A Queda dos mitos!

Fortes emoções no segmento de duas rodas! A Yamaha, eterna segunda colocada, perde o seu posto
Por  Raphael Galante
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Este ano, no setor automotivo, independentemente do segmento, o que vamos vivenciar será uma série de quebras de mitos ou paradigmas.

Como mostramos, por exemplo, no post anterior, temos a FORD que, de eterna quarta colocada, caiu para a sexta, sendo ultrapassada pela Hyundai e Toyota.

Agora o exemplo vem do segmento de motos.

O que acontece com o pessoal de duas rodas? Bem… o conceito que temos, é que o mercado de motos era Honda e Yamaha; depois tinha um monte de gente que era “café com leite”.

Como era o mercado de motos?

Você tinha a Honda com o seu “monopólio” de quase 80%, e na segunda posição a Yamaha, com seus 12%. Depois, quase uma dúzia de empresas que se estapeavam pelos 8% que restavam.

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Essa divisão do mercado entre Honda e Yamaha estava tão consolidada, mas tão consolidada, que nunca cogitou-se que isso fosse mudar.  Mas, o que aprendemos?

Que nunca devemos dizer nunca!

A partir do segundo semestre do ano passado, com ênfase mais forte nas vendas dos últimos meses do ano, por mais inacreditável que possa parecer, teve uma marca que “roubou” a segunda posição da Yamaha! Quem foi? Foi a xingling, oops… a Shineray!

Se olharmos o Share dela desde janeiro do ano passado, e apurarmos com os dados de vendas até ontem, percebe-se que ela passou de um insignificante share de 0,9% para estrondosos 11,1% em janeiro deste ano! Além deles terem passado a Yamaha – a eterna segunda marca, há três décadas – ela roubou um montão de share da Honda.

SHAREjan/15fev/15mar/15abr/15mai/15jun/15jul/15ago/15set/15out/15nov/15dez/15jan/16
Honda79,92%79,88%80,84%80,82%82,24%82,01%82,41%80,78%78,82%77,33%67,53%66,41%64,31%
Yamaha13,14%12,63%12,06%11,76%10,65%10,85%10,57%10,76%10,97%10,92%9,90%9,28%10,27%
Shineray0,92%0,90%0,82%0,81%0,72%0,80%0,76%1,08%1,75%2,31%6,51%9,84%11,08%
Outros6,02%6,60%6,28%6,62%6,39%6,35%6,25%7,38%8,46%9,45%16,06%14,47%14,35%

Mas qual foi o milagre dela?

Usando a máxima de que: NADA SE CRIA, TUDO SE COPIA… principalmente se tratando dos xinglings 😀

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E foi isso que eles fizeram! Como assim?

O mercado de motocicletas, lá no início dos anos 90, quando começou a crescer fortemente, era alicerçado em três fatores (o qual, elas, Honda e Yamaha se esqueceram um pouco da receita de sucesso). E quais eram os três pilares?

Voltando um pouco no tempo, no inicio dos anos 90, a situação da população brasileira era “meio complicada”: tivemos o confisco das poupanças – Collor, o início da URV/Real; e a ascenção das classes sociais. Como a nossa economia está “um pouco complicada”, voltamos a uma situação parecida!

E a Shineray se aproveitou disso e usou a receita de sucesso deles, que era:

  • Produtos de baixo valor
  • Produtos de baixa cilindrada
  • Vendas via consórcio.

Lá nos anos 90, a Honda cresceu fortemente com a sua C100 Dream e depois com a Biz.  Além disso, teve um período de quase 5 anos que ficaram sem reajustar os preços, e o consórcio é a chave principal para atender essa camada da população que não tem acesso a crédito e, para piorar, a maioria dos bancos não faz mais financiamento para motos.

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Por mais que a Shineray tenha um leque de produtos variáveis, o sucesso absoluto é a sua “cinquentinha”, produto que atende os dois primeiros itens.

E o consórcio? Não, eles não possuem administradoras como a Honda e a Yamaha que trabalham excelentemente este produto! Tirando a Honda, que é o nosso ponto fora da curva, onde ela entregou 38% da sua produção via consórcio, a Shineray encerrou o ano de 2015 com 20% de suas vendas através do consórcio, bem mais que a Yamaha com seus 16%! E, o mais legal de tudo: ELES NÃO POSSUEM UMA ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIO, eles vendem os seus produtos com a carta de crédito das outras administradoras! 

Essa perda da segunda posição da Yamaha é histórica! O ponto é saber o quão preparado está o pessoal da Shineray para seguir nessa toada e aguentar a pressão que virá da Honda e da Yamaha, pois pode apostar: essa pressão virá, e eles não vão deixar barato esse “sassarico” da Shineray…

O ano promete muitas emoções para o setor automotivo! Haja coração!!!

Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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