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Apoiar a greve é brincar de baleia azul na economia

Ser a favor da greve é torcer contra os mais pobres, contra o país, em nome da manutenção de uma minoria que vive de privilégios estatais. Ser a favor da greve é brincar de baleia azul na economia.
Por  Alan Ghani
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Centrais sindicais, o PT, movimentos estudantis e o MST convocam a população para uma greve geral nesta sexta feira (28). O motivo da paralisação é que esses grupos são contra a reforma trabalhista e previdenciária, essenciais para a retomada do crescimento sustentável da economia brasileira.

Evidentemente, esses grupos são contra as reformas uma vez que vivem basicamente sustentados pelo dinheiro da população produtiva brasileira. Com um discurso populista, fingem lutarem pelos trabalhadores para, na verdade,  defenderem seus próprios interesses e manterem seus próprios privilégios. Sangram as contas públicas e nada de concreto produzem ou entregam para a sociedade brasileira. Pior: são contra medidas que beneficiam toda a população brasileira, principalmente a população mais pobre.

Em relação à reforma trabalhista, é uma ilusão acreditar que basta  garantir direitos por leis que toda a população terá emprego e benesses sociais . Muito pelo contrário, o excesso de leis e de regras engessa o mercado do trabalho, só contribuindo para o aumento do desemprego.  Num excelente artigo para a Gazeta do Povo (aqui), o economista Rodrigo Constantino mostra que os EUA têm muito menos direitos trabalhistas do que o Brasil e o mercado de trabalho deles é muito mais dinâmico e eficiente do que o nosso.

A flexibilização das regras do mercado de trabalho, como ocorre nos EUA, permite o aumento da eficiência empresarial e a redução de custos para as empresas. Com isso, as empresas passam a investir, produzir e contratar mais, contribuindo positivamente para um círculo virtuoso entre crescimento da renda e geração de empregos. Por exemplo, a correlação entre menos intervenção estatal (menos interferência do estado nas regras de trabalho), com IDH (índice de desenvolvimento humano) é de 71%. Isso só mostra que, em média, países com mais livre mercado apresentam melhores condições de vida para a população.

Além da flexibilização das regras de trabalho, a reforma trabalhista prevê o fim do imposto sindical, um dos impostos mais perversos para o trabalhador brasileiro. Pergunto: qual é a contrapartida, o benefício que imposto sindical traz para o trabalhador? Qual? Arrisco dizer que nem trabalhador CLT esquerdista gosta de pagar o tal do imposto sindical.

Já em relação à reforma da previdência, sua aprovação é de fundamental importância para garantir a sustentabilidade do sistema  para as próximas gerações e ajustar as contas públicas do país, conforme argumentado em dois artigos para o InfoMoney (aqui) e (aqui). Em resumo, ou a  sociedade brasileira segue a tendência internacional e arca com um ônus agora para garantir a sobrevivência da previdência e das contas públicas, ou pagaremos futuramente com a queda do PIB e volta da inflação devido ao provável calote da dívida pública. Como a reforma da previdência originalmente prevê um tratamento igual entre o setor público e o privado (exceção aos servidores municipais e estaduais, infelizmente), não é nenhuma surpresa que as maiores resistência para a aprovação venham justamente dos setores que vivem do dinheiro estatal.

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Por fim, é um suicídio econômico e social ser contra tais reformas, propondo uma paralisação do país que apresentou, nos últimos 2 anos, queda acumulada de 7,50% do PIB e tem 13,2% da população desempregada.  Ser a favor da greve é torcer contra os mais pobres, contra o país, em nome da manutenção de uma minoria que vive de privilégios estatais. Ser a favor da greve é brincar de baleia azul na economia.

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Alan Ghani É economista, mestre e doutor em Finanças pela FEA-USP, com especialização na UTSA (University of Texas at San Antonio). Trabalhou como economista na MCM Consultores e hoje atua como consultor em finanças e economia e também como professor de pós-graduação, MBAs e treinamentos in company.

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