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Vale tudo para ser presidente?

A verdade é a primeira a morrer em uma guerra. Por esse motivo, devemos levar as disputas por cargos elevados na empresa (ou no País) para um campo mais seguro. Nem todos os duelos devem ser encarados como uma guerra, pois, nela, o objetivo é destruir o inimigo. Quando as disputas se transformam em guerras, temos um vale-tudo no qual a emoção fica acima da razão, e a subjetividade, em vez das evidências, é utilizada como critério de escolha. A empresa e a sociedade saem perdendo.
Por  Silvio Celestino
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

A verdade é a primeira a morrer em uma guerra. Por esse motivo, devemos levar as disputas por cargos elevados na empresa (ou no País) para um campo mais seguro. Nem todos os duelos devem ser encarados como uma guerra, pois, nela, o objetivo é destruir o inimigo. Quando as disputas se transformam em guerras, temos um vale-tudo no qual a emoção fica acima da razão, e a subjetividade, em vez das evidências, é utilizada como critério de escolha. A empresa e a sociedade saem perdendo.

Isso ocorre porque há em jogo propósitos inconfessáveis, valores e crenças desconexos e uma ética duvidosa.

Por esse motivo, a melhor forma de escolher os principais líderes é pensar no futuro da empresa. Para que isso aconteça, é bom observar quatro fundamentos que são usados por líderes em suas decisões e que, portanto, impactarão o destino da companhia. Seriam esses os mesmos critérios que deveríamos usar para escolher o presidente da República? Quer você seja o acionista de uma empresa, ou o eleitor em um país, é sempre bom ter em mente esses fundamentos. A busca pura e simples de renda e resultados cada vez maiores não deveria ser a única baliza para suas escolhas.

Qual o propósito do candidato? Alguns executivos desejam ser presidente da empresa somente pelo status, dinheiro e poder do cargo. Mas qual é o propósito dele? Deve ser buscado aquele com o propósito mais elevado. Ele deve propiciar construção, crescimento e coexistência. Conheço presidentes de organizações que, em vez de construir, destruíram relações e o engajamento dos funcionários. A empresa perdeu mercado e, ao invés de crescer, diminuiu de tamanho. E, como ele não permitia a coexistência de ideias, executivos importantes saíram e foram contratados por concorrentes, que se tornaram mais perigosos.

Portanto, um propósito elevado é fundamental para quem deseja estar no cargo mais elevado da empresa.

O segundo ponto a observar é a conjugação de valores e crenças. Ninguém será contrariado por expressar seus valores. Isto é, dificilmente você encontrará alguém que seja criticado por ter valores como: justiça, confiança e sustentabilidade. Mas os problemas começam quando as crenças são esclarecidas. Por exemplo, o mesmo valor, justiça, pode significar a seguinte crença: oportunidades iguais para todos. Ou, pode ser: oportunidades maiores para quem entrega mais. Ou seja, podemos ter valores iguais e crenças diferentes. O executivo deve ser capaz de esclarecer suas crenças tanto quanto seus valores.

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Por último, devemos observar com cuidado a ética de um candidato. Ela pode estar em um de cinco níveis possíveis.

O primeiro nível é aquele no qual o pensamento dominante é: “Estão todos contra mim.” São pessoas destrutivas, incapazes de construir e participar de um time. Dificilmente chegam a níveis de liderança relevantes e, se o fizerem, podem causar grandes estragos na organização.

O segundo é aquele no qual a pessoa pensa primordialmente: “Somos nós contra eles.” São indivíduos que fomentam ideias que aglutinam outros profissionais, normalmente incompetentes e de má índole, com pensamento igual e que veem inimigos a ser destruídos. Em geral, se alçados a postos de liderança, provocam a retirada de pessoas contrárias às suas ideias e, se possível, destroem a reputação delas para obter o que desejam.

Somente no terceiro nível, temos o mínimo necessário para a pessoa liderar uma empresa. Nele, o pensamento dominante é o famoso “ganha-ganha”. Isto é, tudo que tiver de ser realizado deve ser pensado em termos de ganho para a empresa e também para o cliente. Ou seja, são indivíduos que procuram estabelecer relacionamentos nos quais todos os envolvidos sejam beneficiados.

O próximo pensamento é aquele que afirma: “Somos um só.” Ele conduz as pessoas a compreender que suas ações reverberam em uma corrente que acaba voltando para elas mesmas. Isto é, para ajudar a empresa, não adianta prejudicar o outro, quer seja funcionário, cliente ou fornecedor. Pois o dano causado retornará para a companhia. É o caso da empresa que pressiona tanto seu fornecedor por menores custos, que ele acaba falindo, e a companhia fica sem seu melhor fornecedor. Ou que trata tão mal seus funcionários, que o clima organizacional fica negativo, a produtividade cai e os resultados são afetados. Portanto, é aquele que pensa no todo de forma integrada e contribui da maneira mais positiva possível.

O nível mais elevado da ética não se aplica às organizações empresariais, pois é aquele no qual as pessoas são convidadas a fazer algo no qual elas sairão perdendo, assim como o líder, para que a humanidade saia ganhando. É o caso de líderes como Gandhi, Mandela e Martin Luther King Jr., que sacrificaram suas vidas, e de muitos que a eles se juntaram, para que um propósito maior se realizasse. Será que é possível um líder empresarial pensar assim?

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Conhecer os propósitos, valores, crenças e ética daqueles que desejam ser os líderes em cargos mais elevados da empresa é uma maneira criteriosa de escolhê-los. Eles revelam o nível de preparo do indivíduo para a liderança.

As empresas e o mundo estariam em melhores condições, se fossem liderados por aqueles que estão mais bem preparados para a tarefa, e não por aqueles que somente sabem falar bem.

Saibamos escolhê-los.

Vamos em frente!

Silvio Celestino É coach de gerentes, diretores e CEOs desde 2002. Também atende a executivos que desejam assumir esses cargos. Possui certificação e experiência internacional em coaching. Foi executivo sênior de empresas nacionais e multinacionais na área de Tecnologia da Informação. Empreendedor desde 1994.

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