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A morte de Robin Williams e os limites do sucesso profissional

Assim como a maioria, conhecia mais os personagens interpretados por Robin Williams do a ele. Meus favoritos eram o psicólogo no filme "Gênio indomável" e o professor em "A sociedade dos poetas mortos." Embora, Patch Adams também possui grande influência em meu pensamento. A morte dele me fez lembrar que, como seres humanos, não precisamos apenas de sucesso profissional, mas de cuidar de todas as complexas esferas de nossa vida. E, se alguém como ele, com tantos recursos e ações apropriadas para lidar com suas adversidades e dramas pessoais, sucumbe, imagine o resto de nós.
Por  Silvio Celestino
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Assim como a maioria, conhecia mais os personagens interpretados por Robin Williams do a ele. Meus favoritos eram o psicólogo no filme “Gênio indomável” e o professor em “A sociedade dos poetas mortos.” Embora, Patch Adams também possui grande influência em meu pensamento.

A morte dele me fez lembrar que, como seres humanos, não precisamos apenas de sucesso profissional, mas de cuidar de todas as complexas esferas de nossa vida. E, se alguém como ele, com tantos recursos e ações apropriadas para lidar com suas adversidades e dramas pessoais, sucumbe, imagine o resto de nós.

A pergunta que sempre vem à cabeça é: o que aconteceu? Como alguém tão bem-sucedido pode ter chegado a esse fim trágico?

Infelizmente, isso também ocorre nas empresas, especialmente em cargos de alta liderança. Embora, por motivos diversos do ator.

É comum encontrarmos executivos que focam excessivamente o sucesso nas esferas profissional e financeira, e se esquecem de que a vida é mais complexa do que isso.

É certo que não existe um problema que piore pelo fato de alguém ter mais dinheiro. Entretanto, há dimensões da existência humana que o dinheiro e o sucesso profissional não alcançam. E essas esferas demandam uma preocupação mais completa com a vida.

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Para isso, é fundamental adquirir cada vez mais conhecimento a respeito dessas outras dimensões e como elas se inter-relacionam. Também é extremamente recomendável que a pessoa se interesse em ter domínio emocional e preparo psicológico. Pois são essas duas esferas que cobrarão um preço elevado quanto mais a carreira avança. E são fundamentais para o equilíbrio na vida profissional e, principalmente, familiar.

Além disso, o indivíduo deve pensar em sua transcendência, isto é, em como consegue lidar com a morte das pessoas que ama e com a perspectiva de sua própria morte. São questões que relutamos em refletir e, quando nos atinge, podem ser devastadoras. Não temos todo o tempo do mundo, assim como aqueles que amamos.

Deixada sem desenvolvimento, a consciência da pessoa esvanece. As questões maiores sobre seu propósito de vida acabam desaparecendo, e todo o foco fica reduzido na busca da solução de seus problemas exclusivamente por meio de dinheiro e de bens. Até o ponto em que as questões fora dessas esferas emergem: seus medos, angústias, relacionamentos amorosos infelizes, sensação de vazio interior, ausência de espiritualidade, estresse físico e mental, entre outros.

Querer se livrar dessas questões por meio da bebida, da droga ou mesmo da fuga do convívio sadio com outras pessoas é um caminho para a autodestruição. O herói não é essa figura indestrutível e cheia de poderes que vemos nos filmes. Tampouco os dragões e as feras aladas são os inimigos que temos de enfrentar. O verdadeiro herói é aquele que enfrenta as provas de sua própria vida com maturidade.

É verdade que a busca de cargos cada vez mais altos e bem remunerados é uma aventura e uma meta fixa na cabeça de muitos. Mas, se, ao longo do processo, o indivíduo não aprender a dominar o irracional dentro de si, seu sucesso o autodestruirá.

Gerentes e diretores imaturos, independentemente de suas idades, causam a seus liderados experiências empobrecedoras. Diga-se de passagem, jogam pela janela qualquer esforço dos departamentos de recursos humanos em reter talentos. Mas, acima de tudo, possuem uma vida inacreditavelmente infeliz: destruídos na vida pessoal, angustiados com a própria existência, colocam toda a energia em sua carreira. Entretanto, maltratam outras pessoas e ignoram sua responsabilidade com a própria vida. Uma forma trágica e autodestrutiva de fracasso. 

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O indivíduo deve fazer o que for necessário para mudar esse cenário. Afinal, o sucesso por si só não traz felicidade, embora permita a você chorar em Roma, Paris, Milão, Nova York… Lugares que valem a pena ser visitados, mas que fazem mais sentido para aqueles que são plenamente felizes.

Carpe Diem

Silvio Celestino É coach de gerentes, diretores e CEOs desde 2002. Também atende a executivos que desejam assumir esses cargos. Possui certificação e experiência internacional em coaching. Foi executivo sênior de empresas nacionais e multinacionais na área de Tecnologia da Informação. Empreendedor desde 1994.

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