da fusão da Cobasi com a Petz, esta última de capital aberto e que disparou na Bolsa após a divulgação de mais detalhes sobre a combinação de negócios., subindo 37% apenas no pregão do último dia 19. Em relatório após o anúncio, o Bradesco BBI ressaltou que o preço pelo qual Petz foi avaliada, de R$ 7,10 por papel – mais de 100% acima do preço do fechamento antes do anúncio de fusão, de R$ 3,50 – foi o destaque positivo. Já a Genial avaliou que a fusão criará um player dominante no setor pet, em um momento em que a competição é cada vez mais acirrada – podendo aliviar as pressões de competição e tornar a precificação mais racional, além de trazer outras sinergias significativas de crescimento e eficiência para o negócio combinado.

Confira as maiores altas do Ibovespa em abril:

EmpresaTickerValor da açãoAlta no mês
Petrobras ONPETR3R$ 44,26+18,65%
Petrobras PN PETR4R$ 42,02+15,57%
IRBIRBR3R$ 42,48+13,73%
JBSJBSS3R$ 23,44+9,02%
Petz PETZ3R$ 4,71+8,28%

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.