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Transporte Marítimo é oportunidade para quem quer se proteger da volta da inflação global

Empresas cujos ativos e receitas sobem enquanto a dívida torna-se um problema cada vez menor são a ordem do dia
Por  Marcelo López -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

O setor de transporte marítimo é importantíssimo para o comércio mundial, com cerca de 90% de market share. Ele é composto de vários subsetores, como o de gás LPG, LNG, os dry bulkers, dirty tankers, clean tankers e containers, cada um com sua própria dinâmica.

Para aqueles que acreditam na volta da inflação no mundo, esse setor pode conter boas oportunidades. Isso, porque o setor, tradicionalmente, é um excelente hedge contra o aumento de preços por vários motivos.

Primeiro, o preço dos navios, que são os principais ativos das empresas, sobe. Isso é esperado, já que são ativos reais e, num ambiente de inflação, esses tendem a se defender melhor, assim como as commodities e outros ativos reais em geral.

Segundo, os fretes marítimos sobem, em função da maior demanda por produtos, já que as pessoas querem trocar a moeda em desvalorização por ativos que estão ficando cada vez mais caros.

Terceiro, a maior parte dessas empresas opera com alto endividamento. Como a dívida é constante em termos nominais, em um ambiente inflacionário, ter dívida não-reajustável é bom e, ceteris paribus, quanto mais, melhor.

Além dos fatores acima, há ainda o fato de várias dessas companhias terem hoje balanços mais sólidos que nos últimos anos, o que reduziu significativamente os riscos. Como os custos operacionais são essencialmente fixos e os fretes marítimos estão em ascensão, a alavancagem operacional faz com que a lucratividade delas aumente rapidamente.

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Mais, várias empresas estão sendo negociadas bem abaixo do NAV, ou valor líquido dos ativos, dando uma margem de segurança aos compradores. Apenas para exemplificar, a ADS anunciou semana passada que vendeu um navio (dirty tanker) de sua frota por US$25,5 milhões. Esse navio estava cotado a US$14,6 milhões, de acordo com o preço em bolsa da empresa, um desconto de quase 50%.

O desempenho do setor na bolsa tem sido um desastre, com os preços das ações caindo cerca de 90% no agregado desde 2010, conforme gráfico abaixo. Por isso mesmo, acredito que possa haver oportunidade.

Por fim, alguns subsetores estão com os menores order books da história, ou seja, os pedidos de construção de navios estão na mínimas. Como se demora alguns meses ou até anos para se construir uma embarcação dessa natureza, temos visibilidade com relação ao futuro da oferta desses e do impacto nos fretes.

Claro, o setor ainda possui vários problemas. A governança corporativa não é das melhores, para dizer o mínimo, os fretes variam mais rapidamente que as marés e governos podem intervir e fazer com que uma empresa lucrativa dê prejuízo e vice-versa. Mas para quem está buscando oportunidade e tem visão de longo-prazo, é um setor que merece ser estudado.

Disclaimer: Esse texto reflete a opinião do autor e não constitui uma sugestão, recomendação, indicação e/ou aconselhamento de investimento. Nenhuma decisão de investimento deve ser tomada com base nas informações ora apresentadas, cabendo unicamente ao investidor a responsabilidade sobre qualquer decisão que venha a tomar.

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Marcelo López Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.

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