O fundo de crédito privado é o produto da indústria de fundos que aplica pelo menos metade de seu patrimônio em títulos de renda fixa emitidos por empresas. Na prática, os gestores dessa modalidade de investimento direcionam recursos dos cotistas para as empresas tocarem seus projetos, assumindo algum grau de risco de crédito, em troca de juros mais atraentes em relação ao retorno proporcionado pelos títulos públicos.

O que é fundo de crédito privado

Os fundos de crédito privado são produtos cujas carteiras podem deter 50% ou mais do patrimônio líquido investidos em títulos de dívidas emitidos por diferentes empresas privadas não financeiras. Pessoas físicas e jurídicas podem fazer aplicações nesses fundos que, por conta do enorme volume de recursos aplicado e gestão profissional e especializada, têm mais chances de maximizar os rendimentos dos seus cotistas, em relação a quem investe individualmente em papeis privados.

É renda fixa ou variável?

Essa modalidade de fundo de investimento é predominantemente de renda fixa. Os fundos podem ter títulos pré ou pós-fixados em suas carteiras.

No entanto, a depender do tipo de fundo e do gestor, uma carteira de crédito privado também pode ter um percentual de papéis de renda variável na composição, que pode conter até mesmo ações de empresas. Há, por exemplo, fundos multimercados classificados como fundos de crédito privado.

Essa modalidade de investimento é indicada para investidores que procuram uma rentabilidade maior do que a oferecida, por exemplo, pelos títulos públicos, por intermédio do Tesouro Direto ou papéis de bancos, sem se expor, no entanto, exclusivamente à volatilidade e aos riscos do mercado de ações. A modalidade é mais demandada em períodos de juros baixos, como forma de diversificação das aplicações, com o investidor assumindo algum risco em troca de mais retorno.

Quem investe nesse tipo de produto precisa ter objetivos de retorno no médio e longo prazos. Também é necessário ter consciência de que empresas privadas, ao contrário do governo, não têm como emitir dinheiro para pagar suas dívidas, caso tenham problema de caixa para honrar seus compromissos. Por essa razão que a rentabilidade dos fundos de crédito privado costuma ser mais atraente do que a dos fundos tradicionais de renda fixa. Porém, o risco é potencialmente maior.

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Como funciona o fundo de crédito privado

A mecânica de funcionamento desse tipo de fundo é semelhante à de outros produtos do mercado financeiro. Seus gestores buscam aplicar os recursos dos cotistas em papéis emitidos por inúmeras empresas, de diversos setores, bem-estruturadas e com boa classificação de crédito e boas perspectivas de retorno. Os resultados, quando positivos, são distribuídos aos cotistas, levando em conta a participação de cada um deles individualmente.

Os resgates variam de acordo com a política de cada gestora de fundos. Alguns oferecem liquidez diária, mas há também os fundos de crédito privado em que o cotista só pode resgatar sua aplicação em 30, 45 ou até 90 dias.

Há no mercado uma corrente que considera mais prudente optar por fundos com resgates, pelo menos, acima de 30 dias. Eles seriam menos sensíveis a eventuais corridas por saques em casos de algum estresse de mercado, obrigando os gestores de fundos mais líquidos a venderem os papéis a qualquer preço, acumulando prejuízos aos cotistas.

Quais são os títulos dos fundos de crédito privado

Na carteira dos fundos de crédito privado o investidor encontra predominantemente papéis emitidos por empresas privadas para, geralmente, levantar fundos para algum propósito específico: projetos de expansão, de modernização, de aquisição, de obras de infraestrutura, de construção civil, de agronegócio, e até para reforço de caixa, entre outras situações que exijam capital que a empresa não quer ir buscar junto a bancos.

Nesse rol de papéis constam:

Na prática, os cotistas dos fundos de investimento em crédito privado passam a ser credores das empresas emissoras de títulos de suas dívidas relacionadas a seus respectivos projetos.

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Como funciona a rentabilidade

A rentabilidade dos fundos de crédito privado provém dos rendimentos auferidos pelos respectivos títulos de crédito emitidos pelas empresas. O rendimento pode ser proveniente de juros, amortizações ou ganhos de capital na venda dos títulos. Porém, o resultado positivo dos investimentos em crédito privado pode sofrer influência das condições macroeconômicas que afetam o mercado, ou por algum problema na gestão financeira do emissor do título que comprometa a credibilidade, a rentabilidade e a liquidez do papel ou do setor em que está inserido.

O retorno mais atraente em relação ao dos fundos tradicionais é proporcional ao risco. Isso sem contar que esse tipo de investimento também não está sob a proteção da cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) em caso de problemas com a instituição.

Por isso mesmo, esses produtos não são indicados para investidores com perfil mais conservador, avessos a riscos. Também é um tipo de investimento menos acessível, pois a maioria dos produtos oferecidos no mercado exige um valor mínimo de R$ 1 mil para aplicações iniciais.

Outro aspecto a ser levado em consideração é que há incidência de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e de Imposto de Renda (IR). O IOF incide nos resgates feitos até 29 dias após a aplicação. Já a cobrança de IR segue a tabela regressiva, dependendo do tempo de permanência no fundo.

Confira a tabela regressiva:

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  • 22,5%: até 180 dias
  • 20%: de 181 a 360 dias
  • 17,5%:de 361 a 720 dias
  • 15%: a partir de 721 dias

Mas há exceção. Se a carteira de títulos de determinado fundo de crédito privado estiver concentrada apenas em debêntures incentivadas, que são originalmente isentas de IR, ele pode ser classificado como um fundo de infraestrutura e ter a mesma isenção no resgate.

O ganho final da aplicação também pode ser influenciado pela taxa de administração cobrada pelos gestores dos fundos de crédito privado. Há casos no mercado que, além da taxa de administração, também há cobrança de taxa de desempenho, o que pode também afetar o resultado final para o investidor.