A carteira de fundos do Thiago Salomão

Chegou aquele momento do ano: a hora do bônus. E o Salomão resolveu contar o que vai fazer com o dinheiro dele.

Renato Santiago Thiago Salomão

(Gettyimage)

Publicidade

Texto originalmente enviado para os assinantes da newsletter do Stock Pickers neste sábado, 20 de fevereiro. Para recebê-la toda semana direto no seu e-mail, clique aqui

Fevereiro é o mês mais feliz do ano no Brasil. Em muitos lugares pode ser por causa do Carnaval, mas na Faria Lima o motivo é outro: é a temporada de bônus em muitas empresas, inclusive na você-sabe-qual.

Nestes momentos de grande liquidez as conversas nas mesas de bar reuniões de Zoom também mudam diametralmente de leves bate-papos sobre anedotas políticas, futebol ou Big Brother Brasil para um verdadeiro assédio sobre quem entende alguma coisa do assunto.

Continua depois da publicidade

“Estou pensando em entrar no fundo tal, o que você acha?” é uma frase muito comum. Certa vez, num almoço de fevereiro, testemunhei uma conversa assim entre o Thiago Salomão e um colega que já deixou a empresa. Foi assim:

—“Estou pensando em entrar no fundo tal, o que você acha?”, perguntou o colega.

— Por que você não entra em contato com um assessor de investimentos? Toma aqui o telefone do meu, disse o Salomão.

Continua depois da publicidade

Não é a resposta mais amistosa possível e confesso que achei até um pouco rude da parte dele (quem sou eu para achar alguém rude). Mas depois percebi que eu daria uma resposta mais atravessada ainda, na época de bônus as pessoas realmente não deixam em paz quem entenda algo de investimentos.

Mas o Salomão resolveu agir diferente agora. Não sei ele se mudou de ideia, se foi vencido pela insistência das pessoas ou se apenas está de muito bom humor. Fato é que, como a temporada do bônus chegou, ele se antecipou e resolveu mandar para nós a carteira de fundos dele, com todas as movimentações e o racional por causa de cada um deles.

Leia abaixo a carteira e perceba que ela é extremamente concentrada em renda variável. É o jeito dele. Só pense em fazer o mesmo se esse for seu perfil de investidor também. Isso é MUITO importante.

Publicidade

Alocação

Esta é uma parte da carteira que vai sofrer mudanças. Pedi para o Salomão a carteira inteira,  dele mas ele disse que não. Só quem for membro do Clube Stock Pickers vai poder ver a fotografia completa. Se você não sabe o que é o clube Stock Pickers, saiba mais aqui.

A lógica do movimento é aumentar a exposição a ativos internacionais, colocar alguma renda fixa e descorrelacionar mais os fundos. Vai ficar assim:

CARTEIRA Pré-PLR Pós-PLR Diferença
AÇÕES 60,1% 55,1% -5,0%
– Ações Brasil 52,7% 47,1% -5,5%
– Ações Globais 7,5% 8,0% 0,6%
MULTIMERCADOS 39,9% 38,8% -1,0%
– MM Total Return 12,0% 11,4% -0,7%
– MM Macro 17,2% 15,5% -1,7%
– MM Quants., Desorrel. 9,9% 11,3% 1,4%
RENDA FIXA 0% 6,0% 6,0%
– RF Internacional 0% 1,3% 1,3%
– RF Emergência 0% 4,7% 4,7%

Os fundos (clique nos nomes para saber mais)

Oaktree Global Credit
Tenho buscado ter mais dólar na minha carteira e estava zerado de renda fixa. Juntei o útil ao agradável: comprei cotas de um dos fundos da gestora do Howard Marks, que é uma das maiores especialistas do assunto no mundo, e, por ser internacional, tem a cota dolarizada. Não vai necessariamente “resolver o jogo”, mas como composição de carteira é excelente: muito metódico, evita erros, foca no que sabe.

Continua depois da publicidade

Se você ouve Stock Pickers não preciso explicar quem é o Howard Marks.

Squadra Long Biased
Fundo com longo histórico de resultados consistentes, baixíssimo turnover, busca investimentos fora do consenso, tem como CIO um dos maiores stock pickers do Brasil (Guilherme Aché). Ouça aqui o excelente episódio do Outliers, do Samuel Ponsoni, com Aché.

Gap Absoluto
No Coffee Stocks que eu fiz com o Felipe Relvas ele falou de dois fundos que definiu como “pouca mídia, muito retorno”, em alusão a “pouca mídia muito futebol”. Um dos fundos era o Gap Absoluto.

Publicidade

Encore (Long Biased e Long Only)
É o pote de ouro, que o Aché definiu na entrevista ao Outliers: gestores com excelente histórico mas que fundaram a gestora agora. Estão com sangue nos olhos e ainda possuem um capital relativamente pequeno sob gestão, o que permite navegar em outras ações que grandes gestores não conseguem. Dividi o investimento em dois terços no Long Biased e um terço no Long Only.

A Encore é a nova gestora de recursos do João Braga, que nós vimos nascer e fizemos esse documentário para contar a história.

JPMorgan China Equity Dolar
Mais um veículo de exposição internacional na carteira, junta-se ao MS Global Opportunities, Wellington Ventura Dólar e IP Atlas. Esse é focado em China, que tem tudo para ser o principal mercado desta década.

IP Value Hedge e Vista Hedge
Na caixinha de fundos multimercados, eu divido minha alocação em três mini caixas: macros, total return (que são fundos com mais exposição em bolsa, mas não tão grande quanto outros long biaseds) e quants ou descorrelacionados.

Incluí o IP Value Hedge pelo excelente histórico do fundo, que pertence a uma das gestoras mais longevas do Brasil, a IP (que fazia stock picking por aqui “quando tudo ainda era mato”).  É aquele fundo classicão fundamentalista, mas que sabe usar muito bem essa flexibilidade de tamanho de exposição em bolsa e atuação em outros mercados

Já o Vista Hedge em tese não era para entrar, pois já estou no limite das minhas posições em fundos multimercados macro, mas depois do episódio 81 que fizemos com o João Landau ficou difícil não virar cotista da casa. Além disso, eu não consigo resgatar nenhum dos fundos multimercados que tenho em carteira.

Estratégia quantitativa

O maior aumento de participação da minha carteira foi a estratégia quant/descorrelacionada: a indústria quant é bastante difundida nos Estados Unidos e ainda está crescendo no Brasil. Neste semestre aumentei exposição nos fundos da Giant Steps e Pandhora Essencial I.

Também incluí Systematica, que, além do longo histórico de resultado e de ser gerido pela Leda Braga (considerada a ‘rainha dos fundos quants’), é uma estratégia dolarizada, o que eu tenho aumentado cada vez dentro do meu portfólio. É um fundo HFT (high frequency trading), muito volátil. Opera basicamente ações líquidas e fica em busca de tendências: se acha que o mercado está eufórico ele vende, se acha que está pessimista, ele compra. Apesar de não ter tido uma performance boa nos últimos anos, vai para os players quants da minha carteira.

Absolute Alpha Global
Não é um fundo quant, mas eu o coloco na caixinha de fundos descorrelacionados, pelo resultado histórico que o Absolute Alpha Global tem em comparação com outros multimercados. Era uma das grandes assets multimercados do Brasil que eu namorava há muito tempo, mas ainda não tinha tido oportunidade de colocar em carteira.

Essa é apenas uma parte da carteira do Salomão – ao todo ele investe em mais de 30 fundos. Só quem fizer parte do Clube Stock Pickers vai poder ver a carteira inteira. O Clube será lançado nesta quinta-feira (25/fev) às 18h em uma live no nosso youtube, e você pode ver mais informações clicando aqui.

Vocês querem small caps?

Sabemos que o assunto small caps é um dos mais queridos por vocês, ouvintes. Por isso nesta semana trouxemos um cara que entende muito desse assunto: o Rafael Maisonnave, da Tarpon, que tem uma carteira mais alternativa que as bandas que eu escuto. Clique aqui para ouvir e conhecer a filosofia de investimentos e a carteira do Maisonnave.

IPOs depois da festa

Perguntamos no nosso Telegram sobre quais IPOs de 2020 deveríamos falar nos nossos Coffee & Stocks. Você escolheram e nós cumprimos:

Todos esses links de cima já foram enviados ao longo da semana no nosso telegram. Se quiser fazer parte, é só clicar aqui ou digite “stockpickersoficial” no seu telegram. É grátis!

Um abraço,

Renato Santiago
Fundador e apresentador do Stock Pickers

Renato Santiago

Renato Santiago é jornalista, coordenador de conteúdo e educação do InfoMoney