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As 4 lições que podemos tirar do (não) IPO da WeWork

É uma pena que a WeWork não conseguiu fazer um IPO. Estamos precisando de mais empresas “vazias” a preços estratosféricos para poder shortear
Por  Marcelo López -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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De acordo com a Bloomberg, o Softbank deve injetar US$ 4,5 bilhões na famosa empresa de propriedades (sem nenhuma, por sinal) WeWork e ficar com seu controle, evitando assim, a falência da mesma. Esse anúncio não é oficial e ainda pode (e deve) mudar mas, ao que tudo indica, acontecerá em um curto prazo, visto que o caixa da empresa acaba no próximo mês.

O valuation total da empresa, após mais um aporte bilionário, deve chegar a cerca de US$ 8 bilhões, quase a metade do que o próprio Softbank já investiu e menos de 10% do que a Goldman Sachs e Morgan Stanley diziam que a empresa valia há apenas alguns meses.

Eu já escrevi sobre os absurdos da WeWork em um post há algumas semanas (leia aqui), então não vou revisitar o caso, mas vale a pena tirar lições dele, já que estamos em um período de excessos no mercado financeiro.

A primeira lição, é nunca investir na teoria do idiota maior, que diz que não importa o preço que você pague por um ativo, desde que encontre um idiota maior que você para poder comprar esse ativo de você. Esse jogo é perigoso e o idiota maior pode não ser a outra pessoa.

Segundo, temos que fazer nosso próprio trabalho e não confiar cegamente no que grandes fundos, agências de risco ou grandes bancos nos dizem o que fazer. Nem sempre o que é bom para eles é também bom para nós. Vale a pena lembrar da crise de 2008 e dos ratings das agências de risco. Fazer o próprio due diligence é trabalhoso e cansativo, mas tem suas recompensas.

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Leia também: Softbank deve assumir controle da WeWork para tirar startup da crise

Terceiro, é importante checar sempre o alinhamento de interesses. Enquanto o preço das ações da WeWork estavam subindo, seu CEO, supostamente a pessoa que mais conhece do negócio, estava dando poderes a membros de sua família, aumentando seu poder de voto, criando despesas para a empresa, ao mesmo tempo em que comprava jatinhos e vendia ações. Normalmente não é um bom sinal quando insiders decidem vender ações.

Quarto e, na minha opinião, talvez o mais difícil de se descobrir, é fraude. Vários participantes do mercado sugerem que o Softbank, que está em processo de captação para um novo fundo, comprava mais ações de suas investidas a um preço maior para poder “mostrar resultado” e aumentar a taxa de administração e de performance do Vision Fund. Não sei se isso é verdade e não vou me preocupar em descobrir, mas nos últimos rounds de investimento, todos a preços maiores que o inicial, praticamente só o Softbank participou.

Como já disse há muito tempo no Twitter, é uma pena que a WeWork não conseguiu fazer um IPO. Estamos precisando de mais empresas “vazias” a preços estratosféricos para poder shortear (vender a descoberto). Ficamos sem essa opção na bolsa, mas as lições que aprendemos, sempre valem à pena.

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Marcelo López Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.

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