Petrobras (PETR4): Bradesco BBI eleva ação a compra com dividendos; “poeira baixou”

Banco estima rendimento de dividendos da Petrobras para 2025 em 13%, acima da média global de 10% para 2025; outros bancos destacaram últimas notícias positivas

Felipe Moreira

Sede da Petrobras - REUTERS/Sergio Moraes

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O Bradesco BBI elevou a recomendação para ação da Petrobras (PETR4) de market perform (desempenho igual a média do mercado, equivalente à neutro) para outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra), pois acredita que os fatores que levaram ao rebaixamento da petroleira pelo banco no mês passado passaram e os eventos estão se tornando cada vez mais positivos para tese de investimento. Para o banco, a “poeira baixou” após uma série de eventos turbulentos.

Para analistas, os eventos turbulentos que começaram com a retenção de dividendos complementares em 8 de março (e levaram a especulações sobre mudanças na gestão da estatal) parecem ter resultado em algumas resoluções positivas.

Nesse contexto, o banco cita i) o Ministro de Energia e Minas, Alexandre Silveira, que se tornou mais favorável ao trabalho do CEO Jean Paul Prates na estatal; (ii) o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aparentemente ganhou algum terreno dentro da Petrobras ao ganhar um assento no conselho, o que deverá tornar mais provável o pagamento dos dividendos complementares; e (iii) a Petrobras potencialmente se tornando mais inclinada a acelerar as recompras.

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Em relação aos dividendos, o conselho da estatal apontou na última sexta-feira que a empresa tem condições de pagar até 50% das reservas de dividendos (US$ 4,3 bilhões), possivelmente na assembleia geral de acionistas que acontecerá na próxima quinta-feira (25). O pagamento dos outros 50% será avaliado ao longo do restante do ano.

Se os dividendos complementares forem aprovados já na assembleia, analistas acreditam que os investidores poderão ter apenas 10 dias antes que as ações sejam negociadas ex, enquanto os dividendos ordinários anunciados com os resultados do 4T23 (US$ 2,9 bilhões) se tornarão ex no dia seguinte. Portanto, as posições provavelmente serão construídas antecipadamente.

Caso os dividendos não forem anunciados após a assembleia, o banco acredita que poderão ser anunciados juntamente com os resultados no dia 13 de maio.

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Além disso, o banco vê um ambiente melhor do que o esperado e muito favorável para os preços do petróleo. Com isso, elevou a curva de preço do petróleo, estimativas e preço alvo para a Petrobras, de US$ 17/ADR (R$ 41 por ação) para US$ 19/ADR (R$ 46 por ação).

Com relação ao risco para a tese, o banco cita a possibilidade Jean Paul Prates não ser reeleito como membro do conselho na próxima quinta, pois isso implicaria que ele não seria mais CEO, o que redefiniria a tese de investimento (embora as chances disso sejam baixas).

Apesar da defasagem nos preços dos combustíveis no Brasil, o banco elevou as estimativas para a estatal, uma vez que incorporou crack spreads – a diferença de preço entre um barril de petróleo bruto e um barril do produto derivado – de US$ 12/bbl (barril) para gasolina e US$ 15/bbl para diesel para 2024 (contra atuais US$ 25/bbl e US$ 22/bbl, respectivamente). Dessa forma, o banco prevê agora pagamentos anuais complementares de dividendos de US$ 4 bilhões por ano ante US$ 2 bilhões anteriormente.

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O BBI estima agora o rendimento de dividendos da Petrobras para 2025 em 13%, acima da média global de 10% para 2025 (com recompras). Com um ambiente tão volátil para o Ibovespa, o banco disse ser difícil ignorar uma exportadora, que paga um rendimento de dividendos tão atraente.

Já o Itaú BBA comenta que a decisão marca uma reviravolta na decisão do Conselho de volta à proposta original da equipe executiva da Petrobras no 4T23, que estava em linha com as expectativas iniciais do mercado naquele momento. O Conselho não apenas concorda agora com a proposta original de pagar 50% da reserva como dividendos extraordinários, mas também discutirá o pagamento dos 50% restantes ao longo do ano.

Para o ano, o BBA estima dividendos ordinários de R$ 47 bilhões (dividend yield de 9,0%), aos quais será adicionado um dividendo extraordinário de R$ 22 bilhões (dividend yield de 4,2%), referente a 50% das reservas de capital. Caso a Petrobras decida anunciar 100% das reservas como dividendo extraordinário este ano, isso implicará um rendimento de dividendos de 17,4% em 2024.

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O JPMorgan, por sua vez, avalia o anúncio como positivo, abrindo espaço para um pagamento extraordinário ser aprovado na Assembleia de Acionistas esta semana, o que seria muito bem recebido pelos investidores. O banco americano mantém uma posição neutra em relação à Petrobras.

A equipe de análise do Goldman Sachs comenta que a decisão do Conselho pode criar um “risco de alta” de aproximadamente 4,2-8,5 pontos percentuais em relação ao caso base de rendimento de dividendos de 12% para o ano fiscal de 2024 (que considera apenas os dividendos base conforme a política de dividendos atual da estatal).

Por outro lado, com base em conversas recentes, alguns investidores já esperavam o pagamento de dividendos extraordinários. O banco reitera recomendação de compra e preço-alvo de US$ 19,30 para o ADR da estatal.