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Bernardinho e a difícil tarefa de mudar a si mesmo

Fiquei surpreso ao ver a entrevista de Bernardinho na qual ele disse que teve de mudar seu jeito de lidar com os atletas da seleção de vôlei para vencer. Segundo ele, esse grupo não reagia bem, quando ele se agitava muito e gritava, na ânsia de mexer com os brios e motivar os atletas a acertar.
Por  Silvio Celestino
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Fiquei surpreso ao ver a entrevista de Bernardinho na qual ele disse que teve de mudar seu jeito de lidar com os atletas da seleção de vôlei para vencer. Segundo ele, esse grupo não reagia bem, quando ele se agitava muito e gritava, na ânsia de mexer com os brios e motivar os atletas a acertar.

Não percebi tanto essa mudança, mas, de fato, para quem já se contundiu no banco de reservas em meio a um jogo, é notório que Bernardinho esteve menos agitado ao longo dos Jogos Olímpicos. Essa é uma competência dificílima de desenvolver em um líder: adaptação às circunstâncias e às pessoas de seu time para liderar de maneira eficaz.

Em geral, principalmente após um longo período de sucesso, um gerente acredita que encontrou a melhor maneira de ser com seu time, e que é ela a responsável exclusiva pelos resultados. Mas, em dado momento, as pessoas ou situações mudam e seu modo de agir não funciona. Ele insiste e o resultado é muita frustração, raiva e desorientação por não conseguir mais os resultados.

O líder não percebeu as mudanças e não teve capacidade de adaptação. Essas são as causas frequentes de insucessos gerenciais. Portanto, atenção às alterações no cenário da liderança. Conhecimento e autocontrole são fatores que devem ser levados em conta para a obtenção de resultados duradouros. Como aqueles obtidos por Bernardinho ao longo de décadas.

Em primeiro lugar, você deve aceitar e perceber que há elementos da realidade que você controla e outros, não. O resultado ocorrerá nessa tensão entre eles. A reação das pessoas ao seu jeito de ser é um exemplo de fator incontrolável. A partir dessa constatação, cabe a você decidir se trocará alguém do seu time, que é uma decisão difícil, se for a melhor pessoa da equipe, ou se alterará seu próprio comportamento.

As situações também são fatores incontroláveis. Por exemplo, um governo corrupto que lança o País em uma crise econômica, uma lei que gera novos custos ou uma tecnologia que coloca sua empresa em rota de extinção. O líder deve estar atento a tudo ao seu redor que represente uma mudança no contexto. E, é claro, isso vale para as oportunidades também. O problema, portanto, é a ingenuidade de achar que tudo se resolve do mesmo jeito. Líderes não podem ser ingênuos.

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Em segundo lugar, o gerente tem de se interessar pelas melhores maneiras de lidar com cada situação. Ser coercivo o tempo todo gera estresse na equipe no longo prazo, embora seja apropriado em momentos de crise e com funcionários problemáticos. Ser democrático ao tomar decisões é apropriado, quando se deseja maiores informações sobre a situação, mas demorado demais em momentos críticos. Enfim, há um meio de ser para cada momento, procure se informar a respeito das melhores práticas de liderança.

Por último, o gerente tem de saber adaptar-se. Não há atalhos para isso, e é admirável ver alguém como Bernardinho, um campeão, fazê-lo. Sem essa capacidade, você verá, por exemplo, líderes que esbravejam, falam alto e aos palavrões, na intenção de motivar sua equipe.

Entretanto, se esquecem de que isso gera muita adrenalina, que é ideal para quem precisa correr ou bater, mas inútil para quem ficará sentado por horas aguentando a pressão de clientes, chefes e funcionários. Na verdade, grande parte dos casos de síndrome do pânico e de ansiedade vem desse comportamento dos líderes.

Portanto, como gestor, faça o que for necessário para adaptar-se à situação e controlar-se: cursos de oratória, mentoria, coaching e, é claro, se for alguma dificuldade mais profunda, terapia. Não controlar emoções como raiva, frustração e tristeza pode ser um sinal de que você precisa de alguém habilitado para auxiliá-lo. Não confunda as coisas, não tente fazer coaching, quando você precisar de um psicólogo. Você é o líder de sua própria vida.

Embora não controlemos todas as situações, sempre podemos aceitá-las e integrá-las em nossas histórias e fazer o que for possível para que tenhamos sucesso. Na vida ou na liderança de pessoas, é importante que você alcance os resultados que deseja.

Somente crianças e adolescentes podem ser como desejam o tempo todo. Adultos se adaptam à situação, toleram frustrações e se comportam da melhor maneira possível para obter os resultados e ter o que desejam. O que Bernardinho fez foi admirável. E, mais uma vez, provou que um líder maduro deve sempre buscar seu autodesenvolvimento, para cumprir seus propósitos, ser um exemplo para os demais e vencer.

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Vamos em frente!

Silvio Celestino É coach de gerentes, diretores e CEOs desde 2002. Também atende a executivos que desejam assumir esses cargos. Possui certificação e experiência internacional em coaching. Foi executivo sênior de empresas nacionais e multinacionais na área de Tecnologia da Informação. Empreendedor desde 1994.

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