Qual é o valor do seu tempo?

O tempo não volta, mas ele pode estar a seu favor para a construção da prosperidade financeira. Desde que você queira pensar no assunto

Thiago Godoy

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Qual é o bem mais escasso do mundo? O tempo, eu diria. Você já parou para pensar que nada é mais valioso na nossa existência que o tempo?

Segundo o renomado escritor americano Carl Sandburg, o tempo é a moeda da vida, a única que você tem e que pode determinar como ela será gasta.

Então, segundo Sandburg, você deve tomar cuidado para não deixar que outras pessoas gastem o seu tempo por você.

Essa ideia me pareceu tão poderosa que usei o meu tempo escrevendo este artigo para que você pudesse refletir melhor sobre o seu próprio tempo e qual o valor dele.

No último fim de semana, li um livro que fala sobre o assunto. Em “Dá um tempo!”, a jornalista Izabella Camargo reflete brilhantemente sobre o tempo, trazendo diversas óticas e abordagens para esse recurso tão importante.

Sem dar spoiler, me chamou especial atenção um capítulo que fala sobre o valor da nossa hora.

Você sabe realmente quanto custa a sua hora? Em determinado momento do livro, Izabella provoca: “Imagine se uma peça de roupa custasse trinta horas em vez de um valor em dinheiro”.

E continua: “Como você lidaria se os preços de produtos e serviços fossem calculados por horas de vida?”
Depois de trabalhar um mês inteiro, são poucas as pessoas que fazem a conta inversa quando recebem o salário.

Para nós, seres humanos, mortais e de tempo limitado, que precisamos trabalhar diariamente e usar nossas horas de vida em troca de dinheiro, essa é uma reflexão essencial.

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Você já fez esse cálculo? Neste momento de pandemia, mais do que nunca, somos obrigados a refletir sobre o nosso tempo. Sobre nossos valores e prioridades.

Perceba que valor é algo completamente subjetivo. Valor é bem diferente de preço. Quando você sabe o preço da sua hora, você começa a entender de maneira mais clara a diferença entre preço e valor. Valor varia de pessoa para pessoa.

Se, por exemplo, o seu salário é de R$ 5 mil por mês e você trabalha cerca de 44 horas por semana, sua hora vale em torno de 28 reais. Esse é o preço dela.

Agora, será que aquele celular de última geração que você pensa em comprar realmente vale 300 horas da sua vida, do seu trabalho?

É importante entender que eu não estou fazendo julgamentos aqui, mas apenas querendo levar você a refletir sobre preço e valor.

O preço, diferentemente do valor, é o mesmo para todos. Ou seja, o celular custa o mesmo para você e para as outras pessoas. Mas será que o valor que algumas pessoas atribuem a ele é o mesmo que você atribui? Provavelmente não.

Imagine outra situação. E se você colocar essas 300 horas de trabalho e fizer alguns investimentos? Com uma carteira bem diversificada, em alguns anos, é possível verificar os juros compostos trabalhando ao seu favor e fazendo seu patrimônio crescer. Aliás, juros, nessa função credora, são a recompensa pela paciência.

Aliás, quer saber se é possível comprar tempo? De acordo com a pesquisa Buying time promotes happiness (Comprar tempo promove felicidade), realizada pela Harvard Business School, foi identificado que as pessoas se sentiam mais felizes e satisfeitas quando pagavam alguém para cuidar de determinados serviços ou tarefas domésticas em vez de gastar dinheiro com bens materiais.

Então, pelo que a pesquisa identificou, comprar tempo livre gera uma satisfação maior do que comprar qualquer outra coisa.

Na próxima vez que você olhar o preço de um produto, pense no real valor que atribui a ele e quantas horas da sua saúde (ou seja, da sua vida) serão utilizadas ali.

O tempo não volta, mas ele pode estar a seu favor para a construção da prosperidade financeira. Desde que você queira pensar no assunto.

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Thiago Godoy

É head de educação financeira da XP Inc. e especialista em psicologia do dinheiro e bem-estar financeiro. É mestre pela FGV – Tese em Educação Financeira, especialização em Sustentabilidade (University of British Columbia), tem MBA em Marketing (FGV) e graduação em administração (UFJF). Foi diretor de mobilização de recursos e relações governamentais da Associação de Educação Financeira do Brasil, atuando especialmente com populações de baixa renda e escolas públicas. Também atuou com desenvolvimento institucional na Dialogue Direct e Children International (EUA), Fundação Vida Plena (Bolívia), Projuventude e Comitê para Democratização de Informática (Brasil). Instagram: @papaifinanceiro